CAMILA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
A defesa do empresário Rodrigo Barbosa, filho do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), ingressou com um habeas corpus no Tribunal de Justiça, na tentativa de conseguir a liberdade do empresário, preso na última segunda-feira (26).
A medida foi protocolada ontem mesmo pelos advogados Valber Melo e Ulisses Rabaneda.
A prisão preventiva, por decisão da juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, ocorreu em continuidade à 3ª fase da Operação Sodoma, deflagrada pela Delegacia de Polícia Fazendária (Defaz).
Rodrigo Barbosa é apontado pelo Ministério Público Estadual (MPE) como o responsável por identificar possíveis empresas para participar de um suposto esquema de corrupção no Governo passado, além de atuar como arrecadador de parte da propina em nome de seu pai.
Em nota encaminhada à imprensa, os advogados voltaram a criticar o ato de a prisão ter sido decretada com base em delações premiadas dos ex-secretários de Estado de Administração, Pedro Elias e César Zilio.
Na visão da defesa, as delações de Pedro Elias e de Zílio são contraditórias, de forma que a prisão de Rodrigo, baseada nessas declarações, torna-se algo “absurdamente
A decretação de sua prisão, baseada exclusivamente no depoimento de um delator, que se contradiz com outro, é absurdamente temerário
temerário”.
“A decretação de sua prisão, baseada exclusivamente no depoimento de um delator, que se contradiz com outro, é absurdamente temerária, especialmente se considerar que Rodrigo, em nenhum momento, interferiu de qualquer forma na colheita da prova”, diz trecho da nota.
Valber Melo e Ulisses Rabaneda afirmaram ainda que o próprio ex-secretário César Zílio afirmou desconhecer a participação do filho de Silal na suposta organização criminosa denunciada pelo MPE.
Segundo eles, a afirmação “coloca em xeque as conclusões precipitadas que foram tomadas”.
“A defesa reafirma sua preocupação com a nova modalidade de prisão criada em Mato Grosso, a chamada "prisão delação", onde quem delata, mesmo sem provas e com todos os motivos para faltar com a verdade, alcança liberdade, enquanto quem se defende, fica preso. O reflexo dessa distorção será percebido muito em breve, de forma negativa”, completaram os juristas.
Sodoma
Ao todo, 17 pessoas foram denunciadas pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco Silva, acusadas de esquemas de corrupção, investigados pela Operação Sodoma.
Entre eles, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), o ex-deputado José Riva, os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf, Marcel Cursi e César Zílio; o ex-prefeito Wallace Guimarães, de Várzea Grande; e os empresários Tiago Vieira de Souza Dorileo e Antônio Roni de Lis.
Marcus Mesquita/MidiaNews
O empresário Rodrigo Barbosa, preso em operação da Defaz
Eles são acusados de participar de uma organização criminosa e praticar delitos como concussão, extorsão e lavagem de dinheiro na concessão e fruição de benefício fiscal do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso.
Segundo a denúncia, a qual o MidiaNews teve acesso, a "organização criminosa" era liderada por Silval Barbosa, e tinha suas bases nas Secretaria de Estado de Indústria e na Secretaria de Estado de Administração, além da participação de Rodrigo Barbosa.
Confira na íntegra nota encaminhada pela defesa de Rodrigo Barbosa:
"A defesa de Rodrigo Barbosa informa que ainda na data de ontem impetrou habeas corpus perante o Tribunal de Justiça, para ver garantida sua liberdade.
A decretação de sua prisão, baseada exclusivamente no depoimento de um delator, que se contradiz com outro, é absurdamente temerário, especialmente se considerar que Rodrigo em nenhum momento interferiu de qualquer forma na colheita da prova.
É importante destacar que o próprio colaborador Cesar Zilio afirmou expressamente desconhecer a participação de Rodrigo BArbosa nos fatos, o que coloca em xeque as conclusões precipitadas que foram tomadas.
A defesa reafirma sua preocupação com a nova modalidade de prisão criada em Mato Grosso, a chamada "prisão delação", onde quem delata, mesmo sem provas e com todos os motivos para faltar com a verdade, alcança liberdade, enquanto quem se defende, fica preso.
O reflexo dessa distorção será percebido muito em breve, de forma negativa.
A defesa, mais uma vez, consigna confiar no Poder Judiciário e aguarda a sua manifestação acerca do pedido formulado.
VALBER MELO e ULISSES RABANEDA"
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