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ESPECIAL Domingo, 05 de Setembro de 2021, 09:11 - A | A

05 de Setembro de 2021, 09h:11 - A | A

ESPECIAL / A PANDEMIA NÃO ACABOU

"Quem não se vacina deveria assinar termo de compromisso"

Gilberto Figueiredo classificou que o momento é "menos desconfortável", mas inspira cuidados

MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação



Quem se recusa a tomar a vacina contra a Covid-19 deveria assinar um termo de compromisso e assumir possíveis danos por isso.

A opinião é do secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, e foi dada em entrevista exclusiva ao MidiaJur.

Depois de mais de um ano e meio de pandemia e com a redução no número de mortes diárias e de internações, o secretário defendeu a aplicação das vacinas, que têm quatro tipos distribuídoss pelo Plano Nacional de Imunização (PNI): Coronavac, Astrazeneca, Pfizer e Janssen.

Gilberto afirmou que é preciso assegurar a segurança da coletividade em relação às liberdades individuais, no caso daqueles que escolhem não se vacinar.

O secretário reiterou que o Governo do Estado estuda medidas com relação aos servidores públicos e também a prédios sob sua administração, como o impedimento para quem não tiver comprovação de imunização.

Ele ainda disse não ver abuso nas medidas de prefeitos como José Carlos do Pátio (SD), que restringiu o acesso de pessoas não imunizadas ao comércio de Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá).

Veja os principais trechos da entrevista:

MidiaJur – Nós temos uma situação atual com queda nas ocupações nos leitos de UTI, redução no número de mortes. Estamos em um momento mais tranquilo da pandemia?

Gilberto Figueiredo - É um momento menos desconfortável porque, em plena pandemia, continua sendo desconfortável. Em média, nós temos diariamente em torno de mil casos de infecção acontecendo no Estado. Com o avanço da vacinação, essa é a tendência que sempre foi esperada: à medida que você vai imunizando a população, você vai quebrando a cadeia de transmissão. Ela não é extirpada em um primeiro momento, mas os casos que vão acontecendo acabam exigindo menos internação, porque as pessoas, de alguma maneira, adquirem uma imunidade, o que demonstra a eficácia das vacinas. E, mesmo quando são acometidas pela doença, o percentual daqueles que demanda hospitalização é muito pequeno. Por isso, a queda na hospitalização.

Veja que essa queda é bem mais acentuada que no número de casos. Isso mostra também que há prevalência grande, muita gente transmitindo e infectado.

Então, ainda não atingimos uma imunidade de rebanho, que poderia de certa forma ter um blackout na transmissão do vírus.

Secom-MT

Gilberto Figueiredo 1

"Ainda não atingimos uma imunidade de rebanho, que poderia de certa forma ter um blackout na transmissão do vírus"

MidiaJur - Mesmo com esse momento de pandemia mais branda, ainda se fala na possibilidade de novos picos, em especial por causa das variantes do coronavírus que têm surgido. Como se preparar para isso, na medida em que se está desmontado parte da estrutura?

Gilberto Figueiredo - Nós já temos taxa de ocupação abaixo de 50%. Significa dizer que, no mínimo, 50% da estrutura que foi montada para atender pacientes exclusivos para Covid estão vazias, e com alto custo. A possibilidade de vir a ter um incremento, surgir uma variante que possa acentuar de forma grave o número de casos, ela existe. Nunca vai ser 100% de garantia.

Mas essa tendência está acontecendo no país todo. A variante Delta, em que pese ter uma capacidade maior de transmissão, ela não tem sido significativa para ensejar crescimento da hospitalização. E, quando falamos de desativação de leitos, estamos falando disso com segurança: desativar um número de leitos que não gerem uma instabilidade no sistema.

Estamos retirando desse contexto número de leitos que são importantes para nós. Precisamos deles para internação de outras enfermidades, precisamos para começar a incorporar o programa de cirurgias eletivas, e manteremos uma taxa de ocupação na ordem de 60% ou 65% que é, de certa forma, confortável para a demanda existente.

