ANGELA JORDÃO
DA REDAÇÃO
As lideranças do agronegócio mato-grossense estão otimistas com a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. O presidente americano prometeu em campanha e anunciou em seu segundo dia do novo mandato, (21 de janeiro), que irá impor tarifas as importações da União Europeia, Canadá e ao México e que, já a partir de fevereiro, será determinada uma tarifa de 10% sobre os produtos importados da China.
A avaliação é que uma tarifa maior sobre os produtos chineses por parte dos EUA, fará com que a China também promova a taxação de produtos agrícolas americanos. A guerra comercial entre os dois países teria impacto positivo para o agro brasileiro, levando a um aumento das vendas de soja do Brasil para o país asiático, como aconteceu no primeiro mandato de Trump, e também de carne bovina e milho.
O presidente da Associação dos Produtores de Mato Grosso (Acrimat) Oswaldo Ribeiro Jr é um dos otimistas. Ele acredita que o segundo governo Trump não deverá prejudicar o agronegócio brasileiro. "Pelo contrário, temos uma expectativa positiva, porque o principal alvo de Trump é a China. Com o aperto das exigências americanas sobre a China, com taxação nas importações americanas e possíveis respostas chinesas, poderemos herdar parte desse mercado americano, principalmente no setor de grãos e carnes".
Oswaldo Ribeiro Jr aponta que a China precisa e vai continuar comprando produtos agrícolas, para abastecer sua crescente população consumidora. O país tem a segunda maior população do mundo, com 1,4 bilhões de habitantes. "A perspectiva é positiva. O mesmo problema tarifário pode acontecer entre os Estados Unidos e o Canadá e o México e alguns países europeus. O Brasil é o fornecedor substituto de produtos agrícolas. Temos quantidade, qualidade e preços competitivos".
O presidente da Acrimat, confia que os Estados Unidos irão reduzir as compras de produtos brasileiros, "principalmente de carne bovina, uma vez que enfrentam ainda dificuldades no abastecimento interno desse produto. Com um mercado interno consumidor forte e economia aquecida temos expectativas positivas para o agronegócio brasileiro".
Um pouco mais cauteloso, mas ainda assim confiante, Luiz Pedro Bier, vice presidente da Aprosoja MT diz que o setor espera que “venham boas oportunidades para os produtos brasileiros, mas precisamos esperar para poder enxergar esse cenário melhor”.
“O novo governo nos EUA está só iniciando. De forma geral, a avaliação da Aprosoja MT é que os possíveis impactos do governo Trump nas exportações de commodities de Mato Grosso dependem de como serão conduzidas as negociações entre EUA e China, especialmente”, completa ele.
Exportações MT
A China já é o maior parceiro comercial de Mato Grosso, que exporta para o país soja, carne, milho, algodão e até minério de chumbo. De janeiro a novembro de 2024, o estado exportou para os chineses U$ 8,77 bilhões, sendo que o produto de maior exportação é a soja com U$ 6,33 bilhões. Depois a carne bovina congelada com U$ 1,1 bilhões, seguida do algodão com U$ 890 milhões, milho com U$ 250 milhões, e minério de chumbo e seus derivados com U$ 28 milhões.
No mesmo período, o Brasil exportou para a China o total de U$ 89,41 bilhões. Mato Grosso é o quarto na posição nacional de exportadores aos chineses, ficando atrás do Rio de Janeiro (1º) com petróleo e Minas Gerais e Pará, (2º e 3º lugares respectivamente) com a exportação de minérios.
Já para os Estados Unidos, de janeiro a novembro de 2024, Mato Grosso exportou US$ 388,97 milhões, sendo os principais produtos: ouro, carnes de animais da espécie bovina congelada (US$ 128,17 milhões), gordura de animais, soja, gelatinas e madeira. O destaque é o ouro (US$ 145 milhões) e a carnes bovina (US$ 128,17 milhões).
O Brasil exportou no mesmo período US$ 36,57 bilhões aos Estados Unidos, Mato Grosso é o 14º na posição nacional de exportador aos americanos, com 1,06% da participação nacional.
Em 11 meses de 2024, Mato Grosso comprou US$ 104,8 milhões em produtos americanos, como veículos aéreos (helicópteros, aviões, satélites, dentre outros), adubos e fertilizantes minerais ou químicos, máquinas e aparelhos para a colheita.
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