VINÍCIUS LEMOS
DA REDAÇÃO
Uma das características do Governo do Estado, ao longo de 2017, foi a troca intensa de secretários.
Pastas estratégicas como Segurança Pública, Casa Civil, Justiça e Direitos Humanos, Casa Militar e Saúde tiveram seus titulares trocados, durante o ano.
Os ex-secretários deixaram suas pastas por diversos motivos, que variaram de dificuldades na pasta a prisões, em decorrência do esquema de grampos ilegais operado pela Polícia Militar no Estado.
As mudanças começaram no início do ano e seguiram até o mês de dezembro, quando o vice-governador Carlos Fávaro (PSD) deixou o comando da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
Veja abaixo como se deu o troca-troca de secretários no Executivo, no ano passado:
Casa Civil
Uma das secretarias mais emblemáticas no Executivo, a Casa Civil, que em anos anteriores seguiu intocável, passou por três mudanças, ao longo de 2017.
Duas das alterações aconteceram em razão das investigações sobre o esquema de grampos ilegais.
Titular da Casa Civil desde o início da gestão do governador Pedro Taques, o advogado Paulo Taques deixou o cargo em 11 de maio, após o escândalo dos grampos vir à tona.
Apontado como um dos líderes do esquema criminoso que realizava interceptações ilegais contra diversas personalidades do Estado, o primo do governador chegou a ser preso duas vezes.
Em substituição a Paulo Taques, José Adolpho Vieira, então adjunto da pasta, assumiu a Casa Civil. Ele permaneceu no cargo até o início de outubro.
Posteriormente, ele também foi exonerado do cargo, em razão de ser um dos alvos das investigações.
Em 2 de outubro, o deputado estadual licenciado e então secretário de Estado de Trabalho e Assistência Social, Max Russi, assumiu a Casa Civil. Ele permanece na função e deve deixá-la em março deste ano, para que possa disputar as eleições de 2018.
Assistência Social
Alair Ribeiro/MidiaNews
O deputado estadual Max Russi deixou Setas para assumir a Casa Civil
Logo após Russi deixar a Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), a servidora concursada Mônica Camolezi tornou-se a titular da Pasta.
Mônica foi indicada ao governador pelo próprio Russi. Na secretaria desde 2014, ela atuava na coordenação do programa Pró-Família.
Justiça e Direitos Humanos
Em 11 de janeiro de 2017, o coronel PM Airton Benedito Siqueira Júnior, que comandava a Casa Militar, foi nomeado novo secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh).
Ele assumiu a função no lugar de Márcio Frederico de Oliveira Dorilêo, que foi exonerado do cargo no dia 31 de dezembro de 2016. Nos primeiros dias do ano, a função foi ocupada interinamente por Enêas Corrêa Figueiredo Júnior.
Siqueira foi exonerado em 3 de outubro, após ser preso dias antes, durante a Operação Esdras – que apurou tentativa de obstrução de Justiça, no âmbito das investigações dos grampos ilegais no Estado.
No lugar de Siqueira, foi efetivado o delegado Fausto Freitas da Silva, que respondia pela pasta interinamente, desde que Siqueira foi preso, e também acumulava a função de chefe do Gabinete de Transparência e Combate à Corrupção.
Atualmente, Siqueira encontra-se em liberdade, assim como os outros alvos da Operação Esdras, após decisão do STF. O delegado Fausto Freitas permanece na Sejudh.
Transparência e Combate à Corrupção
Logo que o secretário Fausto Freitas assumiu a Sejudh, a função foi ocupada pelo então adjunto, Carlos Corrêa Ribeiro Neto, que permanece no cargo.
Casa Militar
Após o coronel PM Airton Benedito Siqueira Júnior assumir a Sejudh, o coronel PM Evandro Lesco tornou-se secretário-chefe da Casa Militar. Anteriormente, ele ocupava a função de secretário-adjunto da pasta e assumiu a comando em 11 de janeiro.
Lesco foi exonerado do cargo em 26 de julho, após ser preso durante as investigações sobre os grampos clandestinos.
Além de Lesco, o coronel Ronelson Barros, que era adjunto da Casa Militar, também foi exonerado. Barros também foi preso em razão das apurações sobre as interceptações ilegais.
Em substituição a Lesco, o coronel Wesney Sodré, que desempenhava a função interinamente, assumiu a Casa Militar.
Segurança
Outra pasta que também teve mudança de secretários em razão do esquema de grampos clandestinos em Mato Grosso foi a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
O então secretário Rogers Jarbas, que estava à frente da pasta desde 29 de março de 2016, foi afastado do cargo após decisão judicial, que apontou que ele estaria tentando prejudicar as investigações da “Grampolândia Pantaneira”.
Dias após ser afastado da função, Jarbas foi preso durante a Operação Esdras. Em 29 de setembro, ele foi exonerado da secretaria.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Secretário de Saúde, Luiz Soares assumiu a pasta após pedidos de exoneração
Logo após a saída de Rogers Jarbas, a Pasta passou a ser comandada pelo delegado Gustavo Garcia, que chegou a ocupar interinamente a função após o afastamento de Jarbas.
