LUCAS RODRIGUES
ESPECIAL PARA O MIDIAJUR
A advogada Cláudia Aquino, vice-presidente na Chapa 1, encabeçada por Maurício Aude, na disputa pelo comando da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Mato Grosso, disse que sua decisão em apoiar o grupo da situação foi motivada, além da maior confiança e simpatia pelo grupo de Aude, também, pelo que considera “falta de coerência” das chapas de oposição. Claúdia diz que não se sentiria bem representada em uma chapa composta por pessoas que mantém, ou mantiveram, atritos e divergências pessoais e que até já se acusaram mutuamente de uma série de coisas.
“As divergências podem sim existir, até porque toda unanimidade é burra. Mas as divergências que ocorreram vão muito além disso. Houveram conflitos e críticas envolvendo o caráter de cada um deles. Um criticou o outro e, de repente, todo mundo já diz que possui a mesma postura. Eu entendo que, caso vencessem a eleição essas divergências voltaria, à tona e prejudicariam qualquer tentativa de se levar avante uma boa gestão”, afirma Cláudia.
A candidata a vice, que atua como advogada do ramo empresarial há mais de 10 anos e preside a Comissão do Direito do Trabalho na atual gestão, disse ter se sentido surpresa e lisonjeada pelo convite de concorrer à vice-presidência na chapa da situação. Para ela, a nomeação foi resultado da valorização de seu trabalho como profissional e militante.
“Foi uma surpresa, mas uma surpresa muito positiva. Eu estou apoiando a campanha do Maurício Aude desde o começo. Conheço ele há muitos anos, antes mesmo de ser advogada”.
Na entrevista especial da semana, Cláudia Aquino fala das suas propostas, seu trabalho a frente da Comissão do Direito do Trabalho, as deficiências da categoria no Estado e rebate críticas da oposição contra Maurício Aude.
Confira a entrevista na íntegra:
MidiaJur – Como aconteceu sua entrada no grupo de Maurício Aude?
Cláudia – Desde que me formei, presto serviços para a OAB. Sempre participei do Tribunal de Ética, como advogada assistente, e prestei este serviço durante seis anos, estando ativa na Ordem. Nessa última gestão, tive a oportunidade de ser presidente da Comissão do Direito do Trabalho e, pelos serviços que prestei, meu nome veio naturalmente para o cargo de vice-presidente do Aude. Fiquei bastante lisonjeada por este reconhecimento do meu trabalho, tanto por causa da minha carreira, como pela minha militância em prol do advogado
MidiaJur – Chegou a ser uma surpresa esse convite?
Cláudia – Sim, foi uma surpresa, mas uma surpresa muito positiva. Eu estou apoiando a campanha do Maurício Aude desde o começo. Conheço ele há muitos anos, antes mesmo de ser advogada. Inclusive ele foi o advogado que atuou em meu divórcio (risos), e foi extremamente eficaz, profissional e, a partir daí, já comecei a conhecer melhor seu caráter, sua postura, credibilidade e responsabilidade.
MidiaJur – Como a senhora pretende contribuir como vice-presidente, em caso de vitória da Chapa 1?
Cláudia – Estou do lado do Aude para somar e efetivar todas estas propostas que foram construídas e as que estamos prontos para planejar. Eu entendo que esse momento de campanha é um momento em que temos mais contato com nossos colegas e podemos ouvi-los, compreender melhor quais são as necessidades da classe, as maiores reivindicações e isso nos ajuda para construir as propostas. Nossas propostas não são fechadas, estamos sempre abertos a ouvir e engajar as sugestões de melhorias para a categoria.
MidiaJur – As três candidaturas que concorrem à diretoria da Ordem citam muito o espaço que querem promover para a mulher advogada dentro da OAB. Como a senhora pensa em trabalhar para aumentar a representatividade e importância da mulher dentro da entidade?
