DA REDAÇÃO
Principal líder do Comando Vermelho em Mato Grosso, Sandro Rabelo da Silva, o Sandro Louco, revelou como funcionou a instalação e funcionamento do mercadinho e cantina que funcionava na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá. O esquema entre o Comando Vermelho e servidores que operavam o "mercadinho" na PCE foi desbaratado na Operação Nexus, deflagrada nesta terça-feira (3) pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
Em depoimento divulgado pelo G1 Mato Grosso, Sandro Louco contou que a ideia de criar o estabelecimento na PCE surgiu em 2012, quando ele retornou do Sistema Penitenciário Federal para a PCE. "Tinha aquela burocracia da família trazer, porque trazia droga, isso e aquilo, e não tinha nada a ver", relatou.
O projeto, idealizado com um amigo preso, foi apresentado à direção da PCE à época, que gostou da ideia e decidiu implantá-lo sob coordenação da Associação dos Servidores da Penitenciária Central (Aspec).
"A secretária fez a analise e viu que ia entrar muito dinheiro. Aí, eles pegaram esse projeto e levataram a eles mesmo, que é a Aspec, que fornece compras para nós", relatou.
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Sandro Louco afirmou que teve o controle da cantina/mercadinho da PCE de 2013 a 2022, obtendo grandes lucros com a situação. "Eu tinha um lucro quinzenal de R$ 25 a R$ 30 mil. Então, quando fechava o mês, tinha um lucro de R$ 70 mil a R$ 75 mil por mês, em cima das compras. Eu comprava da Aspec e revendia para os presos".
O líder da facção seguiu falando que a Aspec é controlada pelos servidores do sistema prisional. Porém, parte do do os presos repassavam no pagamento da associação, ia para ele. "A gente faz a lista, lança pra eles, e eles mandam os produtos para nós", exemplificou.
Sandro Louco contou que os detentos usavam do mercado da associação e de seu próprio negócio para realizar compras na PCE. "Acabou a compra deles, eles vão comprar o que está ali no momento. Não vão esperar 15 dias", frisou.
Outra forma que o faccionado recebia o dinheiro era através dos familiares dos presos. "Arrecadava dinheiro com os familiares dos presos nas visitas. Ou passavam para familiares meus no lado de fora do presídio", complementou.
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