Na Sesp, Garcia já havia ocupado os cargos de secretário-adjunto de Inteligência e de Integração Operacional e de secretário-adjunto executivo.
Saúde
Considerada uma das pastas mais problemáticas do Estado, em razão de dívidas milionárias e do caos no atendimento público em Mato Grosso, a Saúde também teve troca de secretários.
Em 20 de março, o então secretário de Saúde de Várzea Grande, Luiz Soares, assumiu a pasta. Ele substituiu João Batista Pereira da Silva, que deixou a função após oito meses, em razão das diversas dificuldades enfrentadas pelo setor no Estado.
Soares foi o quarto nome a assumir a Secretaria durante a gestão de Pedro Taques. Antes dele, além de João Batista, o cargo também foi ocupado por Eduardo Bermudez e Marco Bertúlio. Os dois pediram demissão.
Sema
A última troca de secretários aconteceu em dezembro, na Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). O vice-governador Carlos Fávaro (PSD), que ocupava a função desde abril de 2016, deixou o cargo.
Ele argumentou que se dedicaria à Vice-overnadoria . No entanto, nos bastidores, os comentários são de que Fávaro deixou a função para viabilizar sua disputa eleitoral de 2018, pois deve concorrer ao Senado ou ao Governo do Estado.
Para ocupar a função de Fávaro, o governador Pedro Taques nomeou, em 19 de dezembro, o então secretário executivo da Pasta, André Torres Baby.
O novo chefe da Sema está na Pasta desde o início da gestão de Taques. Ele já atuou nos cargos de superintendente e secretário-adjunto de Licenciamento.
Fazenda
Em 22 de dezembro, o então secretário de Estado de Fazenda, Gustavo de Oliveira, anunciou que deixaria a Pasta para se dedicar às suas empresas. No entanto, o principal objetivo do ex-secretário é concorrer à presidência da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), neste ano.
Em 26 de dezembro, o governador Pedro Taques anunciou que a Fazenda passaria a ser comandada pelo então procurador-geral do Estado, Rogério Gallo, que é servidor de carreira. Ele assumirá o cargo a partir de 15 de janeiro.
O procurador, que chefiou a Procuradoria de Cuiabá, na gestão do ex-prefeito Mauro Mendes (PSB), será o quarto secretário de Fazenda no Governo Pedro Taques. Antes de Gustavo de Oliveira, a pasta também havia sido administrada por Paulo Brustolin e Seneri Paludo.
Procuradoria-Geral do Estado
Em substituição a Rogério Gallo, que havia assumido o cargo de procurador-geral do Estado no início de 2017, o governador Pedro Taques escolheu a procuradora-geral adjunta, Gabriela Novis Neves Pereira.
Gabriela é uma das responsáveis por organizar o Mutirão Fiscal, que tem recuperado valores para o Estado, por meio de débitos fiscais de contribuintes. Ela é mulher do secretário-adjunto de Esportes, Leonardo Oliveira.
A nova chefe da PGE é formada em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e é procuradora do Estado desde 2002. Ela também é conselheira federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Ela assume o cargo no dia 15 deste m~es.
Cultura
Também em 22 de dezembro, novas mudanças foram anunciadas na equipe do Executivo estadual. O então secretário de Comunicação, Kleber Lima, deixou sua função para assumir a Secretaria de Estado de Cultura, em substituição ao secretário Leandro Carvalho, que ocupava o cargo desde o início do atual Governo.
Em seu perfil, no Facebook, o secretário Leandro Carvalho publicou um texto de despedida do Governo Pedro Taques (PSDB).
“Despeço-me do cargo de secretário de Estado de Cultura de Mato Grosso, posição que ocupei nos últimos três anos com muito orgulho, agradecendo ao governador Pedro Taques pela oportunidade e confiança em mim depositada”, disse ele, em trecho da publicação.
Carvalho afirmou que deixou a função após ser selecionado para um programa de formação de líderes na Inglaterra, em 2018. Apesar disso, ele continua na direção artística da Orquestra do Estado de Mato Grosso.
Comunicação
Logo após a saída de Kleber Lima, o Gabinete de Comunicação será comandado pelo jornalista Marcy Monteiro, que, atualmente, é adjunto da Pasta. Monteiro deverá assumir a nova função em meados de janeiro.
Lima estava na função desde o ano passado, após a saída do então secretário de Comunicação, Jean Campos, que deixou a função para trabalhar no Gabinete de Assuntos Estratégicos, em Brasília.
Detran-MT
Ainda em 22 de dezembro, o então presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran), Arnon Osny Mendes, pediu exoneração do cargo.
Delegado de Polícia, Osny Mendes comandava o Detran desde 2016. Na época, ele substituiu Rogers Jarbas, que saiu da autarquia para assumir a Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Na sua gestão, Arnon Mendes enfrentou uma greve de servidores que durou mais de dois meses. Nos meios políticos, um dos nomes cotados para o comando da autarquia é o de Thiago França, um dos assessores do secretário de Estado de Cidades, Wilson Santos.
O governador somente irá anunciar o novo presidente do Detran-MT no início deste mês.
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