ALLAN PEREIRA E CECÍLIA NOBRE
Da Redação
O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado estadual Eduardo Botelho (União Brasil), relatou que o diretor da Rumo Logística S/A tentou convencê-lo a não promulgar o decreto legislativo que revoga a licença dada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) à empresa.
A licença da Sema libera a Rumo a fazer as obras para implantar os trilhos da Ferrovia Estadual Senador Vicente Vuolo em Rondonópolis. Apesar do pedido, Botelho promulgou o projeto de decreto legislativo nº 08/2023, na última segunda-feira (8).
"O diretor da Rumo disse que isso pode atrapalhar em muito todo encaminhamento e, inclusive, o financiamento deles e atrasar todo o cronograma de obras. Não queremos isso. Queremos que realmente resolva isso. Nós estamos prontos para o diálogo", disse o presidente da Assembleia na manhã desta quinta-feira (11).
Leia mais:
Juíza não considera pedido de Pátio e mantém licença para novo traçado de ferrovia
Deputados aprovam decreto e revogam licença ambiental da Rumo para ferrovia em Rondonópolis
O projeto de decreto legislativo nº 08/2023 é dos deputados estaduais Thiago Silva (MDB)Claudio Ferreira (PL), Nininho (PSD) e Sebastião Rezende (União Brasil).
Segundo o projeto, a Rumo alterou o traçado dos trilhos do projeto original sem consultar os moradores de Rondonópolis. A previsão era que a ferrovia passasse a 30 km de distância dos bairros. Mas a nova proposta passa a menos de 40 metros dos bairros Distrito da Vila Operária, Jardim Maria Amélia, Pedra 90, Rosa Bororo, Parque Universitário e Vila Olinda/Jardim Ana Carla.
Os deputados alertaram sobre a importância da apresentação de um novo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) com o novo traçado, já que o parecer emitido pela Sema levava em consideração o trajeto da ferrovia anterior.
Por meio da Procuradoria Geral do Município de Rondonópolis (PGM), o prefeito Zé do Pátio (PSB) também pediu na Justiça para revogar a licença da Sema à Rumo. A Justiça negou o pedido por ora. A prefeitura alega que o novo traçado vai afetar unidades de saúde, milhares de estudantes em escolas e creches, prejudicar o trajeto do transporte coletivo, desvalorizar as casas e a perturbação do sossego.
Botelho também criticou a falta de diálogo da Rumo com a Assembleia e disse que a indefinição da ferrovia até Cuiabá pesou na decisão para promulgar o decreto.
"Antes de aprovarmos os projetos, eles ficavam aqui [Assembleia] o tempo todo. Criamos todas as condições para eles, e eles nos ignoraram. Nunca mais vieram conversar, não consegui mais contato com ele. Eu quero a garantia que a ferrovia chegue até aqui [Cuiabá]. Esse impasse é facilmente resolvido em diálogo com os deputados", disse.
Com investimento previsto de R$ 11,2 bilhões, o Governo pretende ligar a malha ferroviária federal a partir de Rondonópolis com dois ramos – um em direção a Lucas do Rio Verde e, e outro a Cuiabá. Serão 730 km de trilhos construídos pela Rumo. O objetivo é oferecer mais um meio de transporte para produtores rurais escoarem sua produção.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.