Vamos acabar tendo que centralizar esses leitos cada vez mais, para que o paciente que demandar um leito de UTI vá para um hospital. Continuará sendo o Hospital Metropolitano 100% dedicado à Covid.

Agora, o custo é alto para você manter 10 leitos funcionando em regiões que têm demandado um ou dois pacientes, a exemplo de Colíder e Sorriso, onde, recentemente, inauguramos instalações que eram para pacientes de Covid, mas, nos dias da inauguração, não tinha um único paciente internado em enfermaria ou UTI.

Vamos deixar essas instalações paradas e não avançar naquilo que é o programa de cirurgias eletivas? Então, essa nossa reengenharia está sendo feita com prudência. Mas, caso venha surgir... Eu sou otimista, espero que não aconteça... Mas, se tiver incremento substancial com nova variante e coisas desse tipo, aí nós vamos ter que repensar, retroagir, voltar a ampliar número de leitos como fizemos nos períodos no auge da epidemia no Estado.

MidiaJur - Ainda sobre os equipamentos... Recentemente, houve uma ação na Justiça, julgada improcedente, questionando respiradores comprados pelo Estado, que seriam inadequados. Gostaria que o senhor explicasse como foi feita essa compra e são os equipamentos corretos mesmo?

Gilberto Figueiredo - É um assunto requentado, não é recente. Isso começou a ser discutido lá atrás, quando fizemos as aquisições, e lá, na mesma época, demos publicidade aos pareceres técnicos que foram feitos por profissionais que atuam, médicos, infectologistas, fisioterapeutas... de renome, que atestaram... nos orientaram tanto antes das aquisições quanto depois, com eles em funcionamento.

Sempre tem alguém querendo macular alguma aquisição feita pelo Governo do Estado, por algum interesse político. Nós explicamos naquela época, explicamos de novo agora, e esse é assunto que, na nossa pauta, está superado. Se tem alguém que entende que o equipamento não é apropriado, ele precisa provar. Não pode sair por aí fazendo fake news.

MidiaJur - O número de mortes e hospitalizações vem caindo, mas a taxa de infecções segue em números altos. A que se deve isso? Somente à vacinação?

Gilberto Figueiredo - É um conjunto de medidas. Entre as condicionantes que favorecem isso, não há dúvida de que está a ampliação da cobertura vacinal.

Nós já disponibilizamos doses de vacina para 86% de toda a população vacinável. Estamos a 14% de fechar toda a população vacinável acima dos 17 anos.

Isso já é uma cobertura significativa com primeira dose. Estamos nos aproximando de 40% da população com primeira e segunda dose, ou dose única. A prova de que a vacina é eficiente é que nós tivemos, e temos dados disso, um decréscimo disso logo no início da campanha vacinal no público de maior idade e os indígenas. Fez assim (apontando para baixo), e aí começou a ter mais ocorrências na população um pouco mais jovem.

Secom-MT

Gilberto Figueiredo 2

"Sempre tem alguém querendo macular alguma aquisição feita pelo Governo do Estado, por algum interesse político"

Eu não tenho dúvidas de que a vacinação é o carro-chefe dessa queda. Porém, a população aderindo e mantendo esse costume das medidas de biossegurança, não farmacológicas, como é o uso da máscara, os decretos de contenção dos eventos que inibem aglomeração das pessoas, higienização das mãos, enfim... Já dá para notar que a população, mesmo os imunizados, tem um certo receio de conversar muito próximo e tal. Esse conjunto ajuda nisso, mas é a vacinação que é o principal condutor dessa queda substancial.

MidiaJur - O Ministério da Saúde já confirmou que deve enviar novas doses para reforço de terceira dose de alguns grupos mais vulneráveis. Como isso está sendo preparado, e muda de alguma forma a estratégia de vacinação do Estado?

