ALLAN PEREIRA E LÁZARO THOR
Da Redação
O autor da chacina que matou sete pessoas em um bar de Sinop, o suspeito Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, possui certificado de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) desde março do ano passado.
Conforme a apuração do MidiaJur, o certificado foi obtido cerca de dois anos depois de Edgar ser denunciado pela ex-companheira por suposta prática de ameaça e lesão corporal, em 2019.
Um dos documentos que uma pessoa precisa ter para obter o certificado CAC é uma declaração de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, segundo as Forças Armadas. Apesar de ser denunciado, o inquérito contra Edgar foi arquivado no mesmo ano. Isso permitiu que o suspeito conseguisse obter o documento para ter as armas.
Além de denunciar Edgar por suposta violência doméstica, a ex-companheira pediu medida protetiva.
Poucos meses depois, a mulher pediu para retirar as medidas protetivas, o que também pode ter favorecido Edgar a obter certificado CAC.
No boletim de ocorrência que a reportagem do MidiaJur teve acesso, a ex-companheira relata que sofria ameaças constantes de morte e que já estava separada dele desde 2018. Eles têm um filho, que tem mais de 5 anos atualmente.
"Quando eram casados, por diverses vezes, ele a agrediu verbalmente e fisicamente, inclusive foi enforcada. Com medo do comportamento dele, pois ela disse que iria entrar na Justiça para fazer a separação, ele disse que iria acabar com a vida dela. Dessa forma, veio a esta delegacia para fazer BO", narra o escrivão que registrou a ocorrência.
Suspeito exibia armas obtidas com certificado CAC em redes sociais
A pistola e a espingarda usadas para matar as vítimas no bar pertencem a Edgar, que é filiado a um clube de tiros em Alta Floresta. É ele quem realiza o primeiro disparo contra o dono do bar, o empresário Maciel Bruno de Andrade Costa, de 36 anos. Ele também atira contra a pré-adolescente Larissa Frazão de Almeida, de 12.
Nas redes sociais, o suspeito se exibia em treinamento de tiros. Ele fechou os perfis depois da repercussão da chacina. A reportagem do RD News conseguiu salvar alguns dos vídeos que ficaram privados por Edgar - veja abaixo.
Empresário suspeito de chacina é CAC e ostentava armas nas redes sociais
— RDNews (@_rdnews) February 22, 2023
leia: https://t.co/wu5QiJkC1N pic.twitter.com/mowycACwqU
Empresário suspeito de chacina é CAC e ostentava armas nas redes sociais
— RDNews (@_rdnews) February 22, 2023
leia; https://t.co/UEtpB3d5T5 pic.twitter.com/ErqX9hFCvp
Foi a partir da informação de que Edgar era CAC que o ministro da Justiça, Flávio Dino, comentou sobre a chacina em suas redes sociais e criticou a política armamentista do ex-presidente Jair Bolsonaro nos últimos quatro anos.
“Mais sete homicídios brutais. Mais um resultado trágico da irresponsável política armamentista que levou à proliferação de ‘clubes de tiro’, supostamente destinados a ‘pessoas de bem’ (como alega a extrema-direita’”, escreveu o ministro.
Em nota, a Federação de Tiro de Mato Grosso, que representa alguns casas de tiros, aponta que Edgar foi filiado a um clube na cidade de Sinop, mas foi desfiliado por falta de frequência no local.
"Salientamos ainda que ambos nunca estiveram presentes em nenhum evento organizado por esta Federação e não podem ser taxados como atiradores esportivos, como vem sendo veiculado por alguns órgãos de imprensa", destaca.
A Federação termina a nota lamentando as mortes, se solidariazando com as famílias das vítimas e reafirmando para que a imprensa não trate os suspeitos como atiradores esportivos.
Comparsa era foragido da Justiça
Antes da chacina, Ezequias já era tido como foragido da Justiça. Ele tem um mandado de prisão em aberto, desde 2020, na área cível. O suspeito foi morto alvejado em confronto com o Batalhão de Operações Especiais, na tarde desta quarta-feira (22), a cerca de 15 km da cidade de Sinop.
A reportagem do MidiaJur conseguiu apurar que o mandado está vinculado a uma ação, que está em segredo de justiça, em trâmite na Vara Especializada de Família e Sucessões de Sinop - o que pode sugerir que a pendência judicial esteja relacionada à herança.
Além disso, o suspeito também responde por porte ilegal de arma de fogo, roubo, formação de quadrilha, lesão corporal e ameaça.
A chacina
A chacina ocorreu devido a um suposto motivo fútil - os dois homens perderam um jogo de sinuca com uma aposta expressiva em dinheiro. O grupo de homens, alguns deles vítimas dos suspeitos, começaram a zombar deles. Eles foram em casa, pegaram uma espingarda e retornaram ao bar.
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que os dois suspeitos chegam em uma caminhonete cinza, cercam as vítimas em um canto do bar e começam a disparar.
Em seguida, eles fogem na mesma caminhonete. Um dos suspeitos pegou o dinheiro da aposta perdida que estava na mesa de sinuca.
A caminhonete usada na fuga foi localizada por volta das 9h desta quarta-feira (22), no bairro Gente Feliz, dentro de Sinop. A espingarda calibre 12 usada no crime e diversas munições também foram encontradas dentro do veículo
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Sérgio Bobinho 23/02/2023
Ei Sérgio, foi exatamente o que aconteceu: ele conseguiu ser CAC, apesar dos problemas na Justiça. pARECE que não sabe ler
Sérgio Siqueira 23/02/2023
O título da reportagem é tendenciosa! Passa a impressão que ele conseguiu ser CAC, apesar de ter problemas na justiça!.
2 comentários