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JUSTIÇA Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 2016, 11:28 - A | A

12 de Fevereiro de 2016, 11h:28 - A | A

JUSTIÇA / DÍVIDA COM O ERÁRIO

Justiça declara “falência” de ex-procurador alvo do Gaeco

Juiz entendeu que “Chico Lima” não teria como quitar dívida de multa aplicada pelo TCE

LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO



O juiz Roberto Teixeira Seror, da 5ª Vara da Fazenda Pública da Capital, declarou a insolvência civil (similar à falência, só que para pessoas físicas) do ex-procurador do Estado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o “Chico Lima”.

A decisão é de setembro do ano passado, mas só foi publicada nesta semana. Chico Lima é alvo da Polícia Civil e do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), por suposta participação nos esquemas investigados nas operações “Sodoma” e “Seven”, respectivamente.

Com a decisão, Chico Lima ficará impedido de gerir negócios por cinco anos, terá seu nome negativado e todos os bens adquiridos posteriormente serão utilizados para quitar as

A defesa não logrou demonstrar que o embargante possui bens suficientes ao pagamento da dívida

dívidas.

A insolvência foi decretada em sede de ação do Ministério Público Estadual (MPE), que requereu que o ex-procurador pagasse uma multa aplicada a ele em 1989 e que, em valores atualizados, supera a faixa de R$ 259 mil.

Na época, Chico Lima foi condenado pelo Tribunal de Contas do Estado a ressarcir os cofres públicos em razão de irregularidades na prestação de contas da Câmara de Vereadores do Município de Santo Antônio do Leverger, da qual o mesmo era presidente.

Em sua defesa, o ex-procurador alegou que o procedimento que o condenou foi ilegal/imoral, que as supostas irregularidades já teriam prescrito e que não foi notificado regularmente da decisão do TCE.

Ainda na ação, o MPE suscitou ao juiz se o caso de Chico Lima estaria ou não enquadrado na possibilidade de insolvência, ou seja, quando o devedor não possui bens penhoráveis que possam quitar o débito.

Insolvência decretada

As alegações de Chico Lima foram afastadas pelo juiz Roberto Seror, que reforçou a legalidade da decisão do TCE e da notificação.

“Não é crível que o demandado, sabedor da existência de procedimento de apuração de irregularidade de contas junto ao TCE, tendo se manifestado em diversas ocasiões no procedimento administrativo, não diligenciasse no intuito de conhecer a conclusão do julgamento, tomando conhecimento da glosa apenas quando da execução efetuada pelo Ministério Público”, afirmou.

Porém, ele avaliou que o cenário trazido aos autos demonstra que o ex-procurador “não possui bens, livres e desembaraçados, suficientes para liquidar a dívida perseguida na execução”.

“A defesa não logrou demonstrar que o embargante possui bens suficientes ao pagamento da dívida. Limitou-se a alegar, tão somente, que o executado possui renda compatível com a função que ocupa [...] Ante o exposto julgo procedente o pedido para declarar insolvente o executado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho”, entendeu.

Alvo da Polícia Civil e do Gaeco

Por conta da Operação Sodoma, Chico Lima teve que ser submetido ao uso de tornozeleira eletrônica.

Ele é acusado de integrar suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, em 2013 e 2014, relacionado à concessão de incentivos fiscais, por meio do Prodeic, em troca de propina.

Segundo a Polícia Civil, ele teria “lavado” R$ 500 mil em uma única factoring de Cuiabá para aparentar legalidade em dinheiro recebido por meio de propinas em favor do ex-governador Silval Barbosa.

A participação do ex-procurador foi confirmada pelos empresários Frederico Muller Coutinho, e seu ex-sócio, Filinto Muller, delatores do esquema.

Apesar de a ação de insolvência ter registrado que Chico Lima não possui bens de valor, o ex-procurador reside em um apartamento em Ipanema (RJ) que, inclusive, foi alvo de busca e apreensão durante a operação, deflagrada em setembro de 2015. Ele também é suspeito de possuir outros bens, como carros de luxo, em nome de "laranjas".

Já na Operação Seven, ele é acusado de colaborar para que o Estado comprasse uma área de terra, por R$ 7 milhões, que pertencia ao médico Filinto Corrêa da Costa. Conforme o Gaeco, a compra foi uma fraude, pois área em questão já pertenceria ao poder público.

Leia mais:

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