LUCAS RODRIGUES E THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO
A delegada Alexandra Fachone, da Delegacia Fazendária (Defaz), afirmou que as próximas fases da Operação Sodoma deverão revelar a existência de outros empresários que teriam pagado propina para manter contratos com o Estado na gestão passada.
Ela também afirmou que o médico Rodrigo Barbosa, filho do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), trocava os cheques de propina que recebia em uma factoring pertencente ao dono da Solução Cosméticos, o "Jurandir" [da Silva Vieira].
As revelações foram feitas durante depoimento na ação penal derivada da 2ª e 3ª fase da operação, dado nesta segunda-feira, no Fórum de Cuiabá. Ela foi arrolada como testemunha pela defesa do médico.
Agora apareceram somente alguns empresários. Os outros empresários devem aparecer nos andamentos das investigações
Segundo ela, Rodrigo tinha a tarefa de angariar empresários para pagar propina em troca de concessão e/ou manutenção de contratos e foi o responsável por indicar Pedro Elias - réu confesso e um dos delatores do esquema - para comandar a Secretaria de Administração.
“O Rodrigo foi quem colocou ele [Pedro Elias] para trabalhar na Casa Civil e desde lá o Rodrigo já determinou que ele fosse atrás de empresários para pagar propina mensais”.
“Depois o Rodrigo pediu para o pai colocar ele como secretário de Administração, sempre com a intenção de buscar empresários para pagar propinas. Agora apareceram somente alguns empresários. Os outros empresários devem aparecer nos andamentos das investigações”, contou a delegada.
Até o momento, três empresários já confessaram o pagamento de propina ao grupo investigado: João Batista Rosa, na 1ª fase; e Willians Mischur e Julio Tisuji, na 2ª e 3ª fase.
Participação de Rodrigo
Durante a oitiva, o advogado Bruno Alegria - que faz a defesa de Rodrigo Barbosa - questionou a delegada sobre os fundamentos para o pedido de prisão de Rodrigo Barbosa, que foi atendido pela juíza no dia 25 de abril. Rodrigo foi solto no dia 1º de junho, após pagar fiança de R$ 528 mil.
"Primeiro, pela questão da ordem pública. Segundo, porque o Rodrigo estava tentando manter contato com o Pedro Elias. Terceiro, pelo medo que o colaborador afirmou ter dele. E quarto, pelo fato de o apartamento do Pedro Elias ter sido arrombado e alguns documentos terem sumido", disse Alexandra.
A delegada disse que, segundo Pedro Elias, Rodrigo Barbosa tinha conhecimento que tais documentos eram guardados no apartamento de uma tia dele.
"Ele guardava lá os documentos dos imóveis que ele tinha comprado com propina. Entre eles, um dos apartamentos que havia ganhado do Willians Mischur".
"Assim que recebia o dinheiro de propina, Pedro Elias o entregava para o Rodrigo e o Rodrigo repassava para o Pedro Elias a parte dele, que era de 10% a 15%", afirmou.
Delegada cita factoring
Alexandra Fachone disse que o depoimento de Pedro Elias também evidenciou que os cheques de propina recebidos por Rodrigo Barbosa teriam sido trocados em uma factoring, em um total de R$ 433 mil
Grande parte da propina que o Silval recebeu foi em dinheiro vivo. Dinheiro vivo não tem como a gente rastrear
"Com certeza ele fez isso. Esse é o modus operandi. Segundo o Pedro Elias, ele [Rodrigo] trocava esse dinheiro numa factoring do Jurandir [da Silva Vieira], dono da Solução Cosméticos".
A defesa de Silval Barbosa, feita pelo advogado Valber Melo, perguntou para a delegada se o ex-governador participou do contrato do terreno de R$ 13 milhões na Avenida Beira Rio. O imóvel teria sido comprado pelo ex-secretário César Zílio com dinheiro oriundo de propina.
"Eu acredito que ele [Silval] não participou. Foi uma ideia do César para esconder a verdadeira identidade do imóvel. O Silval Barbosa, como líder, recebia dinheiro da Consignum e de outras empresas, entretanto, a compra desse imóvel foi em beneficio tão somente do César", disse ela.
Alexandra Fachone também afirmou que grande parte da propina recebida pelo ex-governador ocorreu em espécie.
"A quebra do sigilo não chegou na Defaz e eu posso esclarecer que grande parte da propina que o Silval recebeu foi em dinheiro vivo. Dinheiro vivo não tem como a gente rastrear", completou.
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