Ana Flávia Nasrala
Reconhecer os sintomas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode fazer a diferença entre a vida e a morte de uma pessoa. A celeridade em identificar sinais como boca torta, alteração na fala, perda de mobilidade e da força muscular, dor de cabeça súbita e olhar fixo para apenas um lado, são essenciais para chamar o socorro e realizar o atendimento médico a tempo de evitar o óbito ou sequelas mais graves decorrentes da doença.
O AVC ou derrame cerebral, como é popularmente conhecido, é uma doença que ocorre quando o fluxo de sangue para o cérebro é bloqueado ou interrompido, privando as células cerebrais de oxigênio e nutrientes. Ele pode ser causado pela obstrução de uma artéria, o que caracteriza um AVC isquêmico ou pelo rompimento de um vaso sanguíneo, o que é chamado de AVC hemorrágico.
Conforme estudo publicado em outubro de 2024 pela revista científica “The Lancet Neurology”, o número de acidente vascular cerebral aumentou 14,8% em pessoas com menos de 70 anos no mundo. Dados da Rede Brasil AVC apontam que no país, em torno de 18% dos casos ocorreu com pacientes com idades entre 18 e 45 anos.
Entre janeiro e agosto de 2024, 39.345 brasileiros perderam a vida devido ao AVC, uma média de seis óbitos por hora, segundo informações do Portal de Transparência do Registro Civil (ARPEN Brasil).
Porém, em nível global os percentuais são alarmantes, já que em pouco mais de 30 anos, o volume de casos de AVC teve acréscimo de 70%. Com um aumento de 44% nas mortes por AVC e 32% no agravamento de condições relacionadas à doença. No total, foram 11,9 milhões de novos casos no mundo.
Fatores genéticos e hereditários, sedentarismo, alimentação inadequada, obesidade, diabetes e hipertensão, mudanças climáticas, altas temperaturas e a poluição ambiental, são classificados como responsáveis pela magnitude da doença em todo o planeta, de acordo com estudos de órgãos internacionais.
Recuperação - A melhor plasticidade neuronal faz com que pacientes jovens tenham mais chances de sobreviver ao AVC e de recuperar-se das sequelas a longo prazo, em comparação aos pacientes idosos.
Apesar disso, o tratamento e a recuperação de um AVC podem ser desafiadores e cansativos, independente da idade do paciente.
Estudos revelam que há uma ‘janela de oportunidade’ de recuperação no cérebro que varia entre 6 meses e 1 ano após o AVC. Se nesse prazo ocorrer o restabelecimento das funções afetadas, consideramos uma boa recuperação. Porém, se não acontecer, o paciente precisará aprender a conviver com as sequelas adquiridas. O que não é algo incomum de suceder.
Por fim, devemos estar cientes que mesmo não tendo conhecimentos médicos, as pessoas podem salvar vidas. Aprenda a identificar os sintomas do AVC, porque quando se trata de acidente vascular cerebral, o tempo é fundamental. Observou os sinais, chame imediatamente uma ambulância!
*Ana Flávia Nasrala é médica cardiologista e diretora técnica da Help Vida Cuiabá.
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