CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO
Em denúncia feita à Justiça, o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro diz que o médico Denis Furtado, conhecido como "Dr. Bumbum", agia com ganância e visava o lucro fácil ao realizar procedimento estéticos.
Ele foi denunciado por homicídio com dolo eventual (quando o agente assume o risco de cometer o crime), após realizar procedimento estético no apartamento onde residia, no Rio de Janeiro, e aplicar polimetilmetacrilato (PMMA) na bancária Lilian Calixto, moradora de Cuiabá. A paciente morreu horas depois.
“[...] Sob a falsa promessa de beleza imediata, motivados torpemente por ganância e pelo lucro fácil auferido, sendo tais procedimentos realizados no endereço acima indicado, residência do denunciado, sem qualquer estrutura”, cita trecho da denúncia.
A denúncia foi oferecida no dia 7 de agosto e encaminhada para a Primeira Vara Criminal do Rio de Janeiro.
À época dos fatos, parentes da bancária contaram que a mulher havia pago R$ 20 mil pelo procedimento, que consistiu na injeção, por parte do médico, de 150 ml de PMMA em cada nádega da paciente.
Reprodução
A bancária Lílian Calixto, que morreu após passar por procedimento estético com o Dr. Bumbum
Conforme a denúncia, Lilian agendou o atendimento para o procedimento com a namorada de Denis – que também atuava como secretária dele, Renata Cirne.
“[Renata] era responsável pela captação das vítimas-pacientes e por prestar-lhes orientações, inclusive sugerindo a quantidade de PMMA a ser utilizada, bem como recebia os pagamentos efetuados, o que muitas vezes era feito diretamente em sua conta-corrente pessoal”, diz trecho da denúncia.
Com a data do procedimento agendada, a bancária saiu de Cuiabá e foi até o apartamento no Rio Janeiro onde faria a aplicação do PMMA. Ela chegou ao local por volta das 12h45min e o procedimento só foi realizado às 19h.
Os promotores apontam que o médico realizou o procedimento com o auxílio da empregada doméstica Rosilane Pereira Da Silva, que também atuava como instrumentadora, mesmo sem ter formação como enfermeira ou técnica de enfermagem.
O documento ressalta que a empregada, a namorada e da mãe do médico, Maria de Fátima Barros, recepcionaram a vítima e a orientaram sobre os trâmites para a intervenção estética.
“Nesse passo, note-se que o denunciado Denis, auxiliado pelas demais denunciadas [...] criou o risco proibido, previsível ao denunciado na sua condição de médico, risco esse incrementado, uma vez que a intervenção foi realizada em um apartamento, provisória e precariamente adaptado para o atendimento de pacientes, assumindo destarte o risco do resultado decorrente de sua conduta, qual seja, a morte da vítima”, afirmou o MP, em outro trecho.
O denunciado Denis, auxiliado pelas demais denunciadas [...] criou o risco proibido, risco esse incrementado, uma vez que a intervenção foi realizada em um apartamento
A vítima morreu às 01h12 do dia seguinte, devido a complicação derivada diretamente da intervenção, no Hospital Barra D’Or, no Rio.
A denúncia afirma que o médico, inscrito nos Conselhos Regionais de Medicina do Distrito Federal e do Estado de Goiás, atuava irregularmente no Rio de Janeiro, sem possuir qualquer especialização que o habilitasse para realizar os procedimentos.
Já a mãe do médico, que já havia tido o registro cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), ainda se apresentava como médica e atuava juntamente com seu filho para realizar os procedimentos cirúrgicos, inclusive captando e orientando as pacientes.
Presos
O médico e a mãe foram presos após quatro dias após serem considerados foragidos da Justiça. Eles foram encontrados pela Polícia Militar em uma sala comercial no Rio de Janeiro.
A namorada, Renata Cirne, foi presa no dia da morte da bancária, 17 de julho, junto com a empregada – que foi liberada horas depois. Renata, no entanto, só conseguiu a liberdade em 9 de agosto.
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