MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
O empresário e fazendeiro Argino Bedin, chamado de "pai da soja", utilizou seu direito constitucional de ficar silêncio na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. O depoimento foi realizado nesta terça-feira (3) no Congresso Nacional.
O Supremo Tribunal Federal (STF) bloqueou as contas do "Pai da soja" e também de Rafael Bedin, Roberta Bedin e Sergio Bedin, todos da mesma família.
A CPMI do 8 de Janeiro recebeu relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Segundo os parlamentares que questionaram Bedin, o órgão apontou a movimentação financeira de Roberta Bedin em R$ 19,6 milhões, do pai, Argino Bedin, em R$ 1,9 milhão, durante o período investigado. Os valores seriam "não proporcionais à capacidade do cliente ou cuja origem não seja conhecida".
"Investimentos significativos não proporcionais à capacidade financeira do cliente, ou cuja origem não seja claramente conhecida e incompatibilidade da atividade econômica, do objeto social ou do faturamento informados com o padrão operacional apresentado por clientes com o mesmo perfil", afirmou o Coaf.
Entretanto, tanto as contas correntes de Argino e Roberta, não tiveram movimentações suspeitas apontadas pelo Coaf, no período analisado. Os pedidos de análise foram todos feitos pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA).
Silêncio na CPI
A defesa do fazendeiro obteve um habeas corpus do ministro Dias Toffoli, no Supremo Tribunal Federal (STF), para garantir o direito ao silêncio durante a oitiva. O empresário respondeu apenas perguntas simples, como sobre se conhecia os familiares que são investigados junto dele pelos supostos atos antidemocráticos.
Bedin foi prestar depoimento na condição de testemunha. O nome dele, porém, é apontado como um dos supostos financiadores de atos antidemocráticos após as eleições de 2022, quando Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa à Presidência da República.
Leia mais:
Toffoli autoriza "pai da soja" a ficar em silêncio e proíbe prisão na CPI do 8 de janeiro
Cinco empresários de MT podem ser convocados para a CPI do 8 de janeiro
CPI do 8 de janeiro recebe dados bancários de empresários e empresas de Mato Grosso
A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), citou relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que apontou os nomes de possíveis financiadores dos atos que levaram ao 8 de janeiro, quando bolsonaristas destruíram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
Bedin estaria entre os financiadores de bloqueios em rodovias de Mato Grosso e o envio de caminhões a Brasília, onde apoiadores de Bolsonaro acampavam em frente ao Quartel-General do Exército Brasileiro.
Transferência não declarada ao PL
Os membros da CPMI também destacaram que de 272 caminhões que foram em direção a Brasília depois da eleição de Lula, 72 eram de Sorriso, cidade onde Argino Bedin tem sua principal propriedade. Desses 72, 16 eram ligados a Argino Bedin e seus familiares.
Questionado, porém, o empresário optou, ao lado de seu advogado, permanecer em silêncio.
Além disso, relatório de inteligência financeira (RIF) obtido pela CPMI, constatou, de acordo com a senadora Eliziane Gama, que o grupo Bedin recebeu R$ 4 milhões do grupo GMP Participações, ligado a empresário e fazendeiro de Sinop (MT) e associado ao PL, “que também recebeu transferências financeiras do senhor Bedin”.
"No RIF de Bedin, há uma transferência de R$ 86 mil ao PL, mas não há esse registro no Tribunal Superior Eleitoral, claramente uma transferência não declarada à Justiça Eleitoral", afirmou a senadora.
Segundo Eliziane, o empresário é uma das pessoas mais ricas do Brasil, proprietário de 13 fazendas, com patrimônio multimilionário.
"Aos 73 anos, [Bedin] é integrante de todos esses movimentos. Uma caminhada e toda uma construção empresarial e financeira e, ao se envolver com atos antidemocráticos, ele, como tantos outros, finalizam esse momento sendo investigado", completou.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.
Alberto 03/10/2023
Midiajur é totalmente uma mídia tendenciosa. Assim como tantas outras que Manipula a sociedade.
1 comentários