ALLAN PEREIRA
Da Redação
Moradores do bairro Novo Paraíso, na região norte de Cuiabá, apontam que Cleomar Martins Neres, morto em confronto com a Ronda Ostensivas Móveis (Rotam) na noite desta terça-feira (2), estava empregado e recebia fiéis evangélicos para grupo de oração.
De acordo com o boletim de ocorrência recebido pelo Midiajur, o suspeito é monitorado por tornozeleira eletrônica. Cleomar foi morto por uma equipe da Rotam que estava em treinamento. A polícia afirma que Cleomar "controlava" o tráfico de drogas no Novo Paraíso e tem passagens criminais pelo mesmo crime.
Para o Midiajur, o morador Luis Fernando de Araújo questiona a alegação da polícia de que Cleomar era traficante, já que ele vivia em um barraco junto a um matagal.
Leia mais:
Suspeito de controlar tráfico em bairro de Cuiabá morre em confronto com a Rotam
“A vizinhança sabe que ele não era traficante. Ele morava ali naquele barraco. Como um traficante vai morar no barraco? Ele era usuário, tinha tornozeleira e estava trabalhando com calha [em uma empresa do bairro]”, diz.
A mãe de Luis também falou com a reportagem e disse também não acreditar que Cleomar era traficante. “Acredito que poderia ser usuário ainda, mas não traficante. Eu tinha amizade com ele e orava direto com o grupo de oração”, disse.
Os dois moram em outro ponto do bairro, em área próxima de onde ocorreu a morte pelo confronto. Mas, próximo ao barraco, fica uma residência usada pela mãe de Luis para um grupo de oração. Mãe e filho acreditam que Cleomar foi executado, e não morto em um confronto pela polícia.
“Executaram ele e não tenho medo de falar isso”, avalia Luis.
Ele também questiona que Cleomar esteja com uma arma, já que ela não foi mostrada evidências de sua existência. Vizinhos do barraco contaram para Luis que ouviram quatro disparos. “Ele não merecia ser morto de forma tão brutal assim”.
De acordo com o boletim de ocorrência, a arma utilizada por Cleomar foi recolhida pela Politec para perícia, o que segundo a polícia teria impossibilitado a apreensão do armamento.
Os dois afirmaram também que Cleomar era uma pessoa tranquila e educada. Eles relatam que a morte deixou os vizinhos indignados e não sabem como será os procedimentos para o enterro de Cleomar, já que a mãe morreu dele morreu há alguns anos. Ele também não tem mais parentes na cidade.
A ocorrência
Segundo a Rotam, Cleomar teria sido apontado por um "morador do bairro", que teria parado uma viatura de uma equipe da Rotam, que está em estágio supervisionado para capacitação da força policial, denunciando uma grande movimentação de pessoas em suposta atividade de tráfico de drogas.
A equipe solicitou reforços, dirigiu a residência do suspeito no endereço indicado pelo morador e verificou a movimentação de usuários e traficantes, que fugiram com a presença da polícia, para uma região de mato.
Rafael Medeiros/Reprodução/Midiajur Montagem

Ao chegar aos fundos da casa, que não possui muro, o suspeito foi flagrado portando uma arma de fogo, de acordo com a narrativa do boletim policial. Segundo o relato dos policiais, Cleomar atirou contra eles antes que fosse dada ordem para se entregar. Houve confronto, e o traficante foi atingido no tórax.
O Samu foi acionado e confirmou a morte do suspeito. Apesar dos policiais da Rotam terem cercado a área, todos os demais suspeitos que vendiam ou compravam as drogas conseguiram fugir. O local foi isolado para perícia.
Na casa de Cleomar, os policiais encontraram porções de cocaína e maconha. O caso deve ser investigado.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.
Abolitio Criminis 04/05/2023
As câmeras na farda dos policiais não registraram nada? Só conferir as imagens.
1 comentários