Cláudia – A participação da mulher dentro da OAB já é bastante efetiva. O que precisamos é estar divulgando isso cada vez mais para que haja um trabalho de arregimentar o maior número de advogadas para que elas venham prestar serviço à Ordem. Já existem várias mulheres em cargos importantes dentro da OAB e agora com a oportunidade de concorrer a vice-presidência já estamos tendo um grande avanço, com uma voz feminina para contribuir nas direções que a instituição deve ou não tomar. Temos conselheiras estaduais na atual gestão, uma conselheira federal, temos também mais conselheiras para a próxima gestão, várias presidentes de comissões muito atuantes, que prestam serviços importantes para a sociedade. Existe sim uma participação ativa das mulheres dentro da Ordem e queremos continuar arregimentando mulheres para dentro da entidade.
MidiaJur - A senhora é a atual presidente da Comissão do Direito do Trabalho. Quais ações realizadas em sua gestão foram importantes para a categoria e a sociedade?
Cláudia – Nós tivemos uma atuação fundamental para a classe, que foi nosso relacionamento com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Foi uma parceria muito grande da OAB com o TRT. Já conseguimos para o próximo ano a extensão de mais sete dias do recesso, que são as tão sonhadas férias dos advogados, pois ainda não existe um respaldo legal para que nós tenhamos férias. Fizemos este pedido ao tribunal e com os quinze dias de recesso somados a estes sete dias, teremos 23 dias de descanso, onde não teremos audiências, não correrão os prazos, não seremos intimados nem em Primeira nem em Segunda Instância. Esse foi um grande mérito do nosso trabalho em parceria com o TRT. Também houve um grande trabalho em relação ao PJe (Processo Judicial Eletrônico). Estivemos o tempo todo dando apoio, resolvendo os problemas que surgiam, pois naturalmente é complicada essa fase de adaptação ao que é novo. Firmamos parceria para fornecer cursos aos advogados, com o advogado sendo subsidiado pela OAB, pagando 50% do valor do curso. Temos um funcionário para dar assistência ao advogado que tem dificuldades com o sistema. Foram várias ações que conseguimos desenvolver com êxito.
MidiaJur – Como presidente da Comissão do Direito do Trabalho, a senhora tem diversos apoios nesta área. Luciana Serafim, ex-candidata e hoje integrante da chapa do José Moreno, também é um nome forte entre os advogados trabalhistas. A senhora acredita que o seu nome pode angariar votos para o Aude entre os advogados da área?
Cláudia – Os apoios são divididos, mas eu entendo que nós temos muito apoio. Nos arrastões que temos feito e com o contato que temos com os colegas, posso dizer que temos um grande número de apoiadores. Sinto que a receptividade é muito grande e não vi qualquer tipo de rejeição ao meu nome dentre os colegas que atuam na área trabalhista.
MidiaJur – É a primeira vez que a senhora participa de processo eleitoral na OAB como integrante de chapa. Teve algum tipo de decepção na forma como é conduzida a campanha, nas articulações e no “jogo eleitoral” ?
Cláudia – Muito pelo contrário. Eu vi que a formação do grupo do Aude é feito de forma democrática, foi procurado contemplar todas as pessoas que realmente estiveram engajadas e prestando serviços pela Ordem. Eu fiquei muito feliz de poder participar e ver como são formados os grupos, de maneira diplomática, respeitosa e a forma como o Maurício conduz todo este processo.
MidiaJur – Como a senhora avalia o nível de campanha entre os grupos que concorrem à diretoria da Ordem?
Cláudia – Acho que todos os grupos têm de ter em mente que a campanha é para os advogados e devemos manter um nível alto de discussão. Os nossos eleitores são gabaritados, graduados e merecem todo o nosso respeito. A nossa campanha é propositiva, de propostas e não de ataques.
MidiaJur – A oposição faz diversas críticas quanto a uma suposta falta de transparência na OAB de Mato Grosso. Como a senhora analisa a atual gestão nesse quesito e o que pretende propor de melhorias?
Cláudia – Eu avalio que não existe falta de transparência na Ordem. É uma crítica sem fundamento. Todo o trabalho da OAB está exposto de forma transparente para os advogados e para a sociedade. Todas as decisões de diretorias constam no site, então esta crítica não tem embasamento. Temos que dar continuidade para aquilo que é bom e cada vez mais melhorar no intuito de crescer e avançar em todas as áreas.