Gilberto Figueiredo - Não muda a estratégia. É importante, se há estudos científicos que mostram que na população mais idosa e nos imunossuprimidos, que a vacina tenha ao longo do tempo uma perda de imunidade, então se requer fortalecer esse grupo que seria o mais vulnerável. Os estudos estão identificando, o que não significa dizer que já se sabe ou se tem certeza que toda a população vá tomar uma terceira dose.

Mas, neste momento, se pretende fortalecer esse grupo. Já é uma decisão tomada, isso vai acontecer, provavelmente, a partir da segunda quinzena de setembro. Mas, até o momento, o ministério ainda não enviou vacinas, doses, para aplicar para esse público, e também não enviou as vacinas, que também acreditamos que chegue na segunda quinzena deste mês, para o público de 12 a 17 anos.

MidiaJur - Além desse reforço aos mais vulneráveis, alguns estudos já apontam para a necessidade de novas doses no ano que vem para quem já se vacinou, um reforço. Apesar disso, o orçamento do Governo Federal foi reduzido para a compra de vacinas da Covid-19 em 2022. Como o senhor vê isso? O Estado chegou a negociar vacinas, mas não comprou em 2021... Isso poderia ser feito no ano que vem?

Giilberto Figueiredo - É sempre preocupante para quem é gestor da Saúde a redução do orçamento em uma área tão importante. Não vejo com bons olhos isso. Mas nós também não tínhamos no orçamento de Estados, Municípios e da própria Federação para aquilo que já aconteceu, foram aprovadas dotações suplementares. Então, essa questão do orçamento não é garantia absoluta de ter ou não ter as providências tomadas.

Em que pese isso, nós não pretendemos, a curto prazo, fazer aquisição de vacina... E respeitar o Plano Nacional de Imunização. Se necessário for, se no ano que vem tiver uma contingência que nos obrigue a fazer a aquisição, o Estado de Mato Grosso tem condições e vai fazer isso. Mas, no momento, nossas pretensões são de seguir o PNI, é o maior e único provedor, o Ministério da Saúde, para todas as vacinas, não especificamente só essa.

MidiaJur - A vacina da Covid-19 deve ser algo recorrente, então?

Gilberto Figueiredo - Como é uma doença nova... a vacina foi recorde mundial no tempo de desenvolvimento, é algo para ser aplaudido. Mas os estudos ainda estão sendo intensificados a respeito da eficácia, do tempo de eficácia que tem uma vacina dessa, por quanto tempo... Se é uma imunidade definitiva ou não, até para quem não tomou a vacina, mas adquiriu imunidade pela própria contaminação, se ela é uma imunidade mais perene. Não se sabe por quanto tempo, e os estudos é que vão demonstrar isso.

A gente imagina que sim, que deve ser uma vacina que vai entrar no calendário nacional, como tem a influenza e outras vacinas. Mas, ainda é cedo para assegurar essa afirmação, porque não existe estudo finalístico a respeito disso.

MidiaJur – Muito se fala sobre a “Covid longa”, sobre os efeitos a longo prazo para quem teve a doença. O Estado planeja ações, via SUS, para tratar dessas sequelas?

Gilberto Figueiredo - Estamos desenhando isso extraoficialmente. Principalmente, nas nossas unidades hospitalares. Estamos pensando em um serviço pós-Covid, que é de recuperação, reabilitação, fisioterapia, porque os estudos mostram que a Covid gera, no mínimo, a possibilidade de 50 sequelas. E isso varia de pessoa para pessoa, de organismo para organismo.

Isso vai requerer por parte do SUS, da assistência em todo o país, serviços para cuidar disso também. Eu acredito que por muito tempo o país ainda vai ter que investir na prevenção, mas também no atendimento às pessoas que acabam sendo sequeladas por essa doença.

MidiaJur - O Estado tem estudado implantar medidas para obrigar a vacinação dos servidores públicos. É necessário tomar uma medida dura desse tipo? Há risco para o interesse público quando as pessoas não se vacinam?

