MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
O deputado estadual Gilberto Cattani (PL) foi indicado como testemunha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) na Câmara dos Deputados, e pode ser chamado a prestar depoimento. Cattani é opositor ferrenho do MST, movimeneto que acusa de invasões ilegais, mas o próprio deputado é acusado pelos irmãos Fábio e Fabiano Aparecido Brésio de atuar na invasão de suas terras no Assentamento Pontal do Marape, em Nova Mutum.
O requerimento para ouvir Cattani na CPI do MST partiu do deputado federal Capitão Alden (PL-BA), e ainda precisa ser aprovado na comissão. Alden pede que Cattani seja ouvido como assentado do Pontal do Marape por ser "amplamente reconhecido como um profundo conhecedor da questão fundiária". A experiência como assentado, e o engajamento no tema, "o tornam uma voz relevante para os trabalhos desta Comissão Parlamentar de Inquérito", na opinião de Capitão Alden.
Cattani responde a duas ações civis de Fábio e Fabiano Brésio, que acusam o deputado de "esbulho", o termo jurídico para invasão de terras. Os irmãos afirmam terem sido expulsos do Pontal do Marape por Cattani, que à época era presidente da Associação Geral da Agricultura Familiar do Pontal do Marape. O deputado teria atuado junto de Arnaldo José Pozzebon, um amigo próximo da família do parlamentar que seria o responsável direto pelo esbulho do lote, em 2019, segundo a ação.
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Fabiano afirma que Cattani e Arnaldo o teria coagido, sob ameaça, para que assinasse uma declaração de desistência do lote no assentamento. A área está sob domínio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Cattani, enquanto presidente da associação, teria emitido um documento dando direito ao lote para Ane Carolina Leite da Silva, nora de Arnaldo.
Ane é casada com Vinícius, filho de Arnaldo, e os dois são sócios das empresas VR Gestão Empresarial e V Pozzebonn Ltda. Para a defesa dos irmãos Brésio, a atuação empresarial confirmaria que o filho e a nora de Arnaldo não são agricultores e, por isso, não teriam qualquer direito à terra no assentamento.
Em meio ao processo de transferência do direito aos parentes do amigo, o deputado teria encaminhado documentos supostamente escritos e assinados por um dos irmãos Brésio. O homem, porém, não é alfabetizado e não poderia ter redigido o termo de desistência do lote junto ao Incra.
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