LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O juiz Jefferson Schneider, da 5ª Vara Federal de Mato Grosso, decretou o sequestro dos bens imóveis pertencentes ao ex-juiz e advogado Julier Sebastião e do empresário Osvaldo Alves Cabral, dono da construtora Planservi.
A decisão, que atendeu pedido do Ministério Público Federal, foi proferida na quinta-feira (02).
Ambos são réus em ação penal derivada da Operação Ararath, sob as acusações de lavagem e dinheiro e corrupção ativa e passiva no esquema do qual foram alvos de busca e apreensão, em novembro de 2013.
Apesar de ter decretado o sequestro quanto aos bens imóveis (imóveis, terrenos), o magistrado negou o pedido do MPF quanto à indisponibilidade de bens móveis (veículos, jóias) e dinheiro em conta.
"Isto posto, decreto o arresto prévio à hipoteca legal dos bens imóveis , sob a titularidade dos acusados Julier Sebastião da Silva (...) e Osvaldo Alves Cabral (...). E, ainda , indefiro o pedido de arresto de bens móveis e valores depositados no Sistema Financeiro Nacional. (...)", diz trecho da decisão.
No final do mês passado, o ex-juiz e o empresário já haviam tido outra decisão desfavorável de Jefferson Schneider, que negou a absolvição sumária deles, por falta de previsão legal.
A ação foi protocolada pelo Ministério Público Federal (MPE) em janeiro deste ano e recebida pelo juiz no mês seguinte.
A denúncia
Conforme o MPF, as investigações realizadas em conjunto com a Polícia Federal identificaram que decisões do então juiz Julier - que se exonerou da magistratura em abril do ano passado para tentar carreira política - atenderam um conluio de empresas do ramo da construção civil que tinham interesses em contratos com o Governo do Estado.
O ex-juiz, segundo o MPF, atuava em processos do interesse do grupo representado por Osvaldo Cabral, apontado como lobista de empresas na área de construção civil.
Em troca, o então juiz federal supostamente recebia uma uma mesada e tinha despesas ligadas ao seu projeto pessoal e político pagas com dinheiro vindo de empresas que mantinham contratos diretos ou indiretos com o Governo do Estado, beneficiadas por decisões dele enquanto juiz.
O MPF alega que a relação entre o empresário Osvaldo Cabral e Julier Sebastião da Silva vai muito além da alegada amizade entre ambos.
O empresário seria um dos principais articuladores políticos de Julier, sendo também um homem de confiança que arcava com diversas despesas do magistrado, além de transferir mensalmente dinheiro a ele e emprestar veículo de luxo em troca de “favores judiciais”.
Entre os anos de 2012 e 2013, a investigação apontou que Julier Sebastião da Silva recebeu ao menos R$ 135 mil, em pagamentos mensais que variavam entre R$ 15 mil e R$ 20 mil, além de ter despesas pagas na ordem de R$ 57 mil relacionadas às articulações do juiz para dar seguimento ao seu projeto pessoal de entrar na vida política.
O esquema foi descoberto, conforme o órgão, por meio de monitoramento telefônico, quebra de sigilo bancário, busca e apreensão, colheita e análise de informações e oitiva de pessoas.
Julier nega crimes
Por sua vez, Julier Sebastião, que é apontado como possível candidato à Prefeitura de Cuiabá em 2016, negou qualquer participação nos fatos apontados pelo MPF e disse ter ficado “surpreso e indignado” com a acusação.
"Sabe-se apenas da existência de um suposto oferecimento de denúncia, os quais, por certo, não trazem qualquer participação deste em suposta infração [...] Por fim, reafirmo a confiança nas instituições envolvidas e a minha surpresa e indignação em face das notícias em questão, consignando que sempre pautei minha conduta pessoal e profissional com a mais absoluta ética, imparcialidade e seriedade, como é do conhecimento de toda a sociedade mato-grossense”, disse ela, na época em que o MPF o denunciou.
Outro lado
A redação não conseguiu entrar em contato com Julier Sebastião ou com Osvaldo Alves Cabral.
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