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VARIEDADES Quarta-feira, 18 de Maio de 2016, 17:32 - A | A

18 de Maio de 2016, 17h:32 - A | A

VARIEDADES / FRAUDES NA EDUCAÇÃO

MPE diz que dono de empreiteira fazia o "jogo sujo" do grupo

Gaeco ofereceu denúncia contra 22 pessoas por supostos desvios em licitações da Secretaria

CAMILA RIBEIRO
DA REDAÇÃO



Na denúncia em que acusa 22 pessoas de supostos esquemas de fraudes em licitações da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) classifica o empresário Giovani Belato Guizardi como responsável pelo "trabalho sujo" e “testa de ferro” dos servidores públicos acusados de integrar o esquema.

Guizardi é dono da Dínamo Construtora e está preso no Centro de Custódia de Cuiabá desde o último dia 3, quando foi deflagrada a Operação Rêmora.

“As investigações demonstram que Giovani Belatto Guizardi é o testa de ferro dos aludidos servidores públicos, o articulador, a pessoa faz o trabalho sujo a fim de ocultar a identidade dos verdadeiros solicitantes/recebedores da propina”, diz trecho da denúncia, assinada pelos promotores Carlos Roberto Zarour César, Marco Aurélio de Castro e Samuel Frungilo.

A acusação foi protocolada na última terça-feira (17), na Vara Especializada em Combate ao Crime Organizado, Ordem Tributária e Econômica e Crimes contra a Administração

As investigações demonstram que Giovani Belatto Guizardi é o testa de ferro dos aludidos servidores públicos, o articulador, a pessoa faz o trabalho sujo a fim de ocultar a identidade dos verdadeiros solicitantes/recebedores da propina

Pública da Capital, encerrando a primeira fase da operação.

Ainda conforme os promotores do Gaeco, o empresário seria o responsável por operar a cobrança e o recebimento da propina envolvendo os contratos para a execução de obras de reforma e construção de escolas em diversos municípios de Mato Grosso.

Também de acordo com o Gaeco, Guizardi é “o responsável por colher as reclamações dos empresários quanto a questões burocráticas relativas ao acompanhamento e fiscalização da execução dos contratos administrativos ligados à Seduc/MT”, cita a denúncia.

“Bem como por, não obstante não fazer parte do staff da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso, solucioná-las, mormente no que diz respeito a atos indispensáveis ao desenrolar dos procedimentos administrativos que culminam em pagamentos por parte do Estado de Mato Grosso - a empresas construtoras em decorrência da execução total ou parcial do objeto dos contratos mantidos entre eles”, completam os promotores.

Trato com empresários

Conforme o MPE, Guizardi seria o responsável pelo trato direto com os empreiteiros envolvidos no esquema criminoso e caberia a ele solicitar e receber diretamente destes a propina em nome dos ex-servidores da Seduc, Fabio Frigeri e Moises da Silva, além do servidor afastado Wander Luiz dos Reis, “prestando contas de suas atividades a estes, repassando-lhes as receitas ilícitas”.

Empresários que prestaram depoimento durante a operação afirmaram que o valor da propina variava entre 3% a 5% do valor dos contratos das obras.

“Consta também no caderno investigativo que Giovani Belatto Guizardi, empresário do ramo da construção civil, é o particular interposto pelo qual Fabio Frigeri, Wander Luiz dos Reis e Moises da Silva solicitam e recebem a vantagem indevida que os empreiteiros se dispõem a pagar em troca das informações privilegiadas e do apoio para vencerem as licitações”, narra a denúncia.

Conforme os promotores do Gaeco, Guizardi poderá pegar pena de 62 a 162 anos de reclusão, caso condenado.

Consta também no caderno investigativo que Guizardi é o particular interposto pelo qual Fabio Frigeri, Wander dos Reis e Moises da Silva solicitam e recebem a vantagem indevida que os empreiteiros se dispõem a pagar em troca das informações privilegiadas e do apoio para vencerem as licitações

Operação Rêmora

Segundo o Gaeco, a organização atuava em licitações e contratos administrativos de obras públicas de construção e reforma de 23 escolas da Seduc, que totalizam o montante de R$ 56 milhões.

As investigações apontaram também que o grupo seria composto por três núcleos: de agentes públicos, de operações e de empresários.

O núcleo de operações, após receber informações privilegiadas das licitações públicas para construções e reformas de escolas públicas estaduais, organizou reuniões para prejudicar a livre concorrência das licitações, distribuindo as respectivas obras para 23 empresas, que integram o núcleo de empresários.

Por sua vez, o núcleo dos agentes públicos era responsável por repassar as informações privilegiadas das obras que iriam ocorrer. Eles garantiam, segundo o MPE, que as fraudes nos processos licitatórios fossem exitosas, além de terem acesso e controlar os recebimentos dos empreiteiros para garantir o pagamento da propina.

Já o núcleo de empresários, que se originou da evolução de um cartel formado pelas empresas do ramo da construção civil, se caracterizava pela organização e coesão de seus membros, que realmente logravam, com isso, evitar integralmente a competição entre as empresas, de forma que todas pudessem ser beneficiadas pelo acordo.

Leia mais sobre o assunto:

MPE denuncia 22 pessoas por supostos desvios na Educação

Suposto líder de esquema, empresário pede liberdade ao TJ-MT

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