Gilberto Figueiredo - É lamentável que se precise pensar em decisões dessa natureza que possam obrigar o cidadão a ter o espírito um tanto mais coletivo. Como inexiste lei que obrigue a tomar a vacina, além dos 18 anos, não existe nenhuma lei que torna obrigatório, então há de se pensar em mecanismos de contenção daquelas pessoas que não estão imunizadas, mas que podem acabar contaminando outras pessoas.

No Governo do Estado, nós estamos estudando isso, porque é uma relação muito direta de como se comportar no ambiente laboral, onde estão os servidores públicos para uma garantia coletiva de saúde pública. E analisamos também se iremos criar algum mecanismo de contenção em ambientes públicos, seja para atendimento ao público, seja no caso dos eventos... talvez o único bem público que tenha participação numerosa de pessoas que é a Arena Pantanal. Então, o Governo discute isso.

Não discute criar limitações em territórios que os prefeitos têm seu domínio e podem tomar essas decisões como o impedimento de pessoas no comércio, em shoppings e etc. E no campo privado as empresas têm autonomia para tomar medidas internas. Nós estamos analisando. É um desconforto ter servidor que está dentro de uma secretaria que se recusa a vacinar e coloca em risco a vida de todo mundo.

Secom-MT

Gilberto Figueiredo 3

"Todos, nesse momento, deveriam, inclusive, assinar um termo de compromisso assumindo a responsabilidade pela decisão que tomaram"

MidiaJur - Há municípios que obrigam a população a apresentar o cartão de vacinação no comércio e outras atividades. Como o senhor vê isso? Não há um exagero por parte dos gestores?

Gilberto Figueiredo - Se por um lado é direito do cidadão se recusar a tomar a vacina, por outro é direito da população se resguardar. Não querer conviver com alguém que não tomou a vacina também é um direito. Eu acho legítimo que os gestores possam adotar medidas dessa natureza. Se o cidadão se recusa a vacinar, então ele vai viver isoladamente, porque infelizmente nós vivemos em comunidade, as pessoas não vivem isoladas. Se a pessoa quer fazer uma opção dessa, ela precisa dar garantia de que ela não vai levar risco para as outras pessoas. E aí eu acho que é legítimo as autoridades municipais adotarem essas medidas em seu território, em defesa do interesse coletivo da população.

MidiaJur – O senhor teve um caso grave de Covid-19, com internação. O que o senhor diria para essas pessoas que recusam a vacinação?

Gilberto Figueiredo - Nós chegamos até aqui, muito claramente, pelo advento da vacina. Com raras exceções, a população inteira que chega a uma idade como a minha, chegou até aqui porque tinha vacina prevenindo doenças que até a década de 1940 ceifavam as vidas das pessoas e nós não tínhamos expectativa de vida além dos 50 anos. Qualquer um que for estudar vai analisar isso.

Hoje as pessoas estão chegando a 90, 100 anos, graças às vacinas que nós nunca nos preocupamos qual era a marca, como ela era produzida. Essa politização exagerada da vacina da Covid está fazendo com que as pessoas se tornem céticas quanto a isso. Mas todos os dias nós temos eventos que demonstram que mais de 95% dos óbitos que acontecem hoje é em uma pessoa que não tomou a vacina.

Alguma pessoa que toma vai a óbito? Vai, porque ela iria a óbito por outras doenças também, então não se pode contabilizar todos os óbitos de pessoas que tomaram vacinas como se fosse culpa da Covid. Mas o que eu digo para essas pessoas é que alguns minutos fazem a diferença na vida deles. E na vida dos que estão em seu entorno.

Essa decisão egoísta, sem olhar para quem está do lado, para o pai, para a mãe, para os amigos, para a coletividade, é lamentável. Eu continuo dizendo que, se não for pela vontade individual, ela precisa prevalecer pela vontade coletiva. Todos, nesse momento, deveriam, inclusive, assinar um termo de compromisso assumindo a responsabilidade pela decisão que tomaram.

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