MIKHAIL FAVALESSA E ALLAN PEREIRA
Da Redação
O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, afirmou que o órgão montou uma força-tarefa com o Ibama para analisar a proposta do Governo do Estado para obras no Portão do Inferno, dentro do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães. Para o IMCBio, há preocupações com impactos ambientais, possível afetação a um sítio arqueológico na área e também com o turismo na unidade de conservação.
Pires está em Cuiabá nesta terça-feira (23) e participa de evento do ICMBio para apresentar um estudo sobre a morte de 17 milhões de animais nos incêndios do Pantanal em 2020. Ele falou com a imprensano evento.
A Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) propôs que seja feito um "retaludamento" no paredão do Portão do Inferno. Seria um corte com retirada da massa de terra da escarpa, recuando a pista da rodovia MT-251, onde hoje há riscos de deslizamentos.
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Mauro Pires lembrou que o ICMBio tem dado diversas autorizações para ações imediatas desde o ano passado, evitando a paralisação total do trânsito entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães. No fim de março, a Sifra e o Governo de Mato Grosso apresentaram ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) o projeto de retaludamento.
"Se a proposta técnica for viável e garantir que o impacto ambiental seja mínimo, ao mesmo tempo que garante também o direito das pessoas de ir e vir, não vai ter nenhuma dificuldade. A nossa preocupação é evitar que haja um impacto ambiental e que isso não traga nenhum benefício", declarou.
Uma coisa é você ver um power point, uma apresentação, perfeito. Agora, você precisa entrar no detalhe, se não você vai dar uma manifestação apenas com base no que foi apresentado e não é assim que funciona. A gente tem que analisar a proposta, verificar os detalhes, como é que vai ser feita a intervenção. O sítio arqueológico que nós temos do lado, inclusive pode ser impactado, então nós estamos preocupados com isso para encontrar uma solução
De acordo com o presidente do órgão, o ICMBio está ciente da "gravidade do assunto", em especial no que tange a dificuldade de acesso a Chapada, e que "nós somos parceiros interessados em resolver esse assunto", "até porque, isso vai facilitar a visitação do parque nacional".
Em sua fala, o chefe do ICMBio ponderou sobre a necessidade de análise técnica detalhada sobre todos os possíveis impactos de uma obra de grande magnitude na área de preservação ambiental.
"Uma coisa é você ver um power point, uma apresentação, perfeito. Agora, você precisa entrar no detalhe, se não você vai dar uma manifestação apenas com base no que foi apresentado e não é assim que funciona. A gente tem que analisar a proposta, verificar os detalhes, como é que vai ser feita a intervenção. O sítio arqueológico que nós temos do lado, inclusive pode ser impactado, então nós estamos preocupados com isso para encontrar uma solução", seguiu.
Uma das questões levantadas é que uma manifestação sem o devido embasamento poderia criar outros problemas, com possibilidade de judicialização por parte do Ministério Público Federal (MPF).
"O ICMBio, como órgão ambiental, de conservação da natureza, evidentemente que ele olha o patrimônio ambiental com o olhar de quem quer cuidar. Não é questão de ser a favor ou contra, mas de encontrar a melhor alternativa técnica que dê sustentação para uma solução viária permanente, que garanta o acesso da população, mas também preserve as riquezas naturais. Afinal de contas, o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães é uma das belezas naturais que nós temos, os turistas têm interesse em conhecer, e obviamente isso é um aspecto que a gente olha com bastante consideração", avaliou.
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