ALEXANDRE APRÁ
DA REDAÇÃO
O Ministério Público Estadual (MPE) solicitou a instauração de inquérito policial contra o jornalista Enock Cavalcanti, titular do blog Página do E, pela suposta prática de crimes contra a honra. A medida foi tomada após uma representação protocolada junto ao MPE pelo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargador Rubens de Oliveira Filho.
O pedido de instauração de inquérito, que partiu da promotora Márcia Furlan, da Central de Inquéritos do MP, foi protocolado no Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) do bairro Planalto, na Capital.
Conforme apurou o MidiaJur, o teor da representação movida pelo magistrado contra o jornalista diz respeito a publicações feitas pela Página do E que insinuam que Rubens de Oliveira mentiu durante as negociações para o pagamento dos passivos de URV para os servidores do TJ.
A representação também argumentou que Enock quis ridicularizar a figura do presidente do Tribunal de Justiça ao fazer uma montagem de uma foto de Rubens de Oliveira com um nariz do “Pinóquio”, personagem de Wall Disney famoso por ter seu nariz esticado a cada vez que diz um mentira.
Procurado pelo MidiaJur, Rubens de Oliveira preferiu não fazer muitos comentários em relação ao caso. “Ele [Enock] já falou muitas coisas de mim e eu nunca tomei atitude nenhuma. Agora, ridicularizar a figura do presidente do Tribunal de Justiça já tem uma conotação mais séria. Por isso, encaminhei a representação ao Ministério Público Estadual”, resumiu o presidente do TJ.
“Esperneando”
O jornalista Enock Cavalcanti lamentou a postura do presidente do TJ ao processá-lo. Para ele, a atitude demonstra uma forma de reprimir as críticas à sua administração. “Todas as autoridades públicas devem estar sujeitos a críticas e devem saber conviver com elas”, comentou o jornalista.
Ele explicou que as postagens relacionadas ao pagamento das URVs dos servidores do Tribunal sempre cobraram do magistrado uma postura de diálogo e de reconhecer os direitos dos trabalhadores.
“As críticas dizem respeito ao atraso da liberação. E ele [Rubens] acabou sendo pressionado para realizar isso. Essa demora chegou a motivar paralisação de três ou quatro dias e o nosso site, como sempre, ficou ao lado dos trabalhadores”, afirmou Enock.
O jornalista também admitiu que cada um tem o direito de recorrer à Justiça, mas que preferia que o presidente do TJ fosse mais transparente. “Cada um pode recorrer às armas que tem. Ele tem o direito de espernear, assim como eu tenho o direito de criticá-lo. Eu preferia que ele usasse cada vez mais transparência”, comentou.
Confira a postagem que motivou a representação do desembargador Rubens de Oliveira contra o jornalista Enock Cavalcanti:
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