MICHELLE BARROS
“O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”. Essa frase é do ano de 1949 e foi escrita por Simone de Beauvoir, em seu livro “O Segundo Sexo”. Um ato de coragem ser feminista naquela época, mas um ato de sobrevivência ser feminista hoje.
Quando você vê uma mulher andando na rua com uma saia curta, a sua atitude como pessoa do mesmo gênero que ela é achar normal, pois ela pode se vestir como bem quiser ou a sua atitude é pensar: “depois reclama que é estuprada”. Se a sua resposta foi a segunda opção, vamos tentar refletir um pouco por meio desse texto.
A moça que ali se encontra não é sua inimiga pelo simples fato de não se vestir do modo que você julga correto
Não sei se lhe foi dito alguma vez, mas animais são estuprados, bebês são estuprados, homossexuais são estuprados. A culpa é da saia curta? A culpa é do decote? A culpa é da bebida? Pois é, está na hora de apontarmos o dedo para os verdadeiros culpados.
Aqueles que em sã consciência entendem o mal que estão causando e quão criminosa é a sua conduta. Sim, eles sabem e o pior é que eles também sabem que há muitas mulheres ainda que os defendem e acusam as vítimas pelo tenebroso crime que acabaram de passar nas mãos de bandidos.
Se quiser começar a acertar na sua forma de pensar, inicie entendendo que a culpa nunca, jamais, em hipótese alguma é da vítima. Não foi a vítima que pediu para apanhar, não foi a vítima que pediu para ser assediada, não foi a vítima que pediu para ser estuprada, não foi a vítima que pediu para ser morta.
Mulheres, se unam. Estamos todas do mesmo lado. Somos vistas ainda como objetos a ponto de algum homem querer fazer com o nosso corpo o que ele bem entender e isso não é direito dele.
Quando alguma de vocês presenciarem uma ou várias mulheres sendo assediadas, não fiquem caladas, ajam em prol de todas nós, de tantas que são mães, avós, filhas, netas, sobrinhas, mas principalmente todas irmãs, porque esse é o conceito de sororidade: irmandade. Que criemos essa compaixão umas às outras, a fim de que não sejamos mais cúmplices de barbáries que acontecem cotidianamente no mundo em que vivemos.
A moça que ali se encontra não é sua inimiga pelo simples fato de não se vestir do modo que você julga correto. Nós somos livres em nossas opiniões e gostos, mas devemos permanecer juntas como pessoas que ainda precisam ser elevadas a um patamar de igualdade, afinal semanalmente morre uma de nós e o pior é que é pelo motivo de sermos do gênero feminino.
Não vamos apoiar pessoas que afirmam que quando nasce uma mulher, mesmo ela sendo sua própria filha, é dizer que houve uma “fraquejada”.
Percebe quão absurdo é você como mulher ser a favor de discursos contra si mesma? Não, amigas. Não sejamos cúmplices dos opressores que nos nivelam por baixo por conta do nosso gênero. Somos muito mais que isso.
O fraco é o preconceituoso, nós, meu caro, somos a verdadeira fortaleza em forma de ser humano.
MICHELLE LEITE DE BARROS é advogada.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.