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JUSTIÇA Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2017, 16:37 - A | A

23 de Janeiro de 2017, 16h:37 - A | A

JUSTIÇA / RELATÓRIO DA DEFAZ

Diretor do Sesc-MT teria recebido R$ 95 mil de suposto esquema

Marcos Amorim da Silva consta na lista de beneficiários finais de esquema investigado pela Polícia

ANA FLÁVIA CORRÊA
DA REDAÇÃO



O diretor do Serviço Social do Comércio (Sesc) em Mato Grosso, Marcos Amorim da Silva, recebeu um cheque no valor de R$ 95 mil do advogado Levi Machado de Oliveira, em 2014, supostamente oriundo do esquema investigado na 4ª fase da Operação Sodoma.

A informação consta em relatório produzido pela Delegacia Fazendária (Defaz). A operação apura o suposto desvio de R$ 15,8 milhões em 2014, ocorrido por meio da desapropriação de uma área no Bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.

O advogado Levi Machado de Oliveira, que entregou o cheque ao diretor, foi apontado como o responsável por fazer as transferências no intuito de “lavar” os valores desviados.

Fac-símile de trecho do relatório da Defaz:

Relatório Defaz

 

Marcos Amorim da Silva também é réu da ação penal derivada da Operação Seven, que investiga a compra dupla do Estado de uma área de 3,2 mil hectares, entre Nobres e Rosário Oeste. Esta área, a princípio, teria sido vendida por R$ 1,8 milhão e, 12 anos depois, por R$ 7 milhões.  

O dinheiro da propriedade teria sido pago pelo Estado para Filinto Corrêa, médico e dono da área, e parte dele foi entregue para o ex-secretário de Comércio, Minas e Energia e da Casa Civil, Pedro Nadaf. 

Nesta ação, Amorim foi denunciado por tomar posse da uma fazenda em Poconé (104 km ao Sul de Cuiabá) denominada Formiga, comprada por Nadaf com o intuito de “lavar” o dinheiro e ocultar os cheques emitidos por Corrêa, provenientes da compra da propriedade. 

O diretor também foi citado na Operação Sodoma 2 por ter recebido dois cheques, um no valor de R$ 3,5 mil e outro de R$ 30 mil, da empresa cadastrada em nome de Nadaf. 

A Sodoma 2 investiga a lavagem de R$ 13 milhões na aquisição de um terreno na Avenida Beira Rio, em Cuiabá. 

Além de Amorim, o diretor geral do Sesc, Maron Emile Abi Abib, foi citado na Operação Sodoma  por ter supostamente recebido 12 cheques de Nadaf, em 2011, que totalizam R$ 19,7 mil. 

No entanto, Abib afirmou em depoimento que estes cheques, emitidos pela empresa Tractor Parts, do então delator da operação, João Batista Rosa, eram provenientes de um empréstimo pessoal. 

Na ocasião, o diretor geral afirmou que não conhecia o empresário e nem havia feito qualquer negociação com as empresas do mesmo. 

Outro lado 

Ao MidiaNews, Marcos Amorim da Silva alegou não ter ciência do relatório. Ele disse que não recebeu o cheque diretamente de Levi Machado, pois não o conhece.

"Consta no referido documento que o Sr. Levi repassou vários títulos (cheques) para o Sr. Filinto Muller, pessoa essa citada como operadora financeira da organização criminosa, e responsável por lavar o dinheiro da desapropriação do bairro Jardim Liberdade".

Com relação ao depósito dos valores, Marcos Amorim afirmou que deve se tratar de uma relação comercial mantida entre ele e Pedro Nadaf, "no ano de 2014, não constituindo assim nenhuma irregularidade, eis que trata-se de cheque que é título de crédito ao portador".

No que tange aos fatos da Operação Seven, o diretor regional do Sesc disse que já fez os esclarecimentos ao Ministério Público e à Justiça.

