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Artigos Sexta-feira, 15 de Setembro de 2023, 13:10 - A | A

15 de Setembro de 2023, 13h:10 - A | A

Artigos / PABLO MIGUEL GARBELINE

Rentabilidade e Risco

No segundo artigo da nossa saga, explico sobre como tomar decisões de retornos de valores que foi investido na empresa e até onde os riscos devem ser tomados para isso.

PABLO MIGUEL GARBELINE



Uma empresa deve manter sua liquidez em todos os cenários econômicos. Liquidez é capacidade de honrar seus compromissos. Para tomar as melhores decisões, um gestor precisa estudar os níveis de liquidez para tomadas de decisões, avaliando as possibilidades de investimento.


Índices de Liquidez
Para se ter ideia da liquidez da empresa, primeiro deve-se ter organizado o balanço patrimonial. Os valores usados para calcular a liquidez são retirados do balanço. Um balanço bem estruturado e correto proporcionará a geração de índices de qualidade, para uma melhor tomada de decisão.
No encontro passado, introduzimos os indicadores de liquidez. Hoje, falaremos mais sobre cada um.


Índice de Liquidez Corrente (LC)
É calculado pela razão entre ativo circulante e passivo circulante. O ativo circulante é formado pelas contas: caixa, bancos, valores a receber, estoque etc. São classificados como circulantes aquilo que pode ser convertido em dinheiro em até um ano, que possuem maior liquidez. Já no passivo circulante, incluímos todas as obrigações que a empresa precisa pagar em até um ano. A equação para esse cálculo é indicada por:


Liquidez Corrente= Ativo Circulante/Passivo Circulante


Como interpretação, entende-se que quanto maior for o índice, maior é a liquidez da empresa. O ponto de corte da análise é o quociente 1. Se a LC for maior que 1, entende-se que a empresa tem a capacidade de pagar as obrigações de curto prazo.


Suponha que no ano 1, sua empresa esteja com um índice de LC igual a 1,29. No ano 2 esse índice cai para 1,06. O que isso indica? Podemos ter uma evolução de dívidas maior que a evolução de caixa. Será que no ano 3 o LC será menor que 1? Você tem esse controle da sua empresa? Tem o histórico de índices? O que você está planejando para aumentar o índice? Quais as metas para aumentar o índice?


Índice de Liquidez Seca (LS)
Esse índice também mede a capacidade da empresa honrar seus compromissos no curto prazo, mas exclui uma conta de menor liquidez: o estoque. Mas você pode me questionar que valores a receber podem demorar a virar caixa. Certo, está correto. Mas podemos antecipá-los em bancos ou financeiras. Então, com a exclusão da conta estoque, a equação se torna:


Liquidez Seca= (Ativo Circulante−Estoque) / Passivo Circulante


Interpretamos o índice como sendo um melhor indicador de liquidez da empresa, haja vista o estoque não ter sido transformado em caixa. Podemos através dele medir o quanto o estoque representa na liquidez da empresa e se podemos diminuí-lo, sem perder a operacionalidade, para aumentarmos a liquidez seca da empresa.


Índice de Liquidez Imediata (LI)
Esse índice é considerado mais conservador, pois inclui apenas as disponibilidades da empresa, ou seja, o que é caixa, saldo bancário ou aplicação financeira com liquidez diária. Sua equação é dada por:


Liquidez Imediata= Disponibilidades/Passivo Circulante


Interpretamos esse índice como sendo a porcentagem de caixa e equivalente de caixa que cobrem as despesas da empresa.


Parâmetros de rentabilidade e risco


Liquidez, como vimos, garante o pagamento de obrigações. Rentabilidade garante a capacidade de remuneração do investimento realizado. Tanto liquidez quanto rentabilidade representam a sustentabilidade de uma empresa e sua continuidade e sobrevivência. Entretanto, alguns momentos de vida da empresa implicam em escolher entre um ou outro. É algo natural na prática, pois todas as empresas estão inseridas em ecossistemas com mudanças econômicas e sociais.


Os índices de rentabilidade demonstram o desempenho global de uma empresa. Ao analisar esses índices, podemos verificar quais os riscos que a empresa pode correr. A seguir veremos os principais índices de rentabilidade.


Margem Bruta


Quanto maior essa margem, maior é o valor para fazer frente a despesas administrativas, gerias, de vendas e financeiras. Para encontrá-la, dividimos o lucro bruto pelo total de receita de vendas. Então suponhamos que as vendas de mercadoria tenham dado uma receita de 25 mil reais, mas a venda ocasionou custos de 10 mil reais e tributos de mais 10 mil reais. Então subtraindo os custos e tributos da receita de vendas, temos um lucro bruto de 5 mil reais. Portanto a margem bruta é 20%. Para aumentar a margem poderíamos aumentar o preço de venda ou buscar por matéria prima mais barata. O aumento de preço poderá fazer com que a empresa perca competitividade no mercado, logo a solução mais plausível, porém não a única, seria a busca de fornecedores com condições melhores.


