LÁZARO THOR e ALLAN PEREIRA
Imagine uma rotina de trabalho que pode chegar a 10 ou 12 horas por dia. Acrescente a isso condições que vão desde falta de assistência em caso de acidentes até ausência de lugar para fazer suas necessidades. Sim, isso mesmo, alguns entregadores de aplicativo de Cuiabá e Várzea Grande (e de todo Brasil) encontram dificuldades para conseguir um copo de água e até para ir ao banheiro.
Parte dessa cruel realidade foi revelada em um protesto realizado nesta quinta-feira (30) por entregadores de aplicativos como Uber, Ifood, 99 e outros. Eles são a razão de ser dessas ferramentas tecnológicas e modernas, mas trabalham em condições absolutamente desfavoráveis.
O protesto foi realizado por conta da morte de Orlando Gomes, que caiu em um buraco no bairro Popular e foi atropelado por uma mulher grávida, que passava pelo local. A mulher tentou desviar do acidente, mas não conseguiu.
"A gente vem se unindo mais diante de muitas situações que vem ocorrendo quando a gente não conta com apoio", explicou Elton da Silva Moreira, de 38 anos, membro do grupo varzea-grandense denominado Anjos da Entrega. "Se precisamos usar um banheiro precisamos ir dentro do shopping, alguns estabelecimentos disponibilizam banheiros, tem um bebedouro e uma água, mas é complicado", completou Elton.
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O Anjos da Entrega, do qual Elton faz parte, é um grupo criado para fornecer ajuda mútua entre entregadores. A ideia é simples: se alguém está doente, ajuda é oferecida, se alguém se acidenta, os entregadores se juntam para apoiar o acidentado.
Sem sindicato nem associação específicos, os entregadores formaram grupos, de amigos e colegas, em que se defendem mutuamente. Trata-se de um contingente de trabalhadores completamente esquecido pelos políticos da capital e do estado.
"O motoboy sofre discriminação, a gente vê um amigo nosso querido perder a vida da forma que perdeu é muito triste", diz Elton emocioando em entrevista ao Midiajur. "Foram lá hoje de manhã e fecharam o buraco, tiveram a oportunidade de fechar e não fizeram, completou.
A gente não conta com ajuda de ninguém, o aplicativo disponiliza mensagens como se estivesse seguro, mas na prática a gente não conta com esse tipo de serviço
Wilson William, presidente do sindicato de motoboys e mototaxistas, critica com veemência a falta de manutenção em ruas da capital de Mato Grosso.
"A gente sempre vai esperar um motoboy falecer ou sofrer um acidente drástico para poder um arrumar um erro que a prefeitura poderia ter arrumado antes?", questiona William.
"Sempre um descaso, sempre deixando a gente para depois, sendo que a gente é extremamente importante para a economia do município", afirmou.
O protesto seguiu para a Câmara de Cuiabá, onde manifestantes foram cobrar respostas de políticos de Cuiabá.
"A gente está vindo aqui porque houve uma fatalidade, mas todo dia um motoqueiro cai, quebra uma perna, nós temos muitas coisas para falar, a somatória de tudo isso é falta de cuidado, que ceifou a vida do nosso amigo Orlando", completou William.
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Lucas Costa 31/03/2023
Mentira! Basta o entregador contribuir como MEI e assim não precisamos de ajuda do governo. É justamente isso que o governo quer, cria uma dependência do entregador. Essa regulamentação dos apps virá para acabar com o serviço no Brasil.
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