MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
O deputado estadual e médico João José de Matos (MDB), o "Dr. João", desabafou e se disse envergonhado com a manutenção do veto do governador Mauro Mendes (DEM) a um projeto que previa a disponibilização de medicamentos à base de canabidiol, na rede pública de Saúde em Mato Grosso.
Dr. João abandonou a sessão na Assembleia Legislativa, na quarta-feira (15), depois que o veto foi mantido.
Nessa sessão, nenhum veto do governador foi derrubado pelos parlamentares.
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"Uma vergonha para o Parlamento estadual. Sabe? Um absurdo. Eu nunca vi uma coisa tão louca, tão absurda... que é provado cientificamente. Eu nem sabia, o Avalone (Carlos, deputado do PSDB) falou agora que domingo vai sair uma p*** matéria na televisão, no Fantástico, eu nem sabia disso. Que nós estamos tentando aprovar desde o primeiro dia, e já aprovamos, que ele foi vetado. Ô, gente. Tantas doenças crônicas, neurológicas... aquelas crianças que têm... parece que nunca ninguém viu uma criança recém-nascida ou pequena ter crises convulsivas durante 15, 20 minutos. Isso é tratado no mundo inteiro", declarou.
Antes de abanadonar a sessão, o médico disse ainda, na tribuna ,que estava com vergonha de ser deputado naquele momento.
"Isso é um absurdo. Foi o que eu falei ali. Hoje, eu estou com vergonha de ser deputado. Como é que pessoas... isso é falta de sentimento. Sabe? É jogar o povo no lixo. Saber? É muito feio isso. É revoltante. Ficar aqui para votar o quê aqui? É revoltante um negócio desse. Eu estou triste, chateado, eu vou embora", desabafou, em entrevista na saída do Plenário.
O projeto, proposto pelo deputado Wilson Santos (PSDB) e que depois teve um substitutivo do deputado e médico sanitarista Lúdio Cabral (PT), foi aprovado em outubro pela Assembleia.
O governador vetou por vício de iniciativa.
Um parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE) indicou que haveria novos gastos não previstos no orçamento com os medicamentos à base da cannabis.
Questionado sobre o porquê da manutenção do veto, Dr. João criticou a base governista.
"Porque é a base. A base está ali... cara que finge que vai telefonar, que vai fazer xixi... que disfarça aqui, disfarça lá... tem que assumir. Vai lá e fala: 'eu sou contra'", apontou.
O deputado ainda defendeu a utilização do medicamento, e rejeitou o preconceito, em razão de esses medicamentos serem derivados da planta da maconha, que é proibida para uso recreativo.
"Não tem motivo. Não sei qual motivo. Eu não sei, pode ser preconceito, tabu, ou alguém manda. Eu não sei. Agora, uma pessoa que tem preconceito ou um tabu sobre isso, é porque nunca teve na sua família ou um amigo próximo... pessoas... porque as pessoas que têm condições financeiras já importam o remédio. Já importam, sabe? Isso aí é para ser usado dentro do SUS. Pô, nós temos que tratar a população. Foi o que eu falei aqui no meu primeiro dia de mandato. 'P***, nós temos que defender a saúde de Mato Grosso. Na época éramos em cinco médicos, agora estamos em quatro e um gestor de Saúde. Sabe? Se nós não cumprirmos a nossa função, se a gente não tiver voz, cada médico é de uma especialidade, de um serviço, e todos eles trabalharam a vida inteira pelo SUS. Se nós não pudermos opinar e orientar... quando eu não sei alguma situação, eu peço orientação... na parte econômica que eu não entendo muito... eu peço orientação. E a minha consciência faz eu votar. Agora, é vergonhoso", criticou.
O parlamentar ainda se mostrou insatisfeito com a manutenção de todos os vetos do Governo naquela sessão.
"Foi tudo vetado. Não sei para quê que existe nós aí. Pra quê? Fazer projeto aí, tem uma Comissão de Saúde, pra quê? Para nada!", bradou.
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