LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf, afirmou que ajudou Alan Malouf a tentar “vender facilidades” para a empresa Avançar Tecnologia, na atual gestão do Governo do Estado, em troca de propina para o empresário.
Contudo, Nadaf disse que não sabe se a negociação entre Alan e a empresa foi concretizada.
A revelação está contida na delação premiada do ex-secretário à Procuradoria-Geral da República (PGR), homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em um dos depoimentos, Nadaf relatou que era muito amigo de Alan Malouf e, em fevereiro de 2015, este o questionou se ele conhecia algum empresário que tinha contrato ou que recebia benefícios fiscais do Governo do Estado.
O objetivo, segundo ele, seria arrecadar dinheiro para saldar débitos da campanha eleitoral de 2014, “eis que Alan Malouf havia sido o principal empresário, financiador/coordenador financeiro da campanha política do governador Pedro Taques e precisava obter o retorno do dinheiro investigado”.
“Assim, por volta de fevereiro do ano de 2015, em uma das reuniões que tive com meu amigo Alan Malouf, na qual analisaram as possibilidades existentes de se buscar meios para saldar os débitos da campanha eleitoral de 2014, através de recebimento de propinas, eu sugeri uma empresa que havia prestado serviços na Secretaria de Estado de Educação, pois era do meu conhecimento que a empresa tinha recursos a receber do Estado, provenientes de serviços prestados no ano de 2014, a saber, a empresa Avançar Tecnologia em Software Ltda”.
Afirmei ao empresário que meu amigo Alan Malouf tinha acesso ao governo atual e que poderia auxiliá-lo no recebimento do crédito que sua empresa tinha junto ao Estado
Nadaf contou que não sabia o valor que a empresa tinha a receber do Estado, mas que o dono dela, chamado “Weidison”, já havia pago propinas ao ex-governador Silval Barbosa. A Avançar também é investigada por ter instalado softwares piratas nas escolas estaduais de Cuiabá e Varzea Grande.
“Um dos pagamentos dessas propinas foi efetuado a mim diretamente pelo proprietário da empresa Weidison de Tal, em meu gabinete da Casa Civil”.
Após a conversa com Alan, Nadaf disse que se encontrou com Weidison na sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso (Fecomércio-MT), da qual o ex-secretário era presidente.
“Afirmei ao empresário que meu amigo Alan Malouf tinha acesso ao governo atual e que poderia auxiliá-lo no recebimento do crédito que sua empresa tinha junto ao Estado”.
De lá, Nadaf disse que levou Weidison ao escritório de Alan Malouf, localizado no Buffet Leila Malouf, “oportunidade em que o apresentei a Alan Malouf e me retirei da sala, indo embora”.
“Posteriormente, eu perguntei a Alan Malouf sobre como tinha sido a reunião, tendo ele dito que estava com as informações passadas pelo empresário e que iria se inteirar da situação acerca do pagamento devido pelo governo e que depois iria voltar a se reunir com Weidson de Tal, a fim de lhe repassar uma posição”.
Os fatos narrados por Nadaf foram desmembrados pelo ministro Luiz Fux, que determinou o envio das investigações para a 7ª Vara Criminal de Cuiabá, comandada pela juíza Selma Arruda.
O caso também será investigado pelo Núcleo de Probidade do Ministério Público Estadual (MPE).
Veja fac-símile de trecho da delação:
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