DA REDAÇÃO
Superlotação, falta de médicos e profissionais de saúde, ausência de medicamentos e equipamentos, além de estrutura precária. Esses foram os principais problemas identificados pela fiscalização do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) no Pronto-Socorro Municipal de Várzea Grande (PSMVG). A vistoria, realizada em 11 de novembro, foi motivada por denúncias que apontavam para condições inadequadas de trabalho e atendimento insuficiente à população.
A equipe de fiscalização percorreu todas as alas do PSMVG e constatou que nenhuma estava em conformidade com a legislação vigente. Na Sala de Estabilização, apenas um dos dois ventiladores mecânicos funcionava; o outro estava em manutenção. Já na Sala Vermelha, destinada a casos graves, havia 13 leitos ocupados, atendidos por três médicos plantonistas, que também precisavam dar suporte ao setor de Pronto-Atendimento e às intercorrências. Além deles, quatro médicos visitadores dividiam-se entre a Sala Vermelha e a Sala Amarela.
No Pronto-Atendimento da pediatria, dos 10 leitos disponíveis, seis estavam inoperantes devido à falta de colchões, danificados por goteiras. Um único médico plantonista atendia o setor, e, segundo relato de um profissional da unidade, há quatro meses ele trabalha sozinho no plantão diurno, quando deveriam ser dois. A direção clínica confirmou a situação e atribuiu o problema a demissões recentes, que deixaram a escala incompleta.
Na Enfermaria Bloco C, a superlotação era evidente: 30 pacientes ocupavam um espaço destinado a 20, com macas espalhadas pelos corredores. Médicos e enfermeiros também relataram que o aparelho de tomografia estava quebrado, dificultando a avaliação de pacientes com quadros graves pós-traumáticos.
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A falta do tomógrafo agravou o caso de um paciente internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto 1, que apresentava suspeita de hemorragia intracraniana. Apenas quadros críticos estão sendo encaminhados ao Hospital São Benedito, em Cuiabá, para realizar exames. Ainda na UTI, um leito de isolamento estava interditado por conta de uma goteira no ar-condicionado, enquanto outro, na UTI Adulto 2, também estava interditado por falta de cama.
A situação é ainda mais grave na UTI Neonatal/Pediátrica. As internações na unidade, que no momento da fiscalização contava com quatro crianças, estão suspensas por falta de material e de medicações. Mesmo se houvessem condições para o recebimento dos pacientes, um destes leitos não poderia ser usado por problemas de goteiras.
Falhas estruturais
A fiscalização também identificou frequentes faltas de medicamentos, conforme relataram médicos e enfermeiros. “A insegurança da falta de previsibilidade e continuidade para o seguimento e tratamento dos pacientes internados é o que leva a recorrência de falhas no tratamento e frequente resistência bacteriana [...]tornando o tratamento pouco efetivo”, afirma a fiscal responsável pela ação no relatório da fiscalização.
Além disso, a estrutura física da unidade está sucateada, com setores apresentando infiltrações, goteiras e danos na rede elétrica e no mobiliário. “Há rachaduras do chão ao teto em áreas como o repouso médico da UTI”, pontuou a fiscalização.
Para o segundo vice-presidente do CRM-MT, Osvaldo César Mendes, a situação atual do PSMVG é inaceitável. “Os problemas que ocorrem na unidade são gravíssimos e comprometem a qualidade do atendimento à população. Vão desde a ausência de profissionais em número suficiente e chegam na falta da estrutura básica, como medicamentos e insumos. Diante do estarrecedor cenário trazido pela fiscalização, o Conselho tomará as medidas cabíveis para responsabilizar os gestores que, por ação ou omissão, contribuíram para esta situação lamentável e revoltante”.
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Marilei de Campos 22/11/2024
Ao contrário do que disse a diretoria clínica, que aliás está na gestão a pouco tempo, os problemas mencionados na reportagem se arrastam por anos a fio. A falta comprometimento na aquisição de materiais, medicamentos, insumos, além do compromisso na realização das cirurgias necessárias e igualitárias entre os pacientes internados e os apadrinhados, assim como as transferências extra hospitalar, em comparação ao inchaço da folha de pagamento com \"apadrinhados políticos\" é algo digno de intervenção federal; se isso possível for, que aconteça imediatamente.
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