ANGELA JORDÃO
DA REDAÇÃO
O servidor da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e ex-segurança da Casa Civil do estado, Valdecir Cardoso de Almeida, responsável por gravar deputados estaduais recebendo dinheiro vivo, supostamente de propina, do ex-chefe de gabinete do então governador Silval Barbosa, Silvio Cesar Corrêa, firmou um acordo de não persecução penal (ANPP) com o Ministério Público. Ele é réu pelo crime de falso testemunho (artigo 342 do Código Penal).
O acordo foi homologado pela juíza Alethea Assunção Santos da 7ª Vara Criminal de Cuiabá e publicado no Diário Eletrônico de Justiça nessa quinta-feira (13/03), e prevê que Valdecir terá que pagar R$ 4.236,00, equivalente a três salários-mínimos, parcelado em duas prestações, a iniciar em abril.
"Homologo referido acordo de não persecução penal para que surta seus regulares efeitos, mediante o devido cumprimento das condições impostas pelo Ministério Público neste ato processual, salientando que, havendo o descumprimento de quaisquer das condições estipuladas, poderá ocorrer a rescisão e prosseguimento da ação, nos termos do §10º do art. 28-A do Código de Processo Penal", diz a sentença.
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Gravação de encontros
Valdecir foi apontado pelo ex-chefe de gabinete do ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa, Sílvio Corrêa, como o responsável por instalar uma microcâmera no gabinete dele para gravar políticos recebendo suposta propina. Ele, porém, negou ter instalado o equipamento e disse que apenas o centralizou.
Entre os parlamentares gravados recebendo o dinheiro, está o ex-prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, que na época das gravações era deputado estadual. Após a divulgação das imagens em 2017 - a partir da delação de Silval Barbosa - quando Emanuel já era prefeito, a Câmara de Vereadores de Cuiabá instalou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar as circunstâncias em que foram feitas a entrega do dinheiro. A CPI foi apelidada de "CPI do Paletó" em alusão as imagens de Emanuel Pinheiro recebendo as notas de dinheiro e colocando nos bolsos do paletó que estava usando.
Valdecir, que foi um dos depoentes na Comissão, afirmou na época, que atuava como segurança de Sílvio Corrêa e que ficava com o telefone pessoal dele. Ele, então, contou ter atendido ligações do irmão de Emanuel Pinheiro cobrando do então chefe de gabinete uma dívida com pesquisa de intenção de voto. No entanto, Valdecir disse não saber se o dinheiro que Emanuel Pinheiro aparece, nas imagens recebendo era para o pagamento da dívida relativa a pesquisa.
Em fevereiro de 2024, Valdecir Cardoso de Almeida foi transferido de cargo dentro da ALMT, passando a ocupar um posto na Presidência da Mesa Diretora.
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