ANGELA JORDÃO
Da Redação
Mato Grosso pode ser um dos poucos estados brasileiros beneficiados com a guerra comercial imposta ao mundo pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, devido a sua forte atividade agrícola, especialmente a exportação de soja. Isso é o que aponta um estudo do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Os autores do estudo – Edson Paulo Domingues, João Pedro Revoredo Pereira da Costa e Aline Souza Magalhães – apontam que a disputa comercial geraria ganhos de atividade para os países emergentes, principalmente na agropecuária. Neste cenário, se destacam Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Paraná, principais produtores agrícolas brasileiros.
Com base no cenário de simulações, a pesquisa mostra que o impacto global da guerra tarifária representaria uma queda negativa de 0,16% no PIB global, equivalente a uma perda de US$ 128 bilhões. Além da perda de atividade, o comércio mundial também seria prejudicado, reduzido em menos 2,81%, equivalente a perdas na ordem de US$ 592 bilhões.
No Brasil, um pequeno incremento no PIB poderia ser observado, derivado quase exclusivamente pelo ganho em atividade e exportações de alguns produtos agrícolas. O setor mais beneficiado seria o das sementes oleaginosas (soja).
As conclusões da análise mostram que Mato Grosso (R$ 2 bilhões), Mato Grosso do Sul (R$ 292 milhões) e Goiás (R$ 259 milhões) são estados em que as tarifas de Trump teriam impacto, pela preponderância de atividades agrícolas.
Por outro lado, estados que tem base econômica na atividade industrial teriam significativas perdas, como São Paulo (R$ -1,6 bilhões) e Minas Gerais (R$ -560 milhões).
O estudo afirma que o setor industrial seria o mais afetado, estimando-se uma perda de US$ 3,5 bilhões, demonstrando um impacto adverso considerável na economia brasileira. O segmento de serviços também enfrentaria uma diminuição, com uma perda de US$ 375 milhões.
O estudo concluí que as principais economias mundiais seriam prejudicadas com esse conjunto de medidas, com destaque para os EUA que perderiam US$ 92,7 bilhões em PIB, seguido da China que observaria uma redução de US$ 32,7 bilhões nesse indicador. Por sua vez, o Brasil observaria um pequeno benefício, na ordem dos US$ 350 milhões no PIB. Do ponto de vista setorial, essencialmente, o único setor brasileiro beneficiado seria o de sementes oleaginosas (soja), o qual destinaria boa parte de sua produção para as exportações e geraria o resultado positivo no PIB.
Estudo
Denominado “Impactos econômicos regionais e setoriais das elevações de tarifas de importações dos EUA e China anunciadas em março e abril de 2025”, o estudo usou como metodologia simulações com um modelo Equilíbrio Geral Computável (EGC) global, que produz uma quantidade significativa de resultados/impactos de medidas.
Acesse o estudo completo:
Impactos econômicos regionais e setoriais das elevações de tarifas de
importações dos EUA e China anunciadas em março e abril de 2025
Leia mais sobre o estudo em matéria do Metrópoles:
Quais estados do Brasil ganham (e quais perdem) com guerra das tarifas
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