MIKHAIL FAVALESSA E ALLAN PEREIRA
Da Redação
O senador e candidato à reeleição Wellington Fagundes (PL) negou que haja um desequilíbrio eleitoral em razão do acesso desproporcional a emendas do chamado "orçamento secreto" entre os parlamentares de Mato Grosso. A fala foi feita na terça-feira (13) depois de um encontro com candidatos ao Senado na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio).
No orçamento de 2022, Wellington indicou R$ 150 milhões das emendas RP-9, ou "emendas do relator-geral do Orçamento", a rubrica do orçamento secreto. Em comparação, o deputado federal Neri Geller (PP), que também era da base do presidente Jair Bolsonaro (PL) e disputa vaga no Senado contra Wellington, acessou 13 vezes menos recursos: foram R$ 11,3 milhões em emendas RP-9 para o pepista em 2022.
"Eu não (recebo), quem recebe é municípios e Estado. Não, esse é um papel do Parlamento. Eu fui relator do orçamento. Uma coisa boa é eu poder trabalhar e ajudar o meu Estado. Praticamente conseguimos triplicar o orçamento do Instituto Federal de Educação Tecnológica, são 27 mil alunos. Criamos a segunda universidade federal de Mato Grosso. Estamos construindo várias sedes de institutos federais. Aqui em Várzea Grande, o campus da Universidade Federal e do IFMT estavam abandonados há muito tempo, 17 escolas técnicas federais nós conseguimos recurso para instalar usinas fotovoltaicas. Isso representa o quê? Menos custeio, sobra mais recursos. Nós estamos construindo hospitais. O curso de medicina de Rondonópolis está recebendo todos os investimentos, um ambulatório para ensino e pesquisa", defendeu o senador, citando articulações feitas por ele enquanto relator para a Educação na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022.
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Os recursos da LOA de relatoria de Wellington são diferentes daqueles enviados via emendas RP-9.
"O meu papel é trabalhar intensamente para trazer recursos para o meu Estado. Quando nós criamos uma nova universidade, nós não estamos tirando recurso da existente, não, nós estamos trazendo mais recursos do bolo de Brasília. Quando a gente quer criar mais uma universidade lá em Sinop, vamos trazer mais recursos de Brasília. Eu sou representante de Mato Grosso, e eu disse: nós temos só oito deputados federais, São Paulo tem 70. Felizmente nós temos um pouco de equilíbrio no Senado. E como senador, eu represento o Estado e podia estar lá apenas trabalhando a Casa da revisão, fazendo um papel de senador acomodado, fazendo meus projetos de lei. Não. Eu continuo sendo um político municipalista, eu não abro mão disso, estou presente nos 141 municípios de Mato Grosso", discursou.
Uma reportagem do Estadão publicada na segunda-feira (12) mostrou que nove dos 13 senadores que disputam reeleição indicaram emendas do orçamento secreto. A reportagem aponta que "a falta de transparência na indicação das chamadas emendas de relator, nome técnico do orçamento seccreto - esquema relevado pelo Estadão -, faz com que os recursos sejam remanejados por meio de critérios políticos, em vez de técnicos. Além disso, não há publicidade dos atos".
As maiores emendas de 2022 de Wellington foram destinadas da seguinte maneira: R$ 50 milhões para asfalto em Sinop; R$ 25 milhões para estradas vicinais em São Félix do Araguaia; R$ 22 milhões para assistência hospitalar no Estado; e mais R$ 12 milhões para estradas vicinais via Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf).
"Quaisquer municípios em que vocês forem, como eu vou agora na campanha receber o abraço e as pessoas, 'olha que coisa boa você fez aqui para mim, olha que obra importante que você trouxe para a nossa cidade'. Então, é isso que me move. E eu não abro mão, como mato-grossense, de brigar no orçamento para que os recursos venham para Mato Grosso. Se puder fazer mais, vou fazer mais", argumentou.
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