"Ante ao exposto tem a informar que é Diretor Regional do Sesc/AR/MT, há aproximadamente 30 anos, sempre agindo de forma correta e idônea, não havendo nada que o desabonasse, confiante que todo esse equívoco será plenamente esclarecido perante a Justiça", completou.

Sodoma 4 

Segundo as investigações, o empresário e delator Filinto Muller foi procurado pelo então procurador do Estado Francisco Andrade Lima Filho, o “Chico Lima”, que teria lhe pedido para criar uma empresa, em nome de laranja, a fim de possibilitar a lavagem de dinheiro da organização. 

Esta empresa, segundo a Polícia, recebeu várias transferências bancárias da Santorini Empreendimentos, por meio do advogado Levi Machado de Oliveira, no intuito de “lavar” a propina. 

A Polícia ressaltou que a Santorini tinha autorização para expropriar a área desde 1997, mas só em 2011, por meio do sócio Antônio Rodrigues de Carvalho, pediu que o Estado adquirisse a área pelo valor de R$ 37,1 milhões. 

Porém, apenas no final de 2013, o então chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa, Sílvio Araújo, encaminhou o pedido a Chico Lima para que este elaborasse um parecer. 

Segundo a Polícia, apenas 55 hectares (no valor de R$ 17,8 milhões) estavam aptos a serem desapropriados, mas o grupo aumentou para 97,5 hectares, “a fim de obter lucro”. 

O delator e sócio da Santorini, Antônio Rodrigues de Carvalho, contou que, em janeiro de 2014, foi a uma reunião agendada com Chico Lima e o então secretário de Estado de Fazenda, Marcel de Cursi, na sede da Sefaz. Nesta reunião, segundo ele, Cursi exigiu que 50% do valor pago pela desapropriação retornasse para o grupo. 

Dias depois, de acordo com a representação, o à época chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, editou o decreto que autorizou a desapropriação da área, subscrito por Silval Barbosa. 

Para legalizar o futuro pagamento da indenização, o então presidente do Intermat, Afonso Dalberto, solicitou que a Sefaz agilizasse recursos para garantir o repasse. 

Entretanto, como na época o Intermat não possuía o recurso para fazer o pagamento, o secretário de Planejamento Arnaldo Alves teria ajustado dotação orçamentária suficiente para atender a demanda da indenização. 

O próximo passo da organização, conforme a Polícia, foi a abertura de decretos orçamentários que viabilizaram créditos suplementares para a regularização fundiária. 

Assim, entre maio e outubro de 2014, foram publicados sete decretos que possibilitaram que os R$ 31,7 milhões fossem pagos pela área. Pedro Nadaf detalhou como foi feita a lavagem de dinheiro do esquema, durante depoimento em que confessou os crimes, trazendo cheques da empresa SF Assessoria emitidos a pessoas próximas. 

No esquema, Afonso Dalberto disse que se beneficiou de R$ 606,4 mil. Já o delator Filinto Muller relatou que Chico Lima ajustou com ele que os R$ 15,8 milhões do “retorno” seriam lavados por meio da empresa dele, a SF Assessoria. 

As investigações também apontaram que o advogado Levi Machado de Oliveira recebeu uma “comissão” de 3% do montante (R$ 474 mil) para colaborar nas tratativas. 

Ainda segundo a Polícia, era Chico Lima o responsável por definir quais membros receberiam as propinas oriundas dos desvios. Além dele próprio, também seriam beneficiários: Silval Barbosa, Pedro Nadaf, Marcel de Cursi, Arnaldo Alves e Afonso Dalberto. 

Segundo a denúncia, a propina recebida por Nadaf e Arnaldo, por outro lado, teria sido lavada com a ajuda do empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf. 

Já a parcela de Silval Barbosa, no valor de R$ 10 milhões, teria sido integralmente repassada ao empresário de factoring Valdir Piran, a título de pagamento de dívidas de campanha. 

Leia mais: 

Cheques foram para contas de pessoas ligadas a deputados 

Diretor do Sesc: depósito de R$ 19 mil foi empréstimo de Nadaf

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