ALLAN PEREIRA E MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Na arquibancada da Assembleia Legislativa, o guia turístico Alcindo Crespo acompanhava com indignação a possível votação do projeto de lei que busca extinguir o parque Serra Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade (a 521 km de Cuiabá).
"O parque é da humanidade. Precisamos preservar. Existem várias conversas para derrubar o decreto e se criar um novo parque. Isso é para inglês ver. Então, precisamos realmente da efetivação do parque para que possamos movimentar a nossa economia local", diz Alcindo à imprensa.
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Para jornalistas, o guia, que já trabalha há cerca de 15 anos no município, falou que não só ele, mas como os moradores e demais colegas de profissão estão indignados com o projeto de lei.
O profissional da área do turismo cobrou a manutenção do parque e a regularização fundiária dos pequenos proprietários para explorar o potencial turístico da região, já que o turismo pode ser um divisor de águas para a economia do município.
Alcindo aponta que todo o agronegócio produzido no município de Vila Bela é exportado para fora do Estado e do país.
"Tudo aquilo que Vila Bela produz não reflete dentro da nossa comunidade. Isso tem de ser falado. Veja bem, o nosso município é um dos campeões na criação bovina, e também a agricultura está entrando com força total. Mas essa riqueza não fica no município. E o turismo pode ser o divisor de águas".
O guia aponta também que as tentativas de acabar com o parque causam instabilidade para a economia local, já que a regularização fundiária de Vila Bela é um entrave para os moradores locais conseguir investimentos e empreender no município.
"Um fator determinante que precisa ser falado é a questão de Vila Bela receber investimento para que se possa investir no nosso negócio. Todos lá têm desejo de investir no turismo e a gente barra nessa questão. Se for pensarem, o município não tem regularização fundiária; é fundado em 1792 e não tem", diz.
Explica que, quando chega em um banco para pedir empréstimo, o primeiro documento que se pede é da propriedade de terra. Mesmo com pedidos para órgãos do Poder Executivo e Legislativo municipal e estadual, são enrolados para uma solução.
Alcindo diz ainda que tem vários amigos que são produtores rurais e que não é seu desejo que eles saiam. Contudo, ele opina que dá para mantar a produção rural e o parque. "Por que não manter as duas coisas?", questiona.
"Se a gente fizer o turismo consolidado, a gente vai ter uma economia mais consolidado na região. E isso faz a diferença dentro da cidade e da comunidade local. O turismo é aquilo que mais cresce no Brasil e no mundo, então o nosso desejo é realmente de manter o parque", expõe.
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