AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO
Em depoimento à Polícia Civil, o empresário Willians Paulo Mischur revelou ter sofrido "pressão" por parte do ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa (PMDB), Silvio Cezar Corrêa Araújo, preso no Centro de Custódia da Capital.
De acordo com Mischcur, que é dono da empresa Consignum - alvo da Operação Sodoma 2 -, Silvio Araújo ameaçou quebrar o contrato firmado entre o Governo do Estado e a empresa, caso não fosse aumentado o valor supostamente pago a titulo de propina, que era de R$ 500 mil mensais. A Consignum é uma empresa que atua no controle da margem de empréstimos consignados de servidores públicos.
A declaração do empresário foi utilizada pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, ao decretar a prisão preventiva de Silvio Araújo, no dia 22 de
Cesar defendeu a empresa do declarante, dizendo na frente de Silvio que os pagamentos de propina estavam sendo realizadas da maneira combinada
março, durante a deflagração da Operação Sodoma 3.
Em seu depoimento, Mischur relatou o início do alegado esquema de propinas para manter contratos na gestão do ex-governador.
Ele contou que, em 2011, foi procurado pelo ex-secretário de Administração, César Zílio, e começou a pagar propina para que o contrato da Consignum com o Governo do Estado (firmado em 2008) continuasse em vigor.
À Polícia Civil, Willians Mischur revelou ainda que chegou a se reunir com Silvio Araújo e César Zílio para apresentar os relatórios de faturamento de sua empresa e comprovar que não conseguiria pagar mais do que o valor combinado anteriormente.
Nesta reunião, conforme o depoimento do empresário, Zílio teria defendido sua empresa, afirmando que o pagamento da propina estava sendo realizado corretamente.
“Em uma reunião ocorrida na SAD [Secretaria de Estado de Administração], no gabinete de César Zílio, esse disse ao declarante que Silvio Cesar Correa de Araújo, chefe de gabinete de Silval Barbosa, queria tirar a empresa do declarante, pois segundo o que Silvio dizia para Cesar, havia outra empresa que iria pagar mais para a execução do contrato [...] Cesar defendeu a empresa do declarante, dizendo na frente de Silvio que os pagamentos de propina estavam sendo realizadas da maneira combinada, não havendo motivo para realizar mudança no serviço prestado pela empresa”, diz trecho do depoimento de Willians Mischur.
O dono da Consignum ainda revelou que Silvio Araújo fazia parte de um grupo que defendia a retirada de sua empresa do Governo do Estado e que, mesmo após a conversa com o ex-secretário César Zílio, continuou a tentar revogar o contrato.
“Ainda sobre Silvio Cesar Correa de Araújo, se recorda que em algumas ocasiões Pedro Elias [ex-secretário de Administração] ligou para Silvio dizendo que havia resolvido com a empresa do declarante, sendo que tal afirmação significava que havia feito o pagamento e que eles iriam continuar trabalhando com a Consignum [...]”, diz outro trecho do depoimento do empresário.
“Poder de influência”
No mandado de prisão, a juíza Selma Arruda afirmou que a ameaça realizada por Sílvio Araújo comprova “que o mesmo tinha grande poder de influência sobre o líder Silval Barbosa, a quem servia fielmente como chefe de gabinete”.
“Quanto a Silvio Cesar Corrêa de Araújo, pessoa cuja figura é recorrente em ações penais que envolvem Silval da Cunha Barbosa e versam sobre recebimentos ilícitos, vê-se que, novamente, teve também participação importante nos fatos em apuração”, declarou Selma Arruda.
Sodoma 3
A Sodoma 3 foi deflagrada após as revelações contidas no depoimento de Mischur.
Também foi embasada na oitiva dos empresários Julio Minoru Tisuji e Evandro Gustavo Pontes da Silva, conduzidos coercitivamente na fase anterior da operação.
Mischur relatou que tinha que pagar propinas mensais de R$ 500 mil ao ex-secretário de Administração Cézar Zílio para manter o contrato da Consignum com o Governo estadual.
Com a saída de Zílio, as propinas, em tese, passaram a ser pagas ao então secretário Pedro Elias, que supostamente repassaria os valores ao ex-governador.
Além de Silvio Araújo, a Operação Sodoma 3 culminou na nova prisão contra Silval e o ex-secretário adjunto de Administração, coronel José Jesus Nunes Cordeiro. Também foi preso o ex-secretário de Estado de Administração, Pedro Elias Domingos de Mello
Antes da Sodoma 3, Silvio Araújo já havia sido citado na Sodoma 1 e chegou a ser preso na Operação Arqueiro, em agosto do ano passado, sendo liberado em setembro do mesmo ano.
Na primeira fase da Sodoma, as investigações apontaram que Sílvio Araújo recebeu R$ 25 mil, no dia 22 de março de 2013, por meio de TED (Transferência Eletrônica Disponível), feita pela factoring FMC Recuperação de Crédito Ltda., pertencente a Frederico Muller Coutinho – um dos delatores do alegado esquema.
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