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AGRONEGÓCIOS Sábado, 30 de Outubro de 2021, 13:35 - A | A

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AGRONEGÓCIOS / SEMENTES PRÓPRIAS

Pesquisa defende plantio de soja em fevereiro em Mato Grosso

Publicação feita em revista do Canadá mostra que risco para a ferrugem asiática é baixo

MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação



Pesquisadores ligados à Fundação Rio Verde defenderam, na última sexta-feira (29), que o plantio de soja em fevereiro para produção de sementes é mais seguro do que aquele feito em dezembro em relação à ferrugem asiática.

Os pesquisadores Erlei Melo Reis, Laércio Zambolin, Fernando C. Juliatti e José Otávio Menten estão entre os autores do estudo "Asian Rust Severity in Soybean Sown in December and February in Mato Grosso State" (Gravidade da Ferrugem Asiática na Soja Semeada em Dezembro e Fevereiro no Estado de Mato Gross), publicado da revista Journal of Agricultural Science, do Canadá.

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Eles participaram de coletiva de imprensa na sede da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT). A produção própria de sementes nesse período é demanda antiga do setor, em especial para pequenos e médios produtores.

A pesquisa que resultou nessa e em outras duas publicações em revistas científicas de outros países passou por três anos, ou seja, três lavouras, com levantamento e análise de dados sobre o desenvolvimento da ferrugem asiática na soja plantada em fevereiro.

"Nesses trabalhos, nesses três anos, tivemos a oportunidade conhecer diferentes locais de Mato Grosso, as regiões produtoras, e pudemos constatar que o plantio, o semeio, de fevereiro, tem menor intensidade de ferrugem em todos os locais. A doença é muito menos severa do que o plantio de dezembro, e o gasto de fungicidar chegou a ser 50% menor no número de aplicações em fevereiro do que em dezembro", afirmou Laércio Zambolin.

Segundo ele, as condições climáticas de fevereiro, com menos chuva e consequentemente menos umidade nas folhas da soja, não são favoráveis à ferrugem asiática, "daí o menor número de aplicações" de agrotóxicos.

George Dias/Aprosoja

Laércio Zambolin

 O pesquisador Laércio Zambolin é um dos autores do trabalho publicado

"Então, nós pudemos constatar que a ferrugem, no semeio de fevereiro, traz pequeno problema. Tem ferrugem, sim. Mas em relação a dezembro, nem se compara", disse.

Além da pesquisa em campo, o grupo de pesquisadores também fez levantamento bibliográfico sobre os estudos de incidência da ferrugem asiática na soja. De acordo com Zambolin, não há outras pesquisas que refutem a tese publicada pelo grupo.

O plantio em fevereiro foi questionado pelo Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT) e culminou com ações civis públicas movidas pelo Ministério Público Estadual (MPE) contra a Aprosoja e os produtores que faziam o plantio no período.

Em uma carta enviada pelos quatro pesquisadores e pelo presidente da Fundação Rio Verde, Joci Piccini, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), eles ressaltam que "as novas semeaduras, em
áreas limitadas e cadastradas, sem que ocorram na sequência de soja sobre soja, com uso de multissítios, serão colhidas antes do início do vazio sanitário".

Os pesquisadores defendem que o vazio sanitário é considerado "sagrado" pelos produtores, de modo a evitar a disseminação da ferrugem asiática.

Parte do problema apontado pelos órgãos de controle era também o desenvolvimento de uma resistência maior do fungo da ferrugem asiática para os defensivos agrícolas utilizados no plantio de fevereiro.
Na pesquisa, foram avaliadas aplicações de fungiciadas "multissítios": chlorothalonil, mancozeb, e copper oxychloride.

"Com isso a possibilidade de ocorrer mutantes na população do fungus Phakopsora pachyrhizi é extremamente menor. Então, nós achamos que o risco, para o produzir mutantes resistentes seria reduzido praticamente a zero. É possível que alguma possa ser produzida, mas os fungicidas multissítios colaboram para que isso não ocorra, associado ao clima", avaliou.

O vice-presidente da Aprosoja-MT, Lucas Beber, destacou que a possibilidade de plantio em fevereiro para produção de sementes é uma demanda dos produtores, para garantir autonomia, "ancorado na ciência".

"Esse pedido dos produtores não é para fazer soja safrinha, não é para fazer soja sobre soja, é única e exclusivamente para fazer a própria semente e ter mais independência, porque hoje há reclamação de que, às vezes, o produtor não recebe a variedade que comprou - e essa variedade pode ser por resistência a doenças, então ele perde a variedade adequada... o atraso na entrega, a baixa qualidade. Ele já fazia lá atrás e o calendário havia cerceado esse direito. Então, a ciência era para mostrar se era viável ou não", pontuou.

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