LETICIA AVALOS
Da Redação
Os vereadores Adevair Cabral (SD) e Dilemário Alencar (União), da Câmara de Cuiabá, protagonizaram uma troca de farpas durante a discussão do parcelamento de quase R$ 200 milhões em dívidas deixadas pelo ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), na sessão extraordinária da última sexta-feira (24). Os dois “jogaram na cara” um do outro que ambos já fizeram parte da base do antigo gestor.
O pedido de parcelamento foi feito pelo prefeito Abilio Brunini (PL), que está no cargo há 27 dias, após descobrir R$ 77 milhões em encargos atrasados devidos ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e cerca de R$ 89 milhões ao Fundo Municipal de Previdência Social dos Servidores de Cuiabá (Cuiabá-PREV).
Adevair lamentou a situação e cobrou que o Executivo cumpra com as obrigações trabalhistas, mantendo a folha bruta dos servidores sempre em dia. Ele ainda citou os ex-prefeitos Wilson Santos (PSD) e Mauro Mendes (União) como exemplos de gestores nesse quesito.
“Uma situação lamentável. Nem precisaríamos estar votando isso hoje se o Executivo - qualquer Executivo, prefeito, presidente ou qualquer outro - fizer a sua obrigação, que é fazer uma folha bruta. Se é INSS ou Cuiabá-PREV, o dinheiro não é do Executivo, o dinheiro é do servidor, que já pagou. [...] Eu posso citar aqui alguns prefeitos nota 10. Wilson Santos e Mauro Mendes faziam folha bruta”, comentou.
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A fala, no entanto, não passou batida por Dilemário, que fez questão de relembrar que o colega fez parte da base do ex-prefeito Emanuel Pinheiro na Câmara até o fim da gestão. “O vereador Adevair Cabral fez um retrato fiel do que foi a gestão do ex-prefeito Emanuel Pinheiro [...], da qual ele fazia parte da base e um feroz defensor. Emanuel Pinheiro há tempos vinha pagando a folha líquida e dando calote na previdência”, declarou o líder do atual governo na Casa.
Na oportunidade, Dilemário também acusou Emanuel do crime de apropriação indébita, pediu por punição às autoridades competentes e ironizou o fato do ex-gestor ter retomado o cargo de servidor da Assembleia Legislativa (ALMT) e engatado uma licença de 3 meses.
“Adevair Cabral, foi o seu prefeito, que o senhor ficava defendendo aí. Votava cegamente em tudo de mal feito do ex-prefeito e agora o povo de Cuiabá vai ter que pagar essa irresponsabilidade. Era um prefeito mequetrefe e irresponsável”, concluiu indignado.
Na “tréplica”, Adevair tentou se defender relembrando que Dilemário foi eleito em 2016 como parte da base aliada de Emanuel, e ainda mandou recado para Abilio. “Não nego, viu vereador Dilemário Alencar, fiz parte de uma base. Agora vossa excelência foi eleito pelo Emanuel Pinheiro, junto com ele na eleição retrasada. Você sim foi eleito junto com ele. Torço para que Abílio faça um bom governo, não torço o contrário. Agora, atentai, viu Abilio”, afirmou.
Em resposta, Dilemário ironizou a fala do vereador e alegou que deixou de apoiar Emanuel após o "escândalo do paletó", em 2017, quando foi divulgada gravação do ex-prefeito recebendo propina no período em que era deputado estadual.
“Atentai, Adevair ‘Pinheiro’. Nós apoiamos sim Emanuel Pinheiro em 2016, mas quando veio aquela cena escandalosa de cair dinheiro do bolso do paletó do prefeito [...]. Quem fala em verdade tem que ouvir a verdade, eu assinei a CPI do paletó, Adevair Cabral ficou dentro do bolso do paletó”, alfinetou.
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