THIAGO STOFEL
DA REDAÇÃO
De acordo com os números divulgados pela Secretária de Segurança Pública de Mato Grosso, os crimes de ameaça, perseguição e violência psicológica contra mulheres entre 18 a 59 anos, subiu 26% em 2024, se comparado ao ano de 2023, no Estado.
Em entrevista ao MidiaJur, titular da Delegacia da Mulher, de Cuiabá, a delegada Judá Marcondes explica o que esses crimes afetam a vida da mulher.
A autoridade policial explica que o aumento do registro de crimes de violência psicológica e ameaça se dá por conta da conscientização das mulheres dos seus direitos e seu papel a ser desempenhado na sociedade. Ela acredita que a mulheres estão percebendo que não precisam estar dentro de uma relação abusiva para obter uma validação social.
“Elas estão vendo que o conceito de família somente faz sentido se houver harmonia dentro da relação, estão notando que podem obter a independência financeira, e podem caminhar sozinha. Quando as políticas públicas são voltadas para ofertar esse suporte às mulheres, a rede de proteção funciona. Conscientização para neutralizar a dependência emocional e cursos profissionalizantes, empregabilidade, creches e escolas período integral”, relatou a delegada.
Em seguida, Judá explica que a importância de falar sobre este crime, já que ele possuiu impacto profundo na vida das vítimas, podendo arruinar toda vida social, profissional e familiar. Por conta disso, ela destaca a importância de a mulher procurar a delegacia e registrar um boletim de ocorrência, para que busque os meios de se defender.
“Quando a mulher está sofrendo violência doméstica (física, moral, psicológica, sexual, patrimonial), ao menor sinal de violência, deve procurar a polícia civil. A polícia civil registra boletim de ocorrência, elabora o pedido de medidas protetivas, a qual proíbe o agressor de se aproximar, e de se comunicar com a vítima, familiares e testemunhas, pede-se a suspensão do direito de posse de arma, suspensão de venda de bens em comum, restituição de bens apropriados, entre outras medidas cautelares. Nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres e Rondonópolis, quando a mulher solicita a medida protetiva, há o dispositivo do botão do pânico, o qual será disponibilizado, quando a medida protetiva é deferida”.
Após o acionamento da polícia a Patrulha Maria da Penha é acionada para visitar a vítima. Caso a mulher esteja em situação de vulnerabilidade socioeconômica poderá receber o auxílio-moradia do programa “Ser família mulher”.
“Em Cuiabá, a polícia civil encaminha as mulheres com problemas psicológicos e psiquiátrico ao hospital municipal para terapia continuada. Se a mulher não tiver onde morar ou estiver correndo risco de vida, a polícia civil encaminha para Casa de Amparo. A polícia civil possui parceria com TRT e encaminha vítimas desempregadas para empresas parceiras que as empregam. Estes dispositivos são despertados para proteger a mulher e ajudá-la a romper o ciclo de violência”.
A delegada ainda fala sobre o fato de as vítimas não desmerecerem a violência que seus ex-companheiros podem causar, já que em alguns casos, elas não acreditam que eles não serão capazes de fazer algum mal maior, como o assassinato.
“O cerne da questão está na objetificação da mulher, em que este agressor munido de pensamentos machistas, desconsidera a vontade da vítima, não aceita o fim da relação, e aniquila a mulher, despe-a de toda humanidade, reduzindo-lhe a objeto. O sinal de um homem agressor é o controle e ciúmes excessivo, as palavras e manipulação para isolar a vítima de seus amigos e familiares e para diminuir a autoestima desta mulher. Deve-se sempre perguntar: após me relacionar com esse homem, me sinto menos apta a executar meus projetos? Deixei de fazer coisas que me davam prazer? Dentre outras questões”.
Por fim, a delegada destaca a importante de difundir a conscientização da violência psicológica para que as mulheres consigam identificar a violência e romper o ciclo antes que fiquem aprisionadas no relacionamento abusivo.
Em 2023 foi realizada uma pesquisa com as mulheres que foram atendidas na delegacia da mulher de Cuiabá, e constatou que 84$ delas estavam com problemas psicológicos.
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