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JUSTIÇA Terça-feira, 29 de Novembro de 2016, 14:11 - A | A

29 de Novembro de 2016, 14h:11 - A | A

JUSTIÇA / DEPOIMENTO NA "RÊMORA"

Empresário: ex-servidor pediu propina para materiais de campanha

Ricardo Sguarezi diz que Guizardi cobrava propinas de empresários para liberar medições de obras

LUCAS RODRIGUES E THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO



O empresário Ricardo Augusto Sguarezi, dono da Aroeira Construções, afirmou que pagou propina ao ex-servidor da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Fábio Frigeri, e ao empresário Giovani Guizardi, da Construtora Dínamo.

A informação foi dada em audiência que ocorre na Vara Contra o Crime Organizado, no Fórum de Cuiabá, na manhã desta terça-feira (29). Frigeri e Guizardi estão presos no Centro de Custódia da Capital (CCC) desde maio, quando foi deflagrada a Operação Rêmora, que apura fraudes em licitações na secretaria.

"Eu procurei o Fábio e ele falou que tinha que pagar os 5% para poder liberar. Eu cheguei a pagar para ele. Eu entreguei dinheiro para o Fábio e para o Giovani", relatou Ricardo Sguarezi.

Segundo Sguarezi, Frigeri chegou a dizer que a propina recebida iria ser destinado a pagar uma empresa que teria confeccionado materiais de campanha.

"Uma vez ele disse que era para pagar uma gráfica, por causa de materiais de campanha mas não especificou de quem era".

Confira a audiência em tempo real:

Conluio de empresários (atualizado às 11h31)

Ricardo Sguarezi disse que houve um conluio de empresários para conseguir as obras na Seduc e que a cobrança de propina era feita pelo empresário Giovani Guizardi e pelo ex-servidor Fabio Frigeri.

Até meados de julho [de 2015] praticamente eles não pagavam nada na secretaria enquanto não faziam a cobrança da propina para poder receber"

O dono da Aroeira disse que participou de três licitações antes desta reunião, mas ganhou "só de uma".

"Eu fui convidado para a reunião [em que as licitações foram repartidas], mas nem fui. O Luis Fernando [Rondon, delator] que me falou sobre esses fatos".                    

"Até meados de julho [de 2015] praticamente eles não pagavam nada na secretaria enquanto não faziam a cobrança da propina para poder receber".

Propina de 5% (Atualizado às 11h46)

No depoimento, Ricardo Sguarezi relatou que o ex-servidor Fábio Frigeri lhe informou que a liberação das medições das obras só sairiam mediante pagamento de propina.

"Eu procurei o Fábio e ele falou que tinha que pagar os 5% para poder liberar. Eu cheguei a pagar para ele. Eu entreguei dinheiro para o Fábio e para o Giovani. O Fábio me falou que quem passaria a receber o dinheiro era o Giovani".

"Eu estava relutando a não ir procurar o Giovani, mas até então já tinha pago propina ao Fábio. Só que o Giovani era áspero, bravo, não queria tratar com ele, voltei a pagar para o Fábio. Depois o Giovani me procurou e resolvi ceder a pressão que ele me fez, e resolvi pagar para ele", disse ele, ao entregar um documento em que detalhou os pagamentos que fez a Fábio e Giovani. 

Repasses em dinheiro (Atualizado às 11h53)

Ricardo Sguarezi disse que reclamou a Fábio Frigeri sobre a cobrança: "falei que era um absurdo".

"Eles [Frigeri e Guizardi] queriam em dinheiro, mas como eu não tenho hábito de ir ao banco por medo de ser assaltado, eu entregada em cheques". 

O Giovani insistiu para que eu pagasse em dinheiro, e aí eu não tive opção

 

Após os pagamentos de propina, Sguarezi disse que recebeu as medições que a Seduc lhe devia. 

"Essa exigência foi feita pelo Fábio. O Giovani insistiu para que eu pagasse em dinheiro, e aí eu não tive opção".

"Em novembro [de 2015] eu recebi todos meus pagamentos que estavam em atraso".

Aviso a Permínio (Atualizado às 11h58)

O empresário disse que avisou o então secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto, sobre o esquema que ocorria na Pasta. Permínio foi preso na 2ª fase da Rêmora, acusado de liderar a organização criminosa.

"Eu falei sobre esse caso da propina com o Permínio, mas acho que ele não tomou nenhuma providência, porque as cobranças continuaram. O Giovani me pediu 30% do faturamento da minha empresa Renomat. Falei que era um absurdo,  aí ele resolveu me propor pagar R$ 30 mil nos ultimos três meses".

Segundo Sguarezi, uma parte da propina teria sido destinada a pagar materiais de campanha.

"Fábio faturava em cima da Aroeira, em cheque, entreguei dentro da secretaria. Uma vez ele disse que era para pagar uma gráfica, por causa de materiais de campanha, mas não especificou de quem era".

Pedido de R$ 100 mil (Atualizado às 12h03)

A defesa do réu Fábio Frigeri perguntou se Ricardo Sguarezi recebeu alguma condenação para ter que devolver dinheiro de obra.

"Eu não fui condenado. Abriu-se um processo, eu provavelmente ia ganhar".

A defesa então pergunta sobre uma obra que recebeu na gestão passada e que não teria executado em Alta Floresta.

"Todas as obras que ganhei eu executei. Inclusive o Fábio estava exigindo dinheiro a mais para poder pagar o serviço que tinha sido feito nessa obra, queria R$ 100 mil.

Outro questionamento da defesa foi se Fábio ou a Seduc que pediu o dinheiro de volta.

"Ele me pediu. Eu não fui condenado".

Cobranças continuaram (Atualizado às 13h10)

A defesa de Perminio Pinto, feita pelo advogado Artur Osti, pergunta se depois que ele falou com o ex-secretário o pagamento para ele foi feito regularmente.
 
"Regularmente não né, as cobranças não pararam. Eu tive que repassar as propinas"
 
O advogado Artur Osti questiona se os cheques que Sguarezi teria passado para o Fábio estava nominal a ele e, se estava, como ele pegou o dinheiro.
 
"É uma boa pergunta também não sei. Mas que ele pegou, pegou".
 
Ricardo Sguarezi, ao final, disse que estava muito nervoso quando prestou depoimento ao Gaeco e por isso, na ocasião, havia negado o pagamento de propina.

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