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MEIO AMBIENTE Quarta-feira, 18 de Novembro de 2015, 17:51 - A | A

18 de Novembro de 2015, 17h:51 - A | A

MEIO AMBIENTE / OPERAÇÃO ASAFE

STJ condena Stábile à seis anos de prisão e perda do cargo

Desembargador foi acusado de integrar esquema de venda de sentenças

LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO



A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), condenou, por unanimidade o desembargador Evandro Stábile, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, a seis anos de prisão, em regime fechado, e perda do cargo, além de pagamento de multa.

A decisão foi proferida na tarde desta quarta-feira (18). Os detalhes dos votos dos ministros foram divulgados pelo site jurídico Migalhas. À decisão cabe recurso.

A condenação foi motivada por uma ação proposta pelo Ministério Público Federal (MPF), que o acusou de ter participado de suposto esquema de venda de sentenças, investigado pela Polícia Federal na Operação Asafe.

O desembargador foi afastado em 2010, enquanto presidia o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT). Ele também responde a Processo Administrativo Disciplinar (PAD) no TJ-MT pelos mesmos fatos.

De acordo com o site Migalhas, a relatora do caso, ministra Nancy Andrigui, afastou a tese de Stábile, de que as interceptações telefônicas teriam sido nulas e de que teria ocorrido cerceamento de defesa.

Para ela, os fatos narrados pelo MPF apontam que o desembargador aceitou “vantagem indevida seguida de uma solicitação de igual proveito escuso” para beneficiar um candidato à prefeitura de Alto Paraguai.

“A conduta do desembargador não pode ser considerada penalmente irrelevante. Não por acaso foi localizado em sua residência, em busca e apreensão dessa relatora, uma cópia de relatório e votos que seriam proferidos no recurso eleitoral. O conjunto probatório não deixa dúvidas quanto à sua participação ativa. O crime imputado se consumou quando teve a aceitação e a solicitação de vantagens indevidas.”, diz trecho do voto de Nancy Andrigui.

Também votaram pela condenação do desembargador mato-grossense a ministra revisora da ação, Laurita Vaz, e os ministros João Otávio de Noronha, Humberto Martins, Maria Thereza de Assis Moura, Napoleão Nunes Maia Filho, Herman Benjamin, Jorge Mussi, Benedito Gonçalves e Raul Araújo.

O alvará de prisão, no entanto, só será emitido após o trânsito em julgado da sentença, ou seja, quando não houver mais possibilidade de recurso.

Caso não consiga reverter a decisão, o desembargador perderá o cargo e não terá direito a receber aposentadoria compulsória.

O esquema

As investigações tiveram início em Goiás, onde a Polícia Federal apurava as ações de um bando que atuava no tráfico internacional de drogas. Durante o trabalho, surgiram indícios de existência de um esquema de venda de sentenças, no âmbito da Justiça Eleitoral em Mato Grosso.

A partir daí, foi instaurado inquérito perante a Vara da Justiça Federal em Cuiabá. A Operação Asafe foi deflagrada e ao todo, 38 pessoas foram listadas como suspeitas de participação, entre elas E.S, que presidia o Pleno do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o desembargador José Luiz de Carvalho (já falecido), do TJMT, e o juiz Círio Miotto.

Em outubro de 2012, o STJ decidiu pelo recebimento de denúncias contra Stábile e Carvalho, que passaram a figurar como réus na ação penal que tramita na Corte.

O juiz Miotto, como foi aposentado compulsoriamente pelos fatos e perdeu o cargo, será julgado na 1ª Instância da Justiça Estadual.

Pedidos negados

A Corte do STJ já havia negado vários pedidos do magistrado durante o trâmite da ação, em relação a requerimentos de viagens para o exterior. O fato chegou a provocar críticas da ministra Nancy Andrigui, que alegou a tentativa de E.S em tumultuar o trâmite do processo.

Em um dos pedidos, o desembargador solicitou que fosse reconsiderada a decisão que negou a ele o direito de voltar a Miami, nos EUA, para supostamente terminar um curso de culinária.

Para a ministra, Stábile pareceu desconsiderar o fato de que responde a uma ação penal que o acusa de fatos graves “que não condizem com o sem número de tentativas voltadas a justificar suas idas e vindas ao exterior”. 

“Não bastasse todo tumulto causado no decorrer da instrução, que lhe rendeu a aplicação de medidas cautelares, exatamente por permanecer, por longo período, sem autorização, nos Estados Unidos”, relatou Andrighi, que já havia determinado a volta de E.S a Cuiabá, sob fiança de R$ 25 mil.

Em outro pedido julgado pela Corte Especial, Stábile novamente insistiu na oitiva do ex-prefeito de Alto Paraguai, Alcenor Alves de Souza (PMDB), mesmo com o encerramento da fase de depoimentos.

Ele argumentou que a testemunha não foi intimada e que a defesa não concordou em desistir de tal depoimento.

A tese de Stábile foi refutada pela ministra Nancy Andrigui, que considerou os argumentos como mero descontentamento com a decisão anterior do STJ.

Citado na Ararath

O desembargador afastado também foi citado nas investigações da Operação Ararath, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro, corrupção e crimes contra o sistema financeiro.

De acordo com depoimento do empresário Júnior Mendonça, delator do esquema, Stábile teria vendido uma decisão favorável ao prefeito de Sinop, Juarez Costa (PMDB), por R$ 500 mil (leia AQUI).

Leia mais:

Ministra critica “tumulto” causado por Stábile em ação

STJ nega pedido de Stábile para ouvir testemunha

STJ impede Stábile de fazer curso de culinária nos EUA

Stábile diz que testemunha depôs sob coação e ameaça

Ministra impede Evandro Stábile de viajar para Miami

Ministra intima Evandro Stábile para interrogatório

STJ rejeita recurso do desembargador Evandro Stábile

 

 

 

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