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POLÍTICA Sábado, 21 de Junho de 2014, 09:23 - A | A

21 de Junho de 2014, 09h:23 - A | A

POLÍTICA / SUPOSTO “LARANJA”

Tio de Júnior Mendonça vive na precariedade, aponta PF

Ayr Mendonça, tio de Júnior Mendonça, teria dificuldades para sobreviver

LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO



Investigação realizada in loco pela Polícia Federal e anexada ao inquérito da Operação Ararath revelou que o sapateiro Ayr Marcilino Mendonça - tio do delator e pivô do esquema Júnior Mendonça- vive em situação precária e mal consegue sustentar a si, sua mulher e sua filha.

Ayr Marcilino teve seu nome envolvido no suposto esquema de lavagem de dinheiro, corrupção e crimes contra o sistema financeiro investigado na Ararath após a descoberta de movimentações imobiliárias, realizadas em seu nome, de três apartamentos de luxo em Cuiabá e Várzea Grande.

A suspeita da Polícia é de que ele teve seu nome usado como “laranja”, conscientemente ou não, para efetuar transações ilegais no intuito de alimentar o esquema financeiro.

Em depoimento à PF em novembro do ano passado, após a deflagração da 1ª fase da operação, Ayr negou que tenha feito transações de imóveis e relatou que o único bem que possui em seu nome é sua residência, localizada no município de Frutal, em Minas Gerais, e uma “bicicleta velha” que usa para o trabalho, heranças de seu sogro e de seu irmão, respectivamente.

O agente federal que fez a verificação da informação corroborou o depoimento e ressaltou que Ayr Marcilino e sua família passam por dificuldades.

“Em cumprimento ao determinado por essa chefia, compareci à residência do Sr. Ayr Marcilino Mendonça, localizada na Rua Duque de Caxias, nº232, Centro, Frutal/MG, onde foi constatado que tal pessoa vive com sua esposa e filha em situação precária, sendo sua casa muito simples, aparentando sinais de pobreza, com poucos e velhos imóveis, conforme fotografias anexas, tendo o mesmo informado que sobrevive do seu trabalho como sapateiro, com renda mensal inferior a um salário mínimo. O Sr. Ayr não possui automóvel, tendo apenas uma bicicleta como meio de transporte”, diz o relato do agente.

Vítima de “maldade”


No depoimento, o sapateiro relatou que, em 2001, seu irmão Gércio Marcelino Mendonça (pai de Júnior Mendonça) foi à sua casa e lhe pediu seus documentos emprestados, sem explicar o motivo.

Ayr Mendonça disse que entregou os documentos, assim como o CPF de sua esposa, porque ficou “sem graça de negar” e que também assinou um papel “para ajudar o seu irmão, mas que em momento algum acreditou que seus familiares fossem capazes de usar seu nome para transações imobiliárias ou coisas ilícitas”.

“Que o declarante nunca pensou que seu irmão pudesse fazer uma maldade dessa com ele; que inclusive para demonstrar sua real situação financeira coloca a disposição tanto o seu comércio quanto sua casa (ambos no mesmo imóvel) para realização de fotos afim de demonstrar a veracidade do quantum alegado”, afirma trecho do depoimento.

Questionado sobre o motivo de não ter declarado os apartamentos ao imposto de renda, Ayr assegurou que, como não conhecia nenhuma das transações imobiliárias, nunca as declarou à receita, “até porque sua renda o coloca na posição de isento”.

O sapateiro ainda depôs que passa por problemas financeiros, pois toda sua renda é do trabalho no conserto de sapatos e que, por isso, tem dificuldades para adquirir alimentos para sua família e para si.

Entenda a operação

A Operação Ararath, que está na 5ª fase, foi deflagrada em 2013, visando desarticular um suposto esquema de lavagem de dinheiro, corrupção e crimes contra o sistema financeiro em Mato Grosso.

A PF estima que os integrantes do esquema movimentaram, desde 2006, mais de R$ 500 milhões.

Segundo as investigações, o grupo investigado utilizava-se de empresas de factoring (fomento mercantil) como fachada para concessão de empréstimos a juros a diversas pessoas físicas e jurídicas no Estado.

Entre os articuladores principais do grupo estavam o ex-secretário de Estado Éder Moraes - preso no Complexo da Papuda, em Brasília- e o empresário Júnior Mendonça, que recebeu o benefício da delação premiada e “dedurou” diversas figuras do meio político que estariam envolvidas no caso.


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