ALLAN PEREIRA
Da Redação
"Vai ser passado uma borracha em cima disso?". É o questionamento feito pela empresária Patricia Hellen Guimarães, mãe da estudante Isabele Guimarães, sobre a decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) que concedeu liberdade a adolescente responsável pelo disparo de arma na garota de 15 anos.
Na data exata que completa dois anos da morte da filha, Patricia organizou uma manifestação na manhã desta terça-feira (12), em frente ao Colégio Maxi, no Centro da Capital.
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A empresária fez um apelo aos desembargadores e pediu a reversão da decisão de soltura a B.O.C., que foi sentenciada a internação socioeducativa por dar o disparo que matou a amiga.
"Vai ficar como se nunca tivesse acontecido? [B.O.C.] vai voltar a vida normal, estudando e viajando? Por que não foi um assassinato; foi um crime. Então, um crime deve ser tratado com rigor que ele merece. Não encontrei um dia melhor para sensibilizar todos vocês aqui, a sociedade e, principalmente, o Tribunal de Justiça", pontuou Patricia.
A empresária destaca que há testemunhas que comprovam que a morte da filha não foi um acidente e questiona o motivo da segunda instância do Tribunal ter concedido a liberdade a B.O.C.
"Porque ela é diferente dos demais? A minha filha não vai voltar nunca mais, mas ela, certamente, vai poder desfrutar de uma vida como se nada tivesse acontecido e sem consequências dos atos que não só ela cometeu, mas que a família também. Naquele dia, a gente sabe que as armas estavam ali todas dispostas com a casa cheia de menores. A gente sabe que não foi só culpada disso tudo não", disse.
Sobre a perda da filha, Patricia diz que a data guarda um peso da lembrança do assassinato dela. "É um dia que eu carrego com tristeza no coração", disse.
O Ministério Público já protocolou um recurso, do tipo embargos de declaração, em uma tentativa de reverter a decisão de soltura.
Além disso, o MP busca reverter a mudança da qualificadora de doloso para culposo.
A 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça acatou uma apelação da defesa e determinou a liberdade da adolescente B.O.C. e modificou o entendimento da infração análoga a crime de doloso (quando há intenção ou se assume a possibilidade de morte) para culposo (quando não há intenção) no dia 8 de junho.
B.O.C. ficou pouco mais de um ano e meio no Lar Menina Moça, no Complexo Pomeri, até ser beneficiada com a soltura.
A sentença era de internação por até três anos, com reavaliação a cada seis meses, e vinha sendo mantida.
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