LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
Investigação realizada in loco pela Polícia Federal e anexada ao inquérito da Operação Ararath revelou que o sapateiro Ayr Marcilino Mendonça - tio do delator e pivô do esquema Júnior Mendonça- vive em situação precária e mal consegue sustentar a si, sua mulher e sua filha.
Ayr Marcilino teve seu nome envolvido no suposto esquema de lavagem de dinheiro, corrupção e crimes contra o sistema financeiro investigado na Ararath após a descoberta de movimentações imobiliárias, realizadas em seu nome, de três apartamentos de luxo em Cuiabá e Várzea Grande.
A suspeita da Polícia é de que ele teve seu nome usado como “laranja”, conscientemente ou não, para efetuar transações ilegais no intuito de alimentar o esquema financeiro.
Em depoimento à PF em novembro do ano passado, após a deflagração da 1ª fase da operação, Ayr negou que tenha feito transações de imóveis e relatou que o único bem que possui em seu nome é sua residência, localizada no município de Frutal, em Minas Gerais, e uma “bicicleta velha” que usa para o trabalho, heranças de seu sogro e de seu irmão, respectivamente.
O agente federal que fez a verificação da informação corroborou o depoimento e ressaltou que Ayr Marcilino e sua família passam por dificuldades.
“Em cumprimento ao determinado por essa chefia, compareci à residência do Sr. Ayr Marcilino Mendonça, localizada na Rua Duque de Caxias, nº232, Centro, Frutal/MG, onde foi constatado que tal pessoa vive com sua esposa e filha em situação precária, sendo sua casa muito simples, aparentando sinais de pobreza, com poucos e velhos imóveis, conforme fotografias anexas, tendo o mesmo informado que sobrevive do seu trabalho como sapateiro, com renda mensal inferior a um salário mínimo. O Sr. Ayr não possui automóvel, tendo apenas uma bicicleta como meio de transporte”, diz o relato do agente.
Vítima de “maldade”
No depoimento, o sapateiro relatou que, em 2001, seu irmão Gércio Marcelino Mendonça (pai de Júnior Mendonça) foi à sua casa e lhe pediu seus documentos emprestados, sem explicar o motivo.
Ayr Mendonça disse que entregou os documentos, assim como o CPF de sua esposa, porque ficou “sem graça de negar” e que também assinou um papel “para ajudar o seu irmão, mas que em momento algum acreditou que seus familiares fossem capazes de usar seu nome para transações imobiliárias ou coisas ilícitas”.
“Que o declarante nunca pensou que seu irmão pudesse fazer uma maldade dessa com ele; que inclusive para demonstrar sua real situação financeira coloca a disposição tanto o seu comércio quanto sua casa (ambos no mesmo imóvel) para realização de fotos afim de demonstrar a veracidade do quantum alegado”, afirma trecho do depoimento.
Questionado sobre o motivo de não ter declarado os apartamentos ao imposto de renda, Ayr assegurou que, como não conhecia nenhuma das transações imobiliárias, nunca as declarou à receita, “até porque sua renda o coloca na posição de isento”.
O sapateiro ainda depôs que passa por problemas financeiros, pois toda sua renda é do trabalho no conserto de sapatos e que, por isso, tem dificuldades para adquirir alimentos para sua família e para si.
Entenda a operação
A Operação Ararath, que está na 5ª fase, foi deflagrada em 2013, visando desarticular um suposto esquema de lavagem de dinheiro, corrupção e crimes contra o sistema financeiro em Mato Grosso.
A PF estima que os integrantes do esquema movimentaram, desde 2006, mais de R$ 500 milhões.
Segundo as investigações, o grupo investigado utilizava-se de empresas de factoring (fomento mercantil) como fachada para concessão de empréstimos a juros a diversas pessoas físicas e jurídicas no Estado.
Entre os articuladores principais do grupo estavam o ex-secretário de Estado Éder Moraes - preso no Complexo da Papuda, em Brasília- e o empresário Júnior Mendonça, que recebeu o benefício da delação premiada e “dedurou” diversas figuras do meio político que estariam envolvidas no caso.
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