ALLAN PEREIRA
Da Redação
O vereador e tenente-coronel da reserva Marcos Paccola (Republicanos), que é réu pela suposta prática de homicídio qualificado do agente socioeducativo Alexandre Myagawa de Barros, protocolou pedido de licença do cargo parlamentar. A justificativa foi de que deverá se dedicar à campanha de pré-candidato a deputado estadual.
Atualizada às 15h: Os vereadores aprovaram o pedido de licença ao vereador Marcos Paccola.
Em discurso na tribuna, na sessão plenária da Câmara desta quinta-feira (4), Paccola também disse que se sente nu por não estar portando sua arma de fogo. O porte foi suspenso na decisão judicial que aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) contra o vereador.
Apesar de ser indiciado, denunciado e se tornado réu, o Republicanos manteve o nome do vereador na lista de pré-candidatos a deputado estadual, o que deve ser confirmado em convenção partidária a ser realizada nesta sexta-feira (5).
"Nós não servimos a dois senhores. Vou dedicar dia, noite e madrugada, nesses próximos dias, à campanha. Se for assim acolhido pelo partido, estaremos cravando a nossa condição de candidato como deputado estadual em Mato Grosso, a partir da convenção de amanhã", disse Paccola.
O vereador afirmou também que se sente pelado sem o seu porte de arma, depois de quase 20 anos de policial militar, sendo 10 no Batalhão de Operações Especiais (Bope).
"Hoje me sinto como se estivesse nu, andando pelado. Por decisão do juiz - e decisão judicial a gente está aqui para acatar -, hoje não estou portando a minha arma de fogo. Tive o meu porte suspenso. Algumas pessoas que se sentem amedrontadas pela minha volta, pelo fato de estar portando uma arma de fogo, fiquem tranquilos por que não posso enquanto essa decisão não for revogada", declarou.
A fala de Paccola foi feita em referência a um discurso da vereadora Edna Sampaio (PT) na sessão da terça-feira (2). A colega, que pede a cassação do mandato do militar da reserva, afirmou não se sentir segura por divergir de Paccola na Câmara enquanto ele está armado.
Como efeito da decisão judicial, o vereador conta que foi procurado por vários policiais militares, que ofereceram uma espécie de serviço de "segurança particular" durante seus períodos de folga.
"Para alegria de uns e tristeza de outros, vários policiais fizeram contato comigo e colocaram à disposição para, na folga, estarem junto comigo [...] enquanto eu não tiver possibilidade de me defender".
Denúncia
Segundo denúncia do MPE, Alexandre, também conhecido como "Japão", foi morto com três disparos efetuados por Paccola na noite do dia 1º de julho.
O vereador, de acordo com o MPE, agiu por motivo torpe, recurso que impossibilitou defesa da vítima e na busca de angariar "dividendos políticos".
O juiz Flávio Miraglia, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, aceitou a denúncia, tornou Paccola réu pelo homicídio de Japão e suspendeu o porte de arma.
O Ministério Público também havia pedido que Paccola fosse levado ao Tribunal do Júri, mas o magistrado não decidiu pela medida nesta fase processual. Isso só deve ser definido após a fase de instrução do processo, quando o juiz decidirá sobre a "pronúncia" contra Paccola, determinando julgamento criminal comum ou pelo júri popular.
Na Câmara, o vereador também é alvo de um processo de cassação pela Comissão de Ética, a pedido de Edna, e que ainda não tem prazo para ser apreciado.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.