LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O ex-diretor-presidente da EIG Mercados, José Kobori, foi preso em Brasília (DF) na manhã desta quarta-feira (09), durante a Operação Bônus, 2ª fase da Operação Bereré.
A operação apura esquema de fraude, desvio e lavagem de dinheiro no âmbito do Detran-MT, na ordem de R$ 27,7 milhões, que operou de 2009 a 2015. Ele deverá ser trazido a Cuiabá ainda nesta quarta.
Segundo as investigações, parte dos valores repassados pelas financeiras à EIG Mercados por conta do contrato com o Detran retornava como propina a políticos, dinheiro esse que era “lavado” pela Santos Treinamento – parceira da EIG no contrato - e por servidores da Assembleia, parentes e amigos dos investigados.
Além de Kobori, outros cinco envolvidos tiveram a prisão preventiva decretada pelo desembargador José Zuquim Nogueira, entre eles o deputado estadual Mauro Savi (DEM), o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, e os empresários Roque Anildo Reinheimer e Claudemir Pereira dos Santos, sócios da Santos Treinamento, empresa que, segundo as investigações, era usada para lavagem do dinheiro desviado do órgão.
Kobori foi citado nas investigações da 1ª fase da Bereré em razão de ter recebido um total de R$ 4,2 milhões da EIG.
As transferências foram feitas para sua própria conta corrente e para duas empresas de Kobori: a JK Capital Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda, e a JK Desenvolvimento Humano e Treinamento Gerencial Ltda.
Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), as transações foram realizadas entre novembro de 2011 e fevereiro de 2016. A investigação detalha as transferências realizadas em favor de Kobori e suas empresas.
Para a conta corrente do empresário foram transferidos R$ 3,3 milhões, de novembro de 2011 a fevereiro de 2016. O relatório mostra transações feitas a JK Desenvolvimento Humano e Treinamento Gerencial, nos anos de 2013 e 2014, totalizando pouco mais de R$ 255 mil. A JK Capital Consultoria recebeu R$ 723 mil, por meio de depósitos feitos entre agosto de 2012 e janeiro de 2016.
Outra citação a Kobori foi feita pelos empresários Marcelo da Costa e Silva e Roque Anildo Reinheimer, sócios da Santos.
Eles disseram que Paulo Taques – também preso - foi contratado pela empresa EIG Mercados um dia após o resultado da eleição vencida pelo governador Pedro Taques (PSDB), primo do ex-secretário.
A contratação teria sido motivada pelo fato de Kobori ser amigo do irmão e sócio de Paulo Taques, Jorge Taques.
Empresário alega prestação de serviços
Ao MPE, Kobori alegou que os R$ 4,2 milhões recebidos foram relativos a serviços prestados por ele de consultoria, administração e gestão.
Kobori relatou que entre 2011 e 2012 foi procurado para orientar acionistas da EIG (FDL à época), José Henrique Gonçalves e José Ferreira Gonçalves Neto (apontados como os maiores beneficiários do esquema) sobre a intenção de outra empresa que queria comprar a EIG.
Na ocasião, o administrador orientou que os acionistas contratassem uma empresa de assessoria de São Paulo (SP). Apesar de a fusão das empresas não ter se concretizado, Kobori disse que foi novamente procurado pelos acionistas da EIG para elaborar um estudo técnico de formação de preços da empresa, “com intuito de utilizá-lo em âmbito interno”.
Após outros serviços prestados à EIG, Kobori disse que em fevereiro de 2013 foi convidado pelos sócios da EIG para se tornar diretor-presidente da empresa.
O administrador citou que dados da empresa Michael Page indicam que a média salarial para este cargo varia de R$ 916 mil a R$ 3,1 milhões por ano.
“Como se vê, a minha remuneração e a forma de contratação estavam de acordo com as referências praticadas no mercado nacional, não se constatando qualquer anormalidade. No tocante ao bônus pactuado, constam, na tabela, valor isolado de R$ 1.470.936,51 em dezembro de 2014 e o excedente ao valor do salário durante o ano de 2015, que totaliza R$ 600 mil”, defendeu.
Leia mais sobre o assunto:
Deputado e ex-chefe da Casa Civil são presos em 2ª fase da Bereré
Irmão e sócio de Paulo Taques defendeu EIG em ações judiciais
Sócios de empresa dizem que Paulo Taques foi contratado pela EIG
Ex-diretor da EIG diz que foi ameaçado por empresários acusados
Executivo diz que R$ 4 mi recebidos foram para gerir EIG Mercados
Empresa EIG Mercados depositou R$ 4,2 mi para consultor
Diretor da EIG tentou acessar inquérito após delação; STF negou
Sócios da EIG eram "maiores beneficiados" e pagavam propina, diz MPE
Quer receber notícias no seu celular? PARTICIPE DO NOSSO GRUPO DE WHATSAPP clicando aqui .