ALLAN PEREIRA E MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Não foi só a ativista da causa animal Luisa Mell que criticou o projeto de lei que libera a caça esportiva de animais silvestres, de autoria do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), mas também os colegas parlamentares - tanto da situação quanto da oposição.
O projeto de Cattani permite a perseguição, captura e abate de animais silvestres em áreas públicas e particulares.
Para a imprensa, o deputado defendeu o projeto e alega que a caça se faz necessária para controlar o tamanho populacional de algumas espécies de animais.
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"Nós temos algumas espécies que estão virando praga em nosso Estado. Por exemplo, o porco do mato está sem controle biológico e está aí virando uma praga. Você perde até 20% da sua produção agrícola por causa do porco do mato", justifica.
Explica também que o Governo é quem definirá as espécies de animais a serem caçadas e as regras da caça, além de citar que há fazendas no Paraná que exploram, economicamente, a caça esportiva.
"Essas fazendas são muito lucrativas. Muito mais que uma fazenda de soja e mantêm seu bioma intacto. Você imagina as fazendas em Mato Grosso que podem ser viáveis economicamente e também ambientalmente, com toda a sua biodiversidade, para que seja revertida a caça esportiva. No meu entendimento, qualquer ambientalista que for contra isso não é ambientalista", disse.
Apesar da defesa de Cattani, o projeto não conta com a aprovação dos colegas parlamentares.
O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) pediu vista, pediu que a proposta legislativa fosse para a Comissão de Meio Ambiente e expôs uma manobra de Cattani em conseguir o parecer em uma comissão diferente.
"Assim, absolutamente sem sentido. Quem deu parecer neste projeto, no mérito dele, foi a Comissão de Agropecuária e de Regularização Fundiária da Assembleia, que não tem nada a ver com esse tema. Esse projeto tem que ser remetido à Comissão de Meio Ambiente", disse.
Líder do Governo na Assembleia, o deputado estadual Dilmar Dal Bosco (União Brasil) aponta que o projeto pode não ser aprovado pelo governador e chega a citar que o projeto pode respingar em críticas aos demais deputados.
"Não ser bem visto nem pelo governo nem pela Sema. Não é um projeto para se apresentar e aprovar. Ele tem que ser discutido. É um problema seríssimo que nós temos em algumas situações. Não era o momento. Até falei ao presidente da comissão, segure o projeto depois das eleições. Não tem porque discutir um assunto tão sério como esse. Vai ter crítica aos deputados. Não é o momento de ter critica", disse.
A deputada estadual Janaina Riva (MDB) lembra da inconstitucionalidade do projeto, já que o Código Florestal proíbe expressamente a caça de animais silvestres.
“A sociedade está falando sobre a preservação, sobre os cuidados que devemos ter com os animais, da proteção, então esse projeto é contra tudo isso e além de tudo é inconstitucional”, declarou.
Projeto - No projeto, Cattani aponta que a caça terá o objetivo de aumentar a interação do homem com a natureza, controle populacional de espécies consideradas ameaçadas, incentivo a conservação de habitats e espécies ameaçadas de extinção.
A ativista Luisa Mell gravou um vídeo para as suas redes sociais, criticou a iniciativa e pediu ajuda dos demais deputados para serem contra o projeto.
Durante o vídeo, em que chegou a ficar emocionada ao ler os objetivos da caça descritos por Cattani em seu projeto de lei, Luisa chega a falar em absurdos.
"Que esporte! Vocês matam porque vocês são cruéis, covardes. Não tem nada de esporte, não tem nada a ver com isso. Interação com homem e natureza - ainda tenho que ler uma coisa dessa. Olha que barbaridade", disse no vídeo.
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