PABLO RODRIGO
DA GAZETA
Uma nova delação na operação Ararath revela uma possível ameaça feita pelo conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Sérgio Ricardo, investigado por suposta compra da vaga que ocupava na Corte.
De acordo com o empresário Marcos Tolentino, que firmou acordo de colaboração no último dia 6, Sérgio Ricardo ameaçou seu filho e ele próprio para que ocultasse a compra da Rede Mundial de Rádio e Televisão Ltda (Canal 27), em 2009, pelo valor de R$ 5 milhões.
A ameaça teria ocorrido após a deflagração da 5ª fase da Ararath, em maio de 2014. Sérgio Ricardo teria se encontrado com o empresário em Brasília para que ele assinasse um novo contrato de compra e venda. Nele, o comprador seria o, depois, delator Júnior Mendonça.
“Sérgio Ricardo argumentou com o declarante [Marcos Tolentino] que não poderia aparecer no negócio, pois ocupava o cargo de conselheiro do TCE/MT”, diz trecho do depoimento, que continua: “Neste momento, passou a oferecer dinheiro ao declarante para depor nos moldes em que o ocultasse da operação”. Diante de uma negativa do empresário, Sérgio Ricardo “revidou dizendo que manter da forma como estava ‘não seria bom para ninguém, você tem filho pequeno, tem família e você sabe como Cuiabá é’”, diz a delação.
Marcos Tolentino afirmou ainda que Sérgio Ricardo teria insistido na mudança por meio de seu irmão, Márcio Almeida, e do advogado André Prieto. Diante das ameaças recebidas, o empresário pediu que os seus assessores jurídicos se reunissem com o irmão do conselheiro. No encontro, Márcio Almeida teria pedido para que os advogados orientassem Tolentino a aguardar um habeas corpus que poderia trancar a Ararath, antes de depor na Polícia Federal. Ele também teria voltado a oferecer dinheiro para que o empresário trocasse o nome de Sérgio Ricardo pelo de Júnior Mendonça.
A compra do canal de televisão ocorreu logo após a primeira tratativa para compra da vaga do então conselheiro Alencar Soares. Segundo as investigações, o valor acertado pela cadeira no TCE foi R$ 4 milhões. O valor foi obtido por meio de empréstimo com Júnior Mendonça e repassado ao conselheiro aposentado por meio de depósitos em contas de terceiros.
Na época, Alencar Soares chegou a desistir da aposentadoria após conversa com o então governador, hoje ministro, Blairo Maggi (PP). O conselheiro, então, chegou a devolver R$ 2,5 milhões para Sérgio Ricardo, também com o intermédio de Júnior Mendonça. Esse valor é que teria sido utilizado na compra do canal de TV.
A reportagem tentou contato com a defesa de Sérgio Ricardo, porém não a localizou para comentar a delação. Até agora, todos os envolvidos no caso têm negado as acusações.
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