MidiaJur – O que a senhora acha que ainda precisa ser melhorado na gestão?
Cláudia – A atual gestão vem trabalhando de forma incisiva na melhoria do nosso Judiciário. Ela cobra muito do Tribunal de Justiça para que haja celeridade nos processos. Mas precisamos melhorar cada vez mais. Temos que estreitar este relacionamento com o Poder Judiciário, com o governador, e com todos os órgãos para haver melhorias efetivas para a classe.
MidiaJur - Qual a principal deficiência para o advogado poder atuar no Estado?
Claúdia – A principal deficiência é a falta de magistrados em todas as comarcas e a falta de servidores para dar andamento nos processos. Essa é a nossa maior dificuldade: ter um processo célere, pois justiça tardia não é justiça. Precisamos acelerar essas decisões em todas as esferas do Judiciário. A Justiça do Trabalho já é um modelo neste aspecto. Vamos ter que continuar lutando por esta celeridade, o Cláudio Stábile bate forte neste aspecto e a nossa missão é fornecer uma justiça mais eficaz e célere.
MidiaJur – A senhora chegou a ser convidada a apoiar outra chapa?
Cláudia – Eu fui convidada afazer parte, não com proposta de cargo, mas para apoiar outra chapa. E isso é natural, pois nem todos os colegas sabem quem cada um apoia. Mas, de uma maneira cortês, eu deixei claro que apóio o Maurício Aude. E eu o apóio porque me identifico com as propostas, com os ideais e com o grupo.
MidiaJur - Além de ter maior simpatia e confiança no candidato da situação, teve outro motivo para não compor com outro grupo?
Cláudia – Além de estar apoiando o Maurício por ser o candidato que considero mais preparado e confiável, eu tenho certas restrições por uma questão de coerência. Com todo o respeito, nós temos chapas que existe união de pensamentos divergentes, pensamentos conflitantes e no meu pensar isso dificulta a ter uma boa gestão. Uma chapa formada por pessoas que não têm os mesmos ideais, a mesma vontade não é algo saudável. Eu tive conhecimento através do que a própria mídia divulgou, que pessoas com divergências estariam na mesma chapa. Pessoas que tiveram atritos, atritos de colocações fortes e pesadas e eu não me sentiria bem representada com isso.
MidiaJur – A senhora acha que a unificação que ocorreu entre José Moreno, que aglutinou para sua chapa os ex-candidatos Felipe de Oliveira e Luciana Serafim, ocorreu unicamente pela vontade de chegar ao poder ou que houve um consenso entre eles sobre a forma como gostariam de dirigir a entidade?
Cláudia – A minha avaliação é com base no que a mídia divulgou. E, com estes fatos em mão, eu avalio que não me sentiria bem representada. Porque divergências podem sim existir, até porque toda unanimidade é burra. Mas as divergências que ocorreram vão muito além disso, não foram apenas divergências de direcionamento. Houveram conflitos de críticas envolvendo o caráter de cada um deles. Um criticou o outro e de repente todo mundo já diz que possuem a mesma postura? Nesse sentido, eu creio que estas divergências não são saudáveis e inclusive, prejudicam uma boa gestão.
MidiaJur – Como foi o processo de definição dos cargos na chapa do Aude?
Cláudia - Não é um processo fácil para fazer esta composição. Mas não houve atritos, porque o grupo é bastante unido e os nomes foram surgindo naturalmente de acordo com aquilo que pode ser melhor para todos e essa composição democrática também está no nosso slogan: Pela Ordem. Para os advogados
MidiaJur - Como a senhora avalia as críticas ao Maurício Aude feitas pela oposição, que o acusam de favorecimento a alguns advogados e suposto uso da máquina?
Cláudia – Eu entendo que não existe utilização da máquina e nem privilégio para grupo algum. É mais cômodo para a oposição fazer críticas. Mas para se fazer críticas deve se ter fundamentos, e fundamentos verdadeiros para que ela surta os seus efeitos, porque crítica pela crítica não leva ninguém a nada. Nosso eleitorado possui um nível elevado e são capazes de distinguir facilmente se uma crítica tem fundamento ou não..
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