DA REDAÇÃO
Com quase 20 anos de existência, a Matosul Transportes Ltda que opera no setor de transportes de suprimentos para o agronegócio entrou com pedido de recuperação judicial junto a Vara Cível de Sinop. Antes da crise, agravada pela pandemia, a empresa que possui sede em Sorriso chegou a ser a transportadora que mais movimentou semente de soja no estado e para o estado de Mato Grosso.
Conforme o advogado que representa a transportadora no processo, Antônio Frange Júnior, a alta inadimplência de alguns clientes de grande expressão orçamentária, o aumento do quadro de funcionários e a elevada carga tributária do mercado interno, principalmente, com a chegada da pandemia, foram alguns dos motivos que levaram os sócios a requererem a medida judicial.
“Além disso, eles fizeram um grande investimento sem o retorno esperado, fazendo com que eles recorressem a empréstimos pessoais junto a bancos com elevadíssima taxa de juros. Sem falar dos inúmeros gastos de manutenção da frota e os 18 acidentes de trânsitos que aconteceram em um curto espaço de tempo com os veículos de carga da transportadora, além de 23 cargas roubadas e 22 cargas tombadas e saqueadas que foram embarcados em caminhão de terceiros”, afirma Frange nos autos do processo.
A Matosul Transportes mantém filiais no Paraná, Goiás, Pará e Mato Grosso do Sul e já teve pontos de embarques avançados nas cidades de Formosa (GO), Novo Progresso (PA), Paranaguá (PR) e nos municípios mato-grossenses de Rondonópolis, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop e Matupá. Mas, diante da crise, cinco unidades foram fechadas e, atualmente, a empresa tem 104 colaboradores com uma frota de 50 veículos.
“Devido a importância social que a transportadora exerce em Mato Grosso, com geração de emprego e renda, e o interesse dos empresários em se manterem no mercado que adentramos junto a Justiça da comarca de Sinop o pedido de recuperação judicial. Uma ferramenta jurídica que permite a negociação com os credores e que durante um prazo determinado ficam suspensas as cobranças e negativações junto aos órgãos de crédito. É o que chamamos de período de blindagem, até que a transportadora se reestabeleça no mercado”, explica Frange.
CRISE - Em 2019, a Matosul fez a aquisição de 150 caminhões usados na configuração Rodotrem, sendo conjuntos compostos das marcas Scania e Randon, unicamente. Para suporte nas operações, também aumento número de funcionários e chegou a ter mais de 200 colaboradores. Custo fixo este que, com a pandemia, fez com que a empresa buscasse aportes financeiros para custear as folhas de pagamento dos funcionários através de linhas de créditos.
Além de custos de manutenções mecânicas da frota adquirida, o aumento dos valores das peças de reposição da frota, juntamente com as sucessivas altas do preço do óleo diesel e o custo de pneus pioraram a situação. Por outro lado, o congelamento dos preços de fretes não acompanhou o movimento de alta do custo dos insumos.
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