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VARIEDADES Terça-feira, 14 de Fevereiro de 2017, 14:23 - A | A

14 de Fevereiro de 2017, 14h:23 - A | A

VARIEDADES / "CHEFE DO CRIME"

Empresário diz que Silval pediu propina de R$ 70 mil pessoalmente

O ex-governador, que está detido desde setembro de 2015, teve um novo pedido de prisão decretada

THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO



Em acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Estadual (MPE), o empresário Juliano Volpato, administrador da Auto Posto Marmeleiro, revelou que o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) exigiu, pessoalmente, que ele pagasse R$ 70 mil mensais de propina para que o Estado quitasse os débitos que estavam em atraso com a empresa.

A informação consta no pedido que culminou na 5ª fase da Operação Sodoma, deflagrada nesta terça-feira (14), pela Delegacia Fazendária.

A Sodoma 5 resultou em uma nova prisão preventiva de Silval, além do ex-secretário de Administração, Francisco Faiad; do ex-secretário adjunto de Administração, José Jesus Nunes Cordeiro; do ex-secretário-adjunto executivo da Secretaria Executiva do Núcleo de Trânsito, Transporte e Cidades, Valdisio Juliano Viriato; e do ex-chefe de gabinete do Silval, Sílvio Cesar Corrêa Araújo. Silval, Silvio e José Jesus já estavam presos em decorência de fases anteriores da Sodoma.

Conforme o documento, a empresa foi contratada em 2011 para fornecer combustível para atender veículos dos órgãos e entidades do Poder Executivo no interior do Estado.

Neste encontro, Cesar Zílio indagou a Silval Barbosa sobre o pagamento da propina, ao que respondeu de forma direta e objetiva que era sim, para fazer daquela forma

No entanto, segundo o depoimento do empresário, o Governo só realizou pagamentos parciais e atrasados, o que causou grave "embaraço ao regular funcionamento da empresa".

Juliano Volpato argumentou que, em julho de 2011, a empresa forneceu R$ 2,4 milhões em combustível, mas só recebeu o pagamento de R$ 1,6 milhão.

Já em agosto, conforme o empresário, a empresa forneceu R$ 2,6 milhões e recebeu apenas R$ 1,1 milhão.

"A partir de setembro de 2011, o Estado de Mato Grosso deixou de efetuar pagamentos referentes ao fornecimento de combustível para a rede de postos credenciados pela contratada, seja o valor correspondente ao serviço prestado no mês de setembro/2011, como o débito remanescente dos meses anteriores, atingindo a cifra de R$ 5 milhões de  em pagamentos atrasados", diz trecho da decisão.

Exigência de propina

Juliano Volpato afirmou que, que diante do “débito exorbitante” procurou o então secretário de Estado de Administração, César Zílio, que exigiu o pagamento de propina de R$ 70 mil mensais para quitar os pagamentos. A declaração do empresário, segundo o MPE, foi ratificada pelo ex-secretário, que também é delator do esquema.

Naquela oportunidade, Juliano Volpato disse que não tinha margem de lucro suficiente para pagar o valor exigido e, na ocasião, César Zílio contestou a afirmação, dizendo que o empresário teria sim como fazer essa margem.

O ex-secretário disse ainda que a exigência do pagamento da propina era uma ordem do próprio governador Silval Barbosa, tendo em vista a parceria que formaram durante sua campanha de 2010.

O empresário, então, solicitou ao secretário uma reunião com o governador Silval Barbosa para tratar sobre ao assunto.

“Neste encontro, Cesar Zílio indagou a Silval Barbosa sobre o pagamento da propina, ao que respondeu de forma direta e objetiva que era sim, para fazer daquela forma. Desse modo, Silval deixou claro que ele não tinha apenas conhecimento dos crimes praticados, como também era o chefe da organização criminosa”, diz outro trecho da decisão.

Juliano Volpato disse que passou a efetuar o pagamento mensal de propina de outubro de 2011 a 2014, sendo que a primeira parcela foi de R$ 150 mil, uma vez que César Zilio teria exigido o pagamento de R$ 70 mil desde a vigência do contrato.

A operação

Além dos mandados de prisão, a 5ª fase da Sodoma conduziu 10 pessoas coercitivamente. São elas: procurador aposentado do Estado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o ex-secretário de Estado Marcel Souza de Cursi, Arnaldo Alves de Souza Neto, o ex-candidato a prefeito de Cuiabá, Lúdio Frank Mendes Cabral, os empresários Wanderley Fachetti Torres, Rafael Yamada Torres, Diego Pereira Marconi, Valdecir Cardoso de Almeida, Wilson Luiz Soares Pereira e Mário Balbino Lemes Júnior.

Os suspeitos são investigados em fraudes à licitação, corrupção, peculato e organização criminosa em contratos celebrados entre as empresas Marmeleiro Auto Posto Ltda. e Saga Comércio Serviço Tecnológico e Informática  Ltda., nos anos de 2011 a 2014, com o Governo do Estado de Mato Grosso.

Segundo a Polícia Civil apurou, as empresas foram utilizadas pela organização criminosa, investigada na operação Sodoma, para desvios de recursos públicos e recebimento de vantagens indevidas, utilizando-se de duas importantes secretarias, a antiga Secretaria de Administração (Sad) e a Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana  (Septu), antiga Secretaria de Infraestrutura (Sinfra).

As duas empresas, juntas, receberam aproximadamente R$ 300 milhões, entre os anos 2011 a 2014, do Estado de Mato Grosso, em licitações fraudadas. Com o dinheiro desviado efetuaram pagamento de propinas em benefício da organização criminosa no montante estimado em mais de R$ 7 milhões.

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