As investigações do Ministério Público Estadual (MPE) sobre o esquema de pagamento de propina na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), revelados nesta terça-feira (14) com a deflagração da nova fase da Operação Sodoma, mostram que o empresário Edézio Corrêa ficava com parte da propina paga, sem conhecimento de seu sócio Juliano Volpato.
Ambos são donos da Saga Comércio e Serviço Tecnologia e Informática Ltda., empresa que administrava os cartões de ticket combustível no Estado.
Segundo o MPE, o Auto Posto Marmeleiro, outra empresa envolvida no esquema, administrada por Volpato, pagava um mensalinho inicial de R$ 70 mil ao Governo.
A quantia era repassada por Edézio diretamente ao ex-secretário de Administração César Zílio.
Conclui-se que o próprio Edésio Corrêa se beneficiava das propinas pagas por Juliano Volpato em nome da empresa Marmeleiro
O dinheiro era entregue, às vezes, na residência do ex-secretários e, às vezes, em seu escritório de contabilidade ou na própria SAD.
O valor era dividido em quatro envelopes, sendo: um contendo R$ 30 mil, destinado a Silval Barbosa; dois contendo R$ 16 mil, destinados a Zílio e a Silvio Corrêa, então chefe de gabinete de Silval.
O quarto envelope, contendo R$ 8 mil, era destinado a Edésio Correa, que pediu o valor da propina mensal "de volta" a Zílio.
Ou seja, o empresário ficava com parte da propina que seu sócio pagava no esquema.
Segundo o MPE, esse fato só chegou ao conhecimento de Juliano Volpato durante a oitiva dos empresários na Delegacia Fazendária.
"Portanto, conclui-se que o próprio Edésio Corrêa se beneficiava das propinas pagas por Juliano Volpato em nome da empresa Marmeleiro", diz o MPE.
As investigações revelaram que os valores pagos eram retirados dos caixas dos postos de combustível administrados por Volpato.
Zilio fazia a entrega da parte de Silval Barbosa diretamente a ele, e em algumas oportunidades, a Silvio Corrêa no gabinete dele, que tinha pleno conhecimento da ilicitude da origem do dinheiro e aderiu à organização criminosa atuando como membro do conselho conforme já relatado.
Fac-símile de trecho de investigação do MPE
Faiad recebia R$ 16 mil, diz MPE
Segundo o MPE, com a saída de Zilio e a posse de Francisco Faiad como secretário de Administração, em janeiro de 2013, o valor da propina aumentou.
"Consta que a partir de janeiro de 2013, as vantagens indevidas foram pagas mensalmente no valor de R$ 80 mil. Sendo feitos em espécie e de forma separada. Agora em 4 envelopes que eram entregues a César Zílio e identificados com a inicial do nome de cada membro que receberia o quinhão. Sendo: 1 (um) envelope contendo R$ 40.000,00, destinado à Silval Barbosa, com a inicial "S"; 1 (um) envelope contendo R$16.000,00, destinado a Cézar Zílio, com a inicial "C"; 1 (um) envelope contendo R$16.000,00, destinado a Francisco Faiad, com a inicial "F"; e 1 (um) envelope contendo R$ 8.000,00, destinado a César Zílio, com a inicial "C", pois conforme já informado, Juliano Volpato não tinha conhecimento de que esse valor seria destinado ao seu sócio Edézio Corrêa, e que posteriormente, era entregue por César Zílio a Edézio", diz o MPE.
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