Margem Operacional
É uma abordagem mais detalhada, em que além de inserir os tributos e custos, inclui as despesas administrativas e de pessoal. Seguindo o exemplo anterior, dos 5 mil reais de lucro bruto, 2,5 mil reais foram usados para despesas administrativas e de pessoal. Portanto, a margem operacional da empresa é dada pela razão entre receita de vendas e lucro operacional líquido. Dividindo 2,5 mil reais por 25 mil reais, temos que a margem operacional é 10%.


Nesse instante eu gostaria de esclarecer algo muito importante. Faturamento não é o mesmo que lucro. Faturamento é o montante total de caixa que entra ao vendermos produtos ou serviços. Lucro é o montante de caixa que sobra ao deduzirmos do faturamento todas as despesas e custos que incorrem na empresa. Para maximizarmos o lucro da empresa, é preciso ter o conhecimento dos índices e ter um planejamento financeiro que forneça caminhos e estratégias a serem seguidas.


Margem Líquida
Este indicador acrescenta mais uma despesa: despesa financeira. Essa despesa advém de juros de empréstimos e financiamentos. Caso a empresa não tenha empréstimo ou financiamento contratado, sua margem líquida será igual a margem operacional. Mas seguindo o exemplo, os custos e tributos somados equivalem a 22,5 mil reais. Se a empresa contraiu empréstimo e de juros pagou 500 reais, ela tem um lucro de 2 mil reais. Dividindo 2 mil reais por 25 mil reais, chegamos à margem líquida de 8%.
Aqui faço um adendo. Para empresas no regime tributário do Lucro Real, deverá ser acrescentado nas despesas, antes de calcularmos a margem líquida, a provisão para IRPJ e CSLL.


Rentabilidade do Capital Próprio (ROE)
Todo dono de empresa espera retornos sobre o valor que investiu na empresa. Suponha que você tenha colocado em sua empresa um total de 250 mil reais. Chamamos isso de Capital Social da empresa. No ano 1 sua empresa resultou 50 mil em lucro líquido. Quando dividimos o lucro líquido pelo capital próprio investido, temos o ROE. O ROE da empresa fictícia seria 20%. No ano 2 não houve aporte de capital na empresa, e o lucro líquido subiu para 75 mil. O ROE do ano 2 é agora 30%. Esse é um indicador que deve ser mesurado todo ano. Anualmente é obrigatório, mas aconselho medir trimestral e/ou semestralmente.


Mas Pablo, nunca calculei nenhum índice da empresa desde quando entrou em atividade. Não tem problema, e aposto que você já calcula seus próprios índices. O importante é começar. Ter planilhas de custos e despesas, gerenciar sua empresa através de indicadores que lhe mostrarão uma visão macro sobre rentabilidade e liquidez.


Já presenciei casos em que o empresário achava que o fato de estar tendo prejuízo era os juros abusivo dos empréstimos. Ao analisarmos a empresa, constatou-se que mesmo que a empresa não tivesse empréstimo, o lucro seria negativo, pois o problema estava nas despesas e custos operacionais.


Quando estudamos a empresa, conseguimos ver um leque de oportunidade. Conseguimos questionar cada custo e cada despesa. Relacionamos e comparamos. Questionamos se aquele valor pode diminuir, se pode aumentar. A “correria” do dia a dia impossibilita essa análise mais detalhada.


Decisões de investimentos, rentabilidade e risco
Qual o objetivo do administrador financeiro? Seu objetivo é encontrar estratégias que maximizem a rentabilidade sem aumentar o risco ou que minimizem o risco sem diminuir a rentabilidade. Segundo Gitman (2010), existem alguns riscos que devem ser analisados em especial:
Risco operacional: possibilidade não honrar custos de operação. Medimos seu nível através da estabilidade das receitas e custos da empresa.
Risco financeiro: possibilidade de não saldar suas dívidas financeiras. Medimos seu nível através das possibilidades dos fluxos de caixa operacionais e das suas obrigações financeiras.


Risco de taxa de juros: impacto causado pela volatilidade da taxa de juros. O aumento da taxa de juros afeta negativamente o valor do investimento, enquanto a diminuição valoriza o investimento.
Risco de liquidez: possibilidade dos ativos não se transformarem em caixa em tempo hábil e em valor aceitável. A liquidez é afetada pelo porte e pela profundidade do mercado no qual o ativo é costumeiramente negociado.
Risco de mercado: possibilidade de um ativo ter seu valor depreciado por fatores econômicos, políticos ou sociais. Quanto mais o valor do ativo reage ao comportamento do mercado, maior é o seu risco.
Existem algumas técnicas de análise de investimento, sendo as mais famosas: Payback, taxa mínima de atratividade (TMA), valor presente líquido (VPL) e taxa interna de retorno (TIR). Nosso intuito é apenas mostrar para o leitor as possibilidades que existem para analisar seus investimentos e enxergarem a viabilidade econômico-financeira.

 

Pablo Miguel Garbeline, proprietário da empresa MPE VALUATION, é formado em Engenharia elétrica pela UFMT e pós graduado em finanças pela USP.  

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