AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO
Durante as investigações da 3ª fase da Operação Sodoma, mais um empresário confessou ter pago propina para manter contrato com o Governo do Estado, durante a gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
Além de Willians Paulo Mischur (Consignum), o empresário Júlio Minoru Tisuji, sócio proprietário da Webtech Softwares e Serviços Ltda., afirmou, em depoimento à Delegacia Fazendária (Defaz), que fez repasses de dinheiro a César Roberto Zílio e Pedro Elias Domingos de Mello, que ocuparam o comando da Secretaria de Administração (SAD), entre os anos de 2011 e 2014.
Júlio também afirma que foi achacado para pagar propina à organização, sob ameaça de ter seu contrato cancelado e também afirma que efetuou pagamentos, tanto para César Zílio como para Pedro Elias
De acordo com o sócio proprietário da Webtech, os repasses a titulo de propina consistiam em 20% do faturamento de sua empresa.
Júlio Tijusi disse que, nos meses de novembro e dezembro de 2012, realizou o pagamento de R$ 89 mil, por meio de dois cheques a Zílio.
O empresário ainda declarou que foi “achacado” a pagar tais propinas, "sob ameaça de ter seu contrato cancelado".
“Também afirma que efetuou pagamentos tanto para César Zílio como para Pedro Elias”, diz trecho de decisão da juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
Conforme informações levantadas pelo MidiaNews, a Webtech Softwares e Serviços Ltda. foi contratada pelo Governo do Estado, no ano de 2011.
Os repasses, conforme a decisão da juíza, coincidem com os meses em que houve a expedição de empenho pela SAD em favor da Webtech (novembro de 2012, no valor do empenho de R$ 313,1 mil e dezembro de 2012, no valor do empenho R$ 2,02 milhões).
A contratação da empresa de Tisuji ocorreu para, entre outras obrigações, organizar o acervo documental dos benefícios de aposentadorias e pensões, ativos e cessados do Estado de Mato Grosso.
À Defaz, Tisuji ainda revelou que a partir do ano de 2013 começou a repassar o valor referente a propina ao ex-secretário Pedro Elias, e não mais a Cézar Zílio. A manutenção da propina, segundo ele, assegurou o contrato da empresa com o Governo do Estado.
MidiaNews
Outros pagamentos
De acordo com a juíza Selma Arruda, além dos depoimentos de Willians Paulo Mischur e Júlio Minoru Tisuji, a descoberta de R$ 283 mil nas contas do ex-secretário César Zilio, oriundos da empresa EPG da Silva ME (Intergraf Gráfica e Editora), apontaram mais um suposto envolvido no pagamento de propina, que seria o empresário Evandro Gustavo Pontes da Silva.
Evandro chegou a ser conduzido coercitivamente à Defaz, durante a deflagração da Operação Sodoma 2.
“Além disso, a empresa EPG da Silva ME, cujo sócio é Evandro Gustavo Pontes da Silva, também teria efetuado pagamentos a título de propina a tais agentes públicos, fato que restou constatado com a descoberta do valor de R$ 283 mil oriundos das contas bancárias da empresa como parte do pagamento total do tal terreno adquirido por Cézar Roberto Zílio pela bagatela de R$ 13 milhões”, declarou Selma Arruda.
Sodoma
A primeira fase da operação, deflagrada em setembro do ano passado, identificou a prática de esquemas de suposta cobrança de propina em troca de benefícios fiscais no Estado.
O empresário João Batista Rosa, de Cuiabá, fez delação premiada e confirmou que pagava propina, além de ter dado detalhes do esquema.
Nesta primeira fase, foram presos os ex-secretários Pedro Nadaf (Casa Civil), Marcel Cursi (Fazenda) e o ex-governador Silval Barbosa - que conseguiu revogar a prisão por meio de habeas corpus.
A segunda fase, deflagrada no último dia 11, detectou movimentações financeiras de empresas que teriam pago propina ao ex-secretário César Zílio.
Além de Zílio, foram cumpridos mandados de prisões preventivas contra o dono da Consignum, Willians Paulo Mischur; os ex-secretários Pedro Nadaf e Marcel de Souza Cursi; e a ex-secretária de Nadaf, Karla Cintra. Willians Mischur e Karla Cintra foram soltos.
A Sodoma 3 foi deflagrada após as revelações contidas no depoimento de Mischur, no dia 23 deste mês.
Mischur relatou que tinha que pagar propinas mensais de R$ 500 mil ao ex-secretário de Administração Cézar Zílio para manter o contrato da Consignum com o governo estadual. Após a saída de Zílio da secretaria, a alegada propina teria passado a ser paga ao ex-secretário Pedro Elias, que repassaria os valores a Silval Barbosa.
Além de Silval e Pedro Elias, a Operação Sodoma 3 culminou na prisão do ex-secretário adjunto de Administração, coronel José Jesus Nunes Cordeiro, e do ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa, Silvio Cezar Correa Araújo.
Leia mais:
Empresário diz que ex-governador tratou diretamente sobre propina
Aliado de Silval teria pressionado empresário a aumentar propina
Juíza: grupo liderado por Silval foi “parasita” dos cofres públicos
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.