LETICIA PEREIRA
Da Redação
Um motorista de ambulância concursado, que preferiu não se identificar, denunciou ao MidiaJur o descaso da prefeitura de Várzea Grande com a saúde do município após a derrota do prefeito Kalil Baracat (MDB) à reeleição. Desde o dia 7 deste mês, os pacientes que precisam ser transportados em ambulâncias não têm mais maqueiros à sua disposição, forçando idosos e doentes a caminhar até a sala de atendimento.
Segundo a fonte, os 22 motoristas de ambulância do município cumpriam jornada dupla como maqueiros em troca de um bônus de R$ 1.300 no salário, mas tiveram o benefício cortado pelo ofício circular nº 015 de 2024, emitido pela Secretaria Municipal de Administração.
Após o corte, a prefeitura não contratou novos profissionais para desempenhar a função, deixando uma lacuna no serviço de atendimento à população várzea-grandense. A consequência, conforme o denunciante, são unidades de saúde superlotadas.
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“Quem está acamado não sai para transporte porque não tem maqueiro suficiente, então fica aquele caos. E tem a pessoa que precisa fazer uma tomografia, uma transfusão de sangue, uma transferência, ou tem algum tipo de deficiência e não consegue sair de dentro da unidade”, disse.
Os motoristas se uniram, tentaram reaver o bônus e notificaram oficialmente a prefeitura sobre a situação calamitosa, mas, de acordo com o relato, foram ignorados. A realidade é que muitos motoristas têm se visto obrigados a realizar a dupla função mesmo sem a devida compensação financeira garantida pela Justiça de Mato Grosso.
Sistema de privilégios
O servidor ainda contou que integrantes da classe política do município, além de família, parentes e amigos não sofreram com o cenário porque são beneficiados com o transporte feito pela empresa Taiamã Emergências Médicas e pago pela prefeitura. O serviço privado deveria ser uma exclusividade para pacientes de casos graves, independente de conexões pessoais.
Ao todo, a prefeitura desembolsou R$ 5.322.998 para contratar os serviços da Taiamã Emergências Médicas pelo período de um ano, conforme um documento publicado no Jornal Oficial Eletrônico dos Municípios, no dia 27 de maio deste ano.
Segundo o relato do motorista, os privilegiados são apelidados pelos profissionais de saúde como “VIP Saúde”.
O outro lado
Por meio da sua assessoria, a prefeitura alegou que a medida de retirar o bônus salarial dos servidores se trata apenas de um processo de organização financeira prevista pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e não tem qualquer relação com motivações políticas. Veja a nota:
As decisões adotadas até este momento se referem às obrigações impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), quanto ao último quadrimestre da atual gestão e que tem obrigações de entregar à futura prefeita eleita, em situação de normalidade e em ordem com contas pagas e aquelas continuadas que vencem mês a mês, devem ter a previsão da receita necessária para serem honradas no primeiro mês da futura gestão. Todo o resto é manifestação política sem necessidade.
Não houve até o momento, porque não foi pago nenhum salário após as eleições, qualquer tipo de corte, apenas e tão somente a determinação de que horas extras e vantagens adicionais ao salário que está com seu pagamento garantido e na data correta, depende de autorização do coordenador ou chefe e da comprovação de que as mesmas se demonstraram necessárias e foram cumpridas.
Não estão descartadas as possibilidade de redução nos contratos temporários, mas se acontecerem serão preferencialmente nas áreas administrativas, preservando áreas essenciais como saúde, educação, segurança, social.
Veja vídeo:
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