CECÍLIA NOBRE
DA REDAÇÃO
O produtor rural Aníbal Manoel Laurindo foi indiciado pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) como mandante do assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em dezembro de 2023. A esposa dele, Elenice Ballarotti Laurindo, que chegou a ser tratada como investigada, não foi indiciada por falta de elementos probatórios que a ligassem ao crime.
Aníbal responderá pelo crime de homicídio qualificado, mediante pagamento e promessa de recompensa, além de emboscada. "Falo com 101% de certeza, na fase de inquérito, de que foi Anibal quem mandou matar o advogado Roberto Zampieri", assegurou o delegado.
O motivo do crime é uma disputa por uma área de R$ 100 milhões em Paranatinga, em que Zampieri atuava contra Aníbal e seus familiares. "Nesse processo cível, as datas são muito coincidentes. Mas, no celular do coronel Caçadini nós encontramos imagens dessa ação cível, dessa disputa em específico", colocou o delegado.
Nilson Farias contou que uma das "coincidências" que levaram a descobrir o mandante do crime está de que, no processo cível da disputa pela fazenda, o advogado morto entrou com pedido de produção de provas e, neste mesmo dia, foi tirada uma foto com o endereço do escritório do advogado. As imagens foram encontradas no celular do coronel Etevaldo Luiz Caçadini.
"São 'enes' situações, fora ligações e tudo mais. Então, assim, realmente está concatenado", frisou o delegado.
Segundo Nilson, Zampieri ganhou uma ação contra o irmão de Aníbal, de nome Wanderley, em relação a reintegração de posse de uma fazenda. Em seguida, ele passou executar a fazenda de Aníbal, que é ao lado, "como se fosse uma só". "Lá atrás, quando um dos executores no áudio fala com sotaque italiano que 'meu irmão já perdeu e eu não vou perder'. Agora tudo se encaixa, porque Aníbal tem sotaque sulista", acrescentou.
Em relação ao não indiciamento de Elenice, o delegado pontuou que os elementos colhidos apontam que ela não teve participação ou sequer conhecimento dos planos do marido em ceifar a vida do advogado. Farias frisou que toda a trama foi planejada e organizada por Aníbal Laurindo.
"Demonstra que ele tem o domínio de decisões na casa. Durante mandados de busca e apreensão ficou bem demonstrado isso", garantiu o delegado, destacando que a única citação da esposa está uma transferência bancária. "Mas, por ser marido dela, obviamente ele tem esse controle. Não teve elementos a mais, trabalhamos apenas com elementos técnicos porque eles ficaram em silêncio", explicou o delegado.
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PROXIMIDADE POLÍTICA
Ao decidir mandar matar Zampieri, Aníbal Laurindo procurou o coronel reformado do Exército, Etevaldo Luiz Caçadini. Eles se aproximaram e fizeram amizade em meio aos protestos anti-democráticos de 2022, após a derrota de Jair Bolsonaro para a presidência da República.
"O Etevaldo Caçadini foi em Minas Gerais e fez o contato com os executores, figurando como intermediário. O mandante não teve contato com os executores, apenas o intermediário", detalhou o delegado.
Farias explicou que na fase investigativa chegou a pedir a prisão de Aníbal Laurindo, mas foi determinado o uso de tornozeleira eletrônica por conta da idade avançada do mandante. "Mas nada impede que na fase processual, seja feito ou deferido novo pedido de prisão".
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