JANAÍNA RIVA
Hoje, 8 de março, é um dia para celebrar conquistas, mas, acima de tudo, para refletir: por que, em pleno 2025, ainda é tão perigoso ser mulher em Mato Grosso e no Brasil?
Em 2024, uma mulher foi assassinada a cada semana em Mato Grosso, totalizando 47 vítimas, o que nos coloca entre os estados com as maiores taxas de feminicídio no Brasil. Apenas nos dois primeiros meses de 2025, a imprensa já registrou seis feminicídios.
Dados da Polícia Civil de 2024 revelam que 98% das vítimas de feminicídio não possuíam Medidas Protetivas de Urgência da Lei Maria da Penha. Outro dado alarmante é que 87% das mulheres assassinadas no ano passado eram mães, deixando 89 filhos de todas as idades órfãos.
Além disso, 83% dessas mulheres foram mortas dentro de suas próprias casas, evidenciando que o ambiente onde se espera segurança se transforma em um palco de agressões e mortes.
Hoje, decidi compartilhar essa reflexão em vez de publicar mensagens de felicitações. Quando uma mulher é morta simplesmente por ser mulher, isso indica que toda a sociedade falhou, e todas nós perdemos um pouco.
Não podemos normalizar esses números. O meu desejo como parlamentar é que este 8 de março não seja apenas um dia de flores, mas um dia de luta por políticas públicas, por justiça e por um futuro em que nenhuma mulher precise temer por sua própria vida.
Como deputada tenho trabalhado intensamente por legislações que protejam e amparem mulheres. Neste sentido, já são 11 leis sancionadas voltadas à proteção da mulher e mais de 150 proposituras apresentadas. Aliás, a presença das mulheres na política e nos espaços de poder é um passo fundamental para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva.
A política ainda é um espaço majoritariamente masculino, mas a presença das mulheres é fundamental para trazer novas perspectivas e priorizar pautas que muitas vezes são negligenciadas. Acredito que, quanto mais mulheres estiverem na política, mais avançaremos em direção a uma sociedade verdadeiramente segura para nós.
Janaina Riva é bacharel em Direito, deputada estadual em Mato Grosso no terceiro mandato, sendo duas vezes a mais votada e procuradora especial da Mulher da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
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