MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Em um ano em que já anunciou que deve tentar a reeleição, o senador Wellington Fagundes (PL) solicitou R$ 160,2 milhões em emendas de relator, o chamado "orçamento secreto" operado pela cúpula do Congresso Nacional junto ao Palácio do Planalto.
Wellington aparece entre os 20 parlamentares que mais fizeram indicações dessas emendas, da rubrica RP-9, utilizada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) para manter sua base de apoio na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Ele é o 9º com maior valor em emendas do "orçamento secreto".
Os recursos, que ainda precisam ser empenhados e pagos pelo governo às prefeituras indicadas pelos senadores e deputados, devem ter um peso na reeleição, segundo o economista Bruno Carazza, responsável pelo levantamento, divulgado em coluna no Valor Econômico.
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"Apesar de as regras do sistema eleitoral incentivarem a concorrência, outras forças do sistema político atuam na direção contrária, criando vantagens para aqueles que já ocupam um cargo (os incumbentes) frente aos seus desafiantes", aponta o economista.
Em Mato Grosso, Wellington tem como desafiantes o deputado federal Neri Geller (PP), a médica Natasha Slhessarenko (PSB), o produtor rural Antônio Galvan (PTB), e possivelmente uma candidatura da federação formada por PT, PV e PCdoB, ainda sem nome definido. Desses, apenas Neri também tem acesso às emendas de relator.
"O próprio exercício do poder é um anabolizante natural, pois garante visibilidade na mídia e permite levar obras e benefícios a seus redutos eleitorais", afirma Carazza.
No Brasil, a classe política trata de "turbinar essas vantagens", aponta o economista. Além dos recursos de cota parlamentar, que permitem custear viagens, publicidade e consulturas, entre outras benesses na divulgação do mandato, há ainda o Fundo Partidário, de R$ 1,1 bilhão, e o Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o popular "Fundão", estimado em R$ 4,9 bilhões. Wellington é presidente estadual do PL.
"Como se não bastasse, temos ainda os bilhões das emendas de relator sendo distribuídos pelas cúpulas da Câmara, do Senado e da Presidência da República. Convertido em obras e equipamentos, o orçamento secreto funciona como um doping para a reeleição de deputados e senadores. Seja pela via dos votos dados em gratidão pela população atendida, seja pela possibilidade de superfaturamento de contratos que levam ao financiamento ilício de campanhas, não é à toa que a lista das indicações de emendas de relator não para de crescer no Congresso", diz